O primeiro painel da segunda edição da Women’s Summit, que se realizou na passada terça-feira no Estúdio Time Out, ficou entregue a Anna Lenz, CEO da Nestlé Portugal, Helen Duphorn, CEO do Ikea Portugal, e Roberta Medina, vice-presidente executiva do Rock in Rio. ‘O Poder das Origens’ foi o mote desta conversa.
Anna é natural da Suíça, Helen da Suécia e Roberta do Brasil. A primeira questão lançada por Nilza Rodrigues, diretora da Forbes Portugal, foi sobre a chegada das três a Portugal: Sentiram algum choque cultural?
“Acho que a grande aprendizagem foi estar aberta a outra cultura, perceber como as pessoas pensam neste sítio e adaptar-me sem deixar de lado as minhas próprias experiências e crenças. Acho que nesta altura temos um país muito melhor em termos de abertura a outras culturas. Somos muito conservadores, mas acho que evoluímos muito. É totalmente diferente estar em Portugal hoje do que era há 21 anos”, começou por dizer Roberta Medina.
Anna Lenz passou por 28 países antes de chegar a Portugal e olha para os portugueses como “muito leais e pouco individualistas”. Aliás, Portugal foi o único país que a fez querer parar de fazer trocas. Ao trabalhar na Nestlé, tinha a possibilidade de fazer contratos de no máximo três anos e depois mudar-se para outro lugar. Até que passou por cá. “Disse aos meus chefes que gostava muito de ficar, mas a regra era que tinha de sair. Ofereceram-me um emprego muito bom, para ser diretora executiva da Europa para o Nespresso. Disse ao meu chefe: ‘Depois deste trabalho, quero ser CEO da Nestlé Portugal’. E ele disse: ‘Compreendo que queiras ser CEO de um país, mas nós temos 188 países’. Eu disse-lhe: Não, não está a perceber, eu não me importo de ser CEO ou não, mas quero voltar para Portugal'”, contou.
No caso de Helen, encontrou um país que considera ser parecido ao seu. “Vir para Portugal não foi propriamente um choque cultural, devo dizer. Penso que há muitos fatores comuns entre a Suécia e Portugal. A Suécia também é bastante coletiva. É muito fácil adaptarmo-nos. As pessoas são trabalhadoras, toda a gente fala inglês mais ou menos, tem sido muito fácil estabelecermo-nos aqui. Em termos de negócios, é um país fantástico porque sentimos que a nossa ideia de negócio é muito válida aqui. Estamos numa boa sintonia com muitos portugueses”, disse.
Falando sobre aquilo que poderia ser melhor, Roberta e Helen deixaram algumas sugestões. A primeira considera que se poderia sair mais da zona de conforto, enquanto que a segunda sugere “um pouco mais de autoconfiança”.
Na presença de três líderes de projetos de sucesso, quisemos ainda saber a fórmula para esse mesmo sucesso. Para Roberta Medina trata-se de acreditar em ideias e não aceitar o impossível.
“O Rock in Rio não é um festival de música tradicional, o Rock in Rio é uma plataforma de comunicação que termina com um festival de música. E isso é totalmente diferente. Passamos 10 meses a falar com pessoas, a construir a nossa equipa, a partilhar ideias, e depois entregamos quatro dias de evento. E, claro, entregamos o evento para aqueles que estão dentro do recinto, mas depois temos mais de cinco milhões de pessoas a seguir o festival, o que se está a passar lá. Por isso, um dos segredos é trabalhar com as emoções, nós fizemo-lo e penso que o sentimos durante a pandemia, como a cultura e o desporto são importantes para nos dar o equilíbrio de que precisamos para ter esperança. O meu pai diz uma coisa que eu acho super bonita: Estamos a fazer esta festa, este movimento, a juntar pessoas para lhes dar esperança e ganhar tempo para que possamos ter tempo para fazer um mundo melhor”, disse.
No caso da Nestlé, Anna realçou os centros de pesquisa que têm espalhados pelo mundo e o facto de se manterem locais o suficiente. “Muitas pessoas pensam que a Nestlé é uma empresa portuguesa. Tem produtos como o Nestum, não conheço ninguém em Portugal que não conheça o Nestum”, disse.
No final, e seguindo o mote do evento, as três disseram aquilo que realmente faz a diferença nos negócios. Para Anna passa por criar valor partilhado na sociedade, seja ele económico ou social. Helen sublinhou a importância de integrar a diversidade no negócio e, assim, representar a sociedade em todas as áreas. Roberta, por fim, falou da importância de cuidar das pessoas e dos detalhes.