As criptomoedas tiveram o seu maior ano – até agora – em 2021 e El Salvador torna-se agora não apenas o primeiro país do mundo a adotar bitcoin como moeda legal (o que aconteceu em setembro), como o primeiro a decidir emitir obrigações Bitcoin, segundo as mais recentes revelações.
Apesar dos ativos digitais serem também um mercado bastante suscetível a flutuações (nos primeiros dias de 2022 tem havido perdas), a evolução do valor das criptomoedas a doze meses evidencia que as moedas digitais têm incrementado o seu valor e apetência.
Assim, o preço do Bitcoin (a maior criptomoeda do mundo) disparou de cerca de US $ 30.000 (€26.400) por bitcoin no ano passado para perto de US $ 50.000 (€44.000).
Outras criptomoedas, como o Ethereum (a segunda maior criptomoeda do mundo), a BNB (da Binance), a Solana e a Cardano subiram muito mais, com o preço da Ethereum, por exemplo, a trepar quase 400% desde o ano passado e a rival da Ethereum, a Solana, a subir para uns incríveis 10.000%.
As previsões de Nayib Bukele
Agora, o controverso presidente de El Salvador eleito em 2019, o Millennial de 40 anos de idade Nayib Bukele que surge muitas vezes com um boné na cabeça virado para trás, surge como um dos maiores embaixadores dos ativos digitais, tendo vindo agitar as águas, ao divulgar a previsão de que o preço do Bitcoin vai mais do que duplicar durante 2022 para US $ 100.000 (€88.000) e ao revelar que El Salvador vai adotar o Bitcoin como uma das suas moedas oficiais, a par do dólar americano, e que vai emitir dívida pública em bitcoins no montante de mil milhões de dólares (880 mil milhões de euros).
A afirmação de Bukele no Twitter de que o bitcoin “chegará a US $ 100.000” em 2022 não foi a sua única previsão, com o Chefe de Estado de El Salvador a escrever que os Bitcoins serão um dos assuntos centrais das próximas eleições nos EUA que irão ocorrer em 8 de novembro de 2022 (eleições intercalares para o Senado e congresso).
Cidade Bitcoin
Bukele lançou ainda mais novidades. Uma delas foi de que a cidade Bitcoin (Bitcoin City) começará a ser erguida, em 2022, no sudeste de El Salvador, um projeto anunciado por Bukele que prevê a construção de uma cidade de formato circular de 7466 hectares na base do vulcão Conchagua, cuja energia geotermal permitirá alimentar toda a cidade e suportar as atividades de mineração da criptomoeda.
Segundo Bukele, esses títulos terão uma enorme procura. Bukele declarou igualmente que mais dois países irão adotar o Bitcoin como moeda legal. Não adiantou quais, mas lançou a notícia.
Segundo informações da Reuters, El Salvador tem vindo gradualmente a comprar bitcoins e no mês passado, este país da América Central adquiriu estes ativos digitais de forma simbólica: 21 bitcoins para marcar o dia 21 do último mês do ano 21 do século 21. O número 21 é significativo para o Bitcoin, pois haverá apenas 21 milhões de bitcoins.
Relativamente à emissão de obrigações bitcoin ela poderá ocorrer entre fevereiro e março, segundo deu a saber o ministro das Finanças de El Salvador, Alejandro Zelaya.
“A partir da emissão veremos se temos êxito nesta estratégia. Acredito que sim”, comentou Zelaya numa conferência de imprensa que acrescentou ter-se reunido na mesma tarde em que falou à imprensa “com alguns investidores e só eles estavam interessados em 200 milhões” de dólares.
Perceber a reação do mercado
O ministro explicou, porém, que o país “não vai abandonar o mercado de valores tradicional” e que vai “continuar a emitir obrigações no mercado tradicional”, mas a intenção é perceber a reação do mercado a partir desta experiência que permitirá “ver como decorre a estratégia de obrigações em bitcoins”.
À agência Efe, o economista Ricardo Castaneda, do Instituto Centroamericano de Estudos Fiscais, vê neste plano de El Salvador querer colocar obrigações em bitcoins como “uma medida desesperada. Se correr bem, o presidente Bukele aparece como exemplo e pode dizer aos organismos multilaterais e à comunidade internacional que não precisa deles, mas se corre mal é a população que perde”.
De resto, a animosidade contra Nayib Bukele e as suas ideias acerca do Bitcoin têm levado à organização de manifestações de protesto nas ruas.
Vizinhos a ver como decorre experiência
Perante tamanho entusiasmo por parte de El Salvador, alguns dos seus vizinhos regionais que também dependem do dólar americano disseram que estão a observar de perto a experiência do Bitcoin de El Salvador. Segundo Bukele, alguns líderes políticos ter-lhe-ão indicado que estariam dispostos a adotar o bitcoin se ele se mostrar capaz de reduzir os custos das remessas.
Enquanto isso, nos EUA, os presidentes das câmaras de Nova Iorque e Miami estão a fazer campanha para que as suas cidades se tornem hubs de criptomoedas, ambos prometendo receber salários em bitcoin e procurando atrair os investidores.
No Capitólio, os lobistas do bitcoin surgiram como um novo poder em 2021, trabalhando para moldar as regras que governam o espaço criptográfico, refletindo a popularidade da tecnologia.
Em dezembro, o analista da Bloomberg Intelligence, Mike McGlone, disse que espera que os EUA “abracem as criptomoedas em 2022” – reforçando a ideia de que o preço do Bitcoin está numa trajetória ascendente rumo a US $ 100.000 e que o preço do Ethereum pode chegar a US $ 5.000 (€4400).
O ex-presidente-executivo do Twitter, Jack Dorsey, que recentemente saiu da empresa que fundou para expandir a sua empresa de pagamentos, saltou para as manchetes quando previu que o Bitcoin acabará por substituir o dólar americano.