A consultora imobiliária WORX Real Estate Consultants apresentou o estudo “REvolution – An ESG roadmap for Real Estate” com o objetivo de perceber como os temas de Environmental, Social and Governance (da sigla em inglês ESG) não só impactam as tomadas de decisão das empresas e até que ponto já estão presentes no dia-a-dia.
Entre as conclusões do estudo, está o facto de, em termos gerais, as empresas portuguesas ainda não estarem preparadas para a implementação do European Green Deal (Pacto Ecológico Europeu), sendo que muitas revelam falta de conhecimento sobre o mesmo.
Este estudo resulta de uma parceria entre a PwC Portugal, a WORX Real Estate Consultants, a CCR Legal – Sociedade de Advogados e a Átomo Capital Partners. Os autores do “REvolution – An ESG roadmap for Real Estate” destacam que, face à urgência que existe para a adoção de medidas que permitam atingir as metas definidas não só no âmbito do Acordo de Paris, definido pela ONU, como pelo European Green Deal, é do interesse de todos que também o setor imobiliário se debruce sobre estes temas.
Durante a apresentação do documento, foi referido que “a taxa de descarbonização da economia em Portugal é apenas de 11,3%, o que não é suficiente para atingir as metas definidas no Acordo de Paris”. Face a este cenário, é “imperativo acelerar a transição energética, desempenhando as empresas um grande papel neste caminho”. Numa altura em que o setor do imobiliário e construção é responsável por 37% das emissões de carbono provenientes do uso de energia a nível global, os autores realçam que “este estudo e este debate tornam-se ainda mais relevantes, por permitirem perceber o que já está a ser feito pelas empresas portuguesas neste âmbito”.
O estudo salienta que, uma das tendências que tem vindo a ganhar destaque no mercado de escritórios, é o tema da sustentabilidade e que está refletida nos resultados do inquérito. “Os proprietários de edifícios de escritórios estão a apostar na obtenção das principais certificações de sustentabilidade”, garantem os autores do documento. E salientam que “considerando o atraso que existe no mercado português face ao contexto europeu, é muito relevante que as certificações sejam agora vistas como uma ação imperativa e não apenas uma moda nos edifícios de escritórios”. O estudo revela que os proprietários apostam, sobretudo, na certificação LEED para a sua estratégia de sustentabilidade (45%), sendo também a mais reconhecida pelos arrendatários de espaços de escritórios (72%). Seguem-se as certificações BREEAM e WELL, que também são consideradas relevantes (36%). Já os poucos proprietários que ainda não consideram apostar nestas certificações (32%), garantem que querem tornar os seus ativos mais eficientes (100%).
Já no que se refere às iniciativas sociais e de governance, há uma clara aposta no bem-estar dos colaboradores e na gestão dos espaços comuns e verdes, que se refletem também na avaliação da satisfação dos ocupantes quanto aos edifícios de escritórios.
Durante a mesa-redonda que decorreu no seguimento da apresentação do estudo, um dos temas debatidos foi a importância dos espaços de trabalho e das políticas de ESG das empresas, enquanto ferramenta de captação e retenção de talentos. É ponto assente que os imóveis que têm em consideração aspetos ESG são mais valorizados e, atualmente, as condições de financiamento também começam a reconhecer estas boas práticas. Numa altura, em que o teletrabalho está, cada vez mais instituído, a conclusão unânime é que os edifícios têm um papel cada vez maior na capacidade das empresas em atraírem os seus recursos para os espaços de trabalho. Tanto os proprietários como os arrendatários estão cientes desta questão, e procuram adaptar os seus espaços a estas tendências.