Neste encontro foi assinado um protocolo na presença de Filipe Nyusi, que “prevê que haja o comprometimento de incentivar investimentos nos países que representam, ao estabelecimento de parcerias entre empresários dos dois países e à identificação de oportunidades de negócio, de forma a aumentar o relacionamento económico e comercial entre Moçambique e Portugal”.
Refira-se que o saldo da balança comercial portuguesa com Moçambique piorou 2,4% no ano passado, mas manteve-se positivo em 448,2 milhões de euros, continuando o saldo favorável registado nos últimos anos.
De acordo com dados divulgados pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), as trocas comerciais com Moçambique têm tido sempre um saldo favorável a Portugal nos últimos cinco anos, com 2022 a ser o ano em que a balança mais se inclinou para Portugal.
Moçambique é o 33.º cliente das exportações de Portugal, representando 0,28% das vendas, e é o 78.º fornecedor, vendendo 0,03% dos bens que Portugal compra no estrangeiro, o que faz com que a influência na evolução da balança comercial de Portugal seja muito pouco significativa.
Por seu turno, o investimento moçambicano em Portugal ficou sempre abaixo dos 100 milhões desde 2019, alcançando o máximo em 2022, com 94 milhões de euros investidos por empresas moçambicanas em Portugal, representando cerca de 0,1% do total dos investimentos estrangeiros.
“Queremos Portugal a liderar”
O presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, que liderou uma comitiva de mais de 80 empresários que está desde segunda-feira em Portugal, com visitas a empresas do norte, de Sines e de Lisboa, garantiu que os resultados estão a corresponder às expectativas com que deixaram Maputo. “Têm sido dias fantásticos, preenche a nossa expectativa, o objectivo que nos trouxe aqui foi a recuperação das trocas comerciais entre Portugal e Moçambique, porque Portugal ocupou o lugar cimeiro durante mais de dez anos e, com o advento do gás, os investimentos americanos e franceses colocaram a França como maior investidor em Moçambique, e nós queremos ver Portugal a liderar”, afirmou o empresário.
No topo da agenda estiveram “produtos alimentares e comércio em geral, porque do gás o homem não se alimenta”, sustentou, referindo-se aos grandes projectos de exploração de gás natural liquefeito que estão em curso no norte de Moçambique e que têm o potencial de colocar este país lusófono africano no pódio dos maiores exportadores mundiais de gás.
“Há interesse do lado de Portugal em promover a internacionalização das firmas através de parques industriais, como vimos no Porto, e há interesse nosso em trabalhar na exportação de couro, mas também do lado energético foi visível a necessidade de Moçambique continuar a atrair mais investimento”, vincou.
Outro dos sectores que a comitiva liderada por Agostinho Vuma trouxe a Lisboa foi a exploração turística. “Precisamos de convencer as grandes cadeias internacionais hoteleiras, para tornar o país mais atrativo”, indicou.
“O nosso país mostra-se virgem na exploração turística porque o nível de investimento não respeita os requisitos das marcas internacionais, o que dificulta a ida do turista internacional para Moçambique, porque querem um Ritz, um Hilton, um Intercontinental, e então estamos aqui em Portugal a convencer estas cadeias a entrarem no nosso país, não só nas cidades”, salientou o líder dos empresários moçambicanos.
Para Agostinho Vuma, a grande extensão de costa deve ser explorada apesar das dificuldades logísticas: “Moçambique tem um litoral de três mil quilómetros, temos desafios nas infraestruturas, e é por isso que a nossa equação de internacionalização inclui o sector das infraestruturas, para as cadeias hoteleiras poderem entrar em qualquer espaço do nosso território que se revele com potencial turístico”, explicou.