No seu briefing de aproximadamente trinta minutos, sobre as prioridades das Nações Unidas para 2023, o Secretário-Geral das Nações Unidas, e antigo Primeiro-Ministro de Portugal, António Guterres, pediu “a ação de todos com influência social na disseminação de desinformação na internet – governos, entidades reguladoras, policy makers, empresas de tecnologia, media e a sociedade civil”.
António Guterres continuou, solicitando que se “pare com o ódio” nos vários meios de comunicação existentes, invocando a responsabilidade de cada um de nós em ter cautela no utilizar e ‘espalhar’ de uma linguagem que “causa danos materiais” a nível global. Declarou ainda que as Nações Unidas estão a trabalhar arduamente na feitura de um Código de Conduta que visa preservar a integridade da informação em todas a plataformas digitais.
Ficou claro que o Secretário-Geral da ONU se referia também ao papel crucial de múltiplos organismos internacionais em potencialmente clarificar questões de alçada global, “incluindo a crise climática”.
Dada a prevalência de fake news nas redes sociais – incluindo gigantes como o Facebook, Google e o Twitter – torna-se cada vez mais evidente que há uma enorme lacuna entre aquilo que é a perceção pública e aquilo que são factos. Tal é evidente, no que diz respeito a questões fundamentais que põem em causa a realidade, ela mesma, da existência de alterações climáticas que a todos nos afetam de maneira crescente.
Guterres aproveitou também para realçar o compromisso da ONU em proteger Direitos Culturais e, bem assim, garantir respeito pela diversidade. O Secretário-Geral denunciou que vários indivíduos e organizações “em posições de poder” estão a lucrar com a ideia de que “a diversidade constitui uma ameaça”.
Sem identificar a quem se referia, Guterres continuou acusando as redes sociais de autorizar algoritmos que “amplificam ideias tóxicas” e “visões extremistas”, transmutando-as, sem qualquer fundamento, em estranhas noções mainstream.
O CEO da rede social Twitter, Elon Musk, reagiu, não ficando indiferente aos comentários de António Guterres. Fê-lo utilizando a sua conta pessoal na plataforma com tweets em que acusou as Nações Unidas de serem “mais provavelmente capazes de causar desinformação, do que impedi-la”.
António Guterres não faz questão de se reunir com Elon Musk, afirmou a porta-voz da ONU
Após o comentário de Musk, que rapidamente se tornou viral, a porta-voz de Guterres declarou, esta terça-feira, que o Secretário-Geral da ONU não tem particular interesse em se reunir com Elon Musk para um qualquer debate sobre o tema. Stéphane Dujarric, a porta-voz do responsável da ONU, limitou-se a sublinhar o que já tinha sido dito Guterres no briefing à Assembleia Geral das Nações Unidas.
Elon Musk, que comprou em abril de 2022, a rede social norte-americana Twitter, tornou-se CEO da mesma em outubro passado. Desde a sua tomada de posse na empresa, vários representantes das Nações Unidas manifestaram publicamente preocupações quanto ao rumo ‘transacional’ traçado por Musk, e à forte e inerente influência que as suas decisões enquanto CEO estão a ter num enfraquecimento do combate às fake news.
Twitter ‘falha’ primeiro teste de desinformação Europeu
De acordo com informação obtida, através da Comissão Europeia, o Twitter falhou no fornecer de um Relatório completo à UE, esclarecendo como esta empresa tem lidado, nos últimos seis meses, com uma desinformação online em crescimento espiral.
No comunicado elaborado pela Comissão, foi assegurado que o Relatório requerido se revelou incompleto, carecendo de dados essenciais, e que, ademais, “não dava nenhuma informação sobre os planos da empresa em interagir com fact-checkers”, de uma qualquer forma consequente.
Das dezenas de empresas que foram solicitadas em colaborar para o relatório final – incluindo o Google, Meta, Microsoft, TikTok, Twitch, entre outros – a plataforma Twitter foi a única a não fornecer à UE um relatório completo.
A fortuna de Elon Musk está avaliada em $191.4 biliões
De acordo com a Forbes, a networth de Elon Musk ronda cerca de €185 biliões. O CEO do Twitter é a segunda pessoa mais rica do planeta, ficando agora atrás de Bernard Arnault, o bilionário francês. Isto depois do CEO do Twitter, ter recentemente perdido uma enorme parte da sua fortuna.