Com a parceria que está no terreno, a Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) e o Afreximbank assumiram a missão de dar visibilidade à indústria têxtil e criativa de África?
Sim, este é um projeto que iniciámos com o Afreximbank e em relação ao qual começámos a falar há 18 meses. O Afreximbank tem um fundo para a indústria criativa de 500 milhões de dólares. Pôs-se então a possibilidade de trazer criadores e artistas para o Portugal Fashion de modo a terem projeção internacional e terem um evento regular em que possam participar e crescer.
A experiência da ANJE vai ser fulcral…
A ANJE através do Portugal Fashion já tem muitos anos do evento e de experiência em lançar e estabelecer designers e criadores portugueses. Por isso, há aqui uma parceria que pode ser mutuamente benéfica. É uma parceria que é focada não só na indústria criativa, mas também muito centrado na parte da manufatura e da indústria têxtil. O objetivo é a troca de experiências e a possibilidade de os artistas africanos poderem fazer a sua manufatura em Portugal e também as empresas portuguesas poderem investir na indústria têxtil em África.
Já há manifestações de interesse das empresas para desenvolver a parceria?
A edição deste ano do Portugal Fashion é o primeiro evento. Há interesse de ambos os lados. Temos agora um desafio grande pela frente que é conseguir juntar as pontas soltas e concretizar muitas das oportunidades que estão em cima da mesa. É preciso não esquecer que África é um mercado enorme, com mais de 1,2 mil milhões de pessoas, com uma população jovem em que a idade média é de 25 anos. São oportunidades únicas. Nos próximos três anos temos uma montra que esperamos que se possa consolidar por muitos mais anos. Nada melhor do que a indústria criativa e a moda para conseguirmos alavancar tanto em África, como na Europa, a nossa indústria têxtil.
Ter um parceiro como o Afreximbank abre muitas portas…
Houve uma oportunidade com o envolvimento da ANJE de cultivar o conhecimento destas multilaterais africanas, a sua disponibilidade para investir e para financiar tanto a dívida, tal como serem co-investidores de projetos em África, de qualquer indústria. Estamos agora a falar da indústria têxtil e criativa. No entanto, a parceria que foi feita pela ANJE é para apoiar todas as empresas portuguesas, e não só, na sua expansão em África e para conseguirem os fundos e investimentos necessários para crescerem no continente Africano. A ANJE está 100% disponível não só para esta indústria, mas para todas sendo que esse também é o objetivo do Afreximbank. Trata-se de um banco de exportação e importação, é uma multilateral, tem presença em todos os países africanos, tomam exposição em dívida, em capital, e pode ajudar fazendo advisory para as empresas portuguesas e, por isso, é um parceiro para toda a economia portuguesa e para todas as empresas que queiram investir em África.
As empresas portuguesas têm apostado, sobretudo, nos países lusófonos. Mas em África há outras oportunidades para se diversificar mercados?
Em quase todo o continente existem oportunidades. O que distingue os países lusófonos dos outros é a barreira linguística que não existe. Há mercados interessantes quer na parte do Norte de África, no West, East e Southern Africa, região da SADEC. Dizer qual o mais ou menos interessante seria injusto para os países porque todos eles têm oportunidades iguais, tão boas quanto as que temos, por exemplo, em Angola ou Moçambique. Há economias maiores que têm mais interesse dependendo da indústria em que as empresas atuam. Por exemplo, no têxtil para se decidir por onde começar, e se for um negócio de volume, temos de olhar por exemplo para a Nigéria que é um país com 200 milhões de habitantes e uma das economias mais fortes de África. Há vários mercados para as diferentes dimensões de empresas, há uns mais fáceis e outros mais difíceis. Mas, para isso, a ANJE está aqui para apoiar, em parceria com o Afreximbank, e ajudar nessa seleção e procura de mercados de acordo com as expetativas das empresas.
E qual o leque de setores onde se deve apostar?
Além dos tradicionais ligados às infraestruturas, telecomunicações, há também o turismo, têxtil, setor automóvel, em que, somos muito fortes e no qual o Afreximbank tem promovido muito os investimentos. Não faltam oportunidades. Há ainda o setor hospitalar, saúde e educação. Há muita procura de investimento em todos estes setores.
Recentemente a CPLP assumiu a implementação de um cunho económico na organização. Considera que os países vão conseguir ter essa força económica?
Sem dúvida. Quanto mais integração e coordenação houver na CPLP será benéfico para os países membros. Em Portugal temos muito a beneficiar com as oportunidades e com a dimensão dos mercados de língua portuguesa. E também temos muito que podemos ajudar, promover e também temos experiencias que podemos trazer desses países para Portugal. Nada melhor do que a proximidade cultural muito grande que existe, não existe barreira linguística. Temos formas de estar e culturais muito parecidas com muitos desses países. Se conseguirmos, desta parte cultural, trazer benefício económico para todos e todos saírem a ganhar é uma oportunidade única.