A Volvo Car iniciou 2022 com uma nova liderança em Portugal assegurada por Susanne Hägglund, que assume funções de Managing Director da companhia.
Na Volvo Cars desde 2018, e com mais de 20 anos de experiência em consultoria de gestão, vendas e business development, Susanne passou por diversas funções, assumindo agora o rumo da companhia no nosso país, num momento em que a indústria e a Volvo dão passos sólidos rumo à sustentabilidade e à eletrificação.
Em entrevista à FORBES, a nova responsável da marca sueca entre nós assume como objetivo em 2022, o crescimento das vendas em 9% em relação a 2021 e alcançar uma quota de 70% de vendas Recharge (chapéu que abrange modelos 100% elétricos e Plug-in do fabricante), das quais 20% correspondendo a veículos 100% elétricos.
Vem dirigir o mercado português com que objetivo?
Em primeiro lugar gostaria de referir que estou muito entusiasmada por estar em Portugal, onde espero dar continuidade ao trabalho que tem sido feito até aqui. Sou uma apaixonada por novas culturas e novos idiomas e confesso que estou rendida aos encantos de Portugal e até já consigo falar um pouco de português, graças às aulas que tenho tido.
A Volvo Cars rege-se por uma política de “pensar global, agir local” e isso fez com que a Volvo Car Portugal tenha feito um caminho notório, fruto da combinação perfeita entre uma equipa profissional e coesa e um alinhamento internacional cada vez mais audaz e desafiante. Tudo isto tem feito com que a Volvo Car Portugal esteja, hoje, muito bem posicionada e oleada para continuar a fazer a diferença.
De entre todos os feitos nacionais desta equipa, destacaria a capacidade de conduzir uma transformação que julgo necessária nestes tempos tão desafiantes de mudança da indústria, da sociedade e do consumidor. Como bem sabemos, a eletrificação requer transformações em todo o ecossistema Diria que um dos maiores desafios que temos pela frente será o de evoluir no sentido de dar às pessoas a possibilidade de ter um automóvel 100% elétrico sem constrangimentos e essa, sim, será a minha principal missão em Portugal. Acresço ainda um ponto, que me é muito pessoal: uma genuína preocupação com as pessoas.
“Um dos maiores desafios que temos pela frente será o de evoluir no sentido de dar às pessoas a possibilidade de ter um automóvel 100% elétrico sem constrangimentos e essa, sim, será a minha principal missão em Portugal”
Quais são os principais desafios que já identificou como aqueles que se colocam ao setor automóvel em Portugal no seu relançamento, após as dificuldades causadas pela pandemia?
Em termos gerais, para além das dificuldades trazidas pela pandemia, temos a crise dos semicondutores a afetar diretamente o mercado automóvel mundial e Portugal não é exceção. Portugal apresenta ainda um desafio particular uma vez que é um mercado onde os consumidores têm uma forte apetência pela eletrificação, e onde já existe uma crescente consciência ambiental no cliente final, mas que ainda não é suficientemente acompanhada pela infraestrutura de carregamento, incentivos, legislação, etc. Penso que, numa primeira análise, o reforço da infraestrutura será fundamental para esta renovação do parque automóvel português, uma vez que, as marcas automóveis, particularmente a Volvo que segue na liderança da eletrificação automóvel, estão já preparadas e bem posicionadas para apresentar novas propostas, cada vez com maior autonomia elétrica. Todo o ecossistema terá, agora, de acompanhar estas tendências e será um dos meus maiores objetivos procurar parcerias e sinergias que acelerem este processo.
“O reforço da infraestrutura de carregamento será fundamental para a renovação do parque automóvel português”
A crise dos semicondutores está a atrasar as entregas de veículos Volvo em Portugal? Quais os tempos médios de espera atuais que um cliente tem de enfrentar?
Os tempos de entrega da Volvo têm sido afetados pela crise dos semicondutores à imagem do que acontece com as outras marcas automóveis.
Nesta altura não se pode falar de um tempo de entrega médio uma vez que este varia de modelo para modelo. Posso, contudo, salientar que, de momento, para as motorizações 100% elétricas o prazo está bastante reduzido e em linha com a normalidade de uma marca premium.
Em 2021, a Volvo vendeu no mercado português 3978 veículos e teve uma quota de mercado de 2,71%. No ano 2020 tinha vendido 4074 exemplares e alcançado 2,80% de quota de mercado. Que números lhe pediram para tentar alcançar? Quais as metas que a Volvo Portugal pretende alcançar consigo na liderança?
Temos de dar continuidade ao bom trabalho que tem vindo a ser realizado. A Volvo tem apresentado um crescimento sustentado em Portugal que pretendemos solidificar. É importante salientar também que a procura e o nosso order book continua numa performance muito interessante, e até a subir em relação a outros anos. Desde 2015 que a quota de mercado é superior a 2% sendo que, nos últimos anos, temos mesmo conseguido ser a terceira marca premium mais vendida. Pretendemos continuar nessa senda e, simultaneamente, continuar a aumentar a importância dos modelos elétricos no nosso mix de vendas.
Em termos muito concretos pretendemos em 2022, crescer as nossas vendas 9% em relação a 2021, atingir uma quota de vendas Recharge de 70% na qual a percentagem de vendas de 100% elétricos seja já de 20%.
O facto de a Volvo estar a transitar para uma marca 100% elétrica não levará a curto prazo à queda das vendas da marca?
Não creio e os números e tendências não espelham tal cenário. A aceitação do mercado pelas vendas da nossa gama Recharge é já uma realidade, quase que diria: sem retorno! Em Portugal, já mais de metade das nossas vendas é de modelos eletrificados e não é por isso que temos diminuído as nossas vendas. Acreditamos muito na transformação, na inovação, e que todo o mercado se vai adaptando, ao seu ritmo, às novas tendências. E Portugal está muito bem posicionado para o fazer.
O modelo e versão mais vendida em Portugal pela Volvo é um Recharge PHEV. Qual é essa versão?
Definitivamente o nosso “produto estrela” em Portugal é o Volvo XC40. Este modelo é um fenómeno de vendas em Portugal sendo mesmo líder no segmento onde está inserido.
Quando é que a quota dos 100% elétricos da Volvo vai superar em Portugal a dos PHEV?
A quota de modelos 100% elétricos irá continuar a crescer nos próximos anos, à medida que vamos apresentando mais automóveis desta gama (um por ano como prometido) e que, o consumidor vá ganhando confiança em relação às potencialidades dos mesmos. Será uma subida natural e gradual. Mas uma vez mais refiro que é muito importante que todo o ecossistema que envolve esta transformação nos acompanhe. Do carregamento à legislação, muito ainda está por fazer, sendo que a Volvo Car Portugal está empenhada em trabalhar ao lado dos decisores neste caminho.
“Do carregamento à legislação, muito ainda está por fazer, sendo que a Volvo Car Portugal está empenhada em trabalhar ao lado dos decisores neste caminho”
A gama Volvo em Portugal tem BEV, PHEV, mas ainda tem versões com motorizações com ICE (motores de combustão interna). Quando é que a Volvo em Portugal vai vender apenas versões Recharge, seja 100% elétricas, seja PHEV?
Também aqui diria que vai ser uma transição natural. Vemos com agrado que a gama Recharge é um verdadeiro sucesso de vendas em Portugal. Aliás, somos mesmo um dos mercados mundiais da Volvo onde as vendas Recharge mais cresceram em 2021, com a taxa de penetração a representar 61,1% do mix total de vendas. Esta tendência parece continuar este ano pois, em janeiro de 2022, representou já 70%, ou seja, é um fenómeno que já se está a concretizar naturalmente e por demanda do consumidor.
Está prevista alguma mexida no número de concessionários em Portugal? Aumentar? Diminuir?
Não está prevista uma diminuição da rede atual dos nossos concessionários que são nossos parceiros de negócio e em quem confiamos plenamente para nos ajudarem a prosseguir o nosso crescimento sustentado em Portugal.
A Polestar começa a ser vendida em Portugal este ano. A partir de que mês mais exatamente e quais são os objetivos em termos de vendas?
A Volvo Car Portugal não pode responder em nome da Polestar, apesar da parceria estratégica que existe entre as empresas. Recorde-se que a Volvo Cars tem uma participação de 50% no capital da Polestar, pelo que o sucesso da marca é encarado de forma positiva por nós. Acreditamos que os nossos automóveis têm um público-alvo bastante distinto, pelo que não consideramos que possa existir canibalização nas vendas. Dito isto, esta concorrência será saudável e relevante para um crescimento sustentado da eletrificação em Portugal.