Um conjunto de 62 empresas europeias assinaram uma declaração que apela à Comissão Europeia a redação de uma legislação ambiciosa para travar a desflorestação e a conversão dos ecossistemas.
Entre as firmas que fazem parte da lista de signatários encontram-se Aldi, Carrefour, Danone, Ferrero, Iswari, L’Oréal, Lidl ou The Body Shop. O documento pode ser acedido aqui.
No seu conjunto, as várias empresas defendem que é urgente uma legislação comunitária que combata a desflorestação e estabeleça condições equitativas para a introdução de produtos e bens mais sustentáveis no mercado da União Europeia.
Citando o relatório “Em crescimento? O impacto continuado do consumo da EU na natureza a nível global” da ANP|WWF (Associação Natureza Portugal | World Wildlife Fund), a Iswari, empresa do ramo dos superalimentos que está presente em mais de 15 países e que conta com uma fábrica em Portugal, sublinha que a União Europeia “é um dos maiores importadores de desflorestação tropical e emissões associadas, estando Portugal em 6º lugar entre os Estados-Membros com maior consumo per capita associado à deflorestação dos trópicos”.
Segundo a ANP | WWF, entre 2005 e 2017, a UE foi responsável por 16% da desflorestação associada ao comércio internacional, com um total de 203,000 hectares e 116 milhões de toneladas de CO2 emitido.
Fica assim atrás da China (24%), mas à frente da Índia (9%), Estados Unidos da América (7%) e Japão (5%). Durante o período analisado, os principais produtos importados com mais desflorestação associada foram a soja, o óleo de palma e a carne de bovino, seguindo-se os produtos de base florestal, o cacau e o café.
Os principais produtos importados pela UE com mais desflorestação associada foram a soja, o óleo de palma e a carne de bovino.
“Mais de 43 milhões de hectares (uma área aproximadamente do tamanho de Marrocos) foram perdidos em ‘frentes de desflorestação’ nos trópicos e subtrópicos entre 2004 e 2017, onde vastos aglomerados de hotspots de desflorestação estão a destruir importantes serviços do ecossistema fornecidos pelas florestas. Os dados mais recentes relacionam 10% da desflorestação global à procura da UE por produtos como carne bovina, soja para ração animal, couro, café, cacau, borracha e óleo de palma”, refere a Iswari, para a qual “é necessária uma ação urgente a todos os níveis para deter essa destruição – desde legisladores a empresas e consumidores”.
A proposta legislativa da Comissão Europeia sobre este tema será analisada por Parlamento Europeu e ao Conselho Europeu, que devem chegar a acordo sobre o texto final antes de se tornar lei da UE.
“É fundamental garantir que a proposta da Comissão (e a nova lei daí resultante) seja eficaz na abordagem à destruição das florestas e de outros ecossistemas, bem como das violações dos direitos humanos que a acompanham, sendo ao mesmo tempo implementável e exequível”, conclui a Iswari.