Dírcia Lopes
O tema da sustentabilidade é incontornável nesta década e vai marcar a diferença se quisermos preservar o planeta. Portugal tem sido ambicioso e a encurtar o caminho para ser mais sustentável. Do lado das empresas, a certeza é que as mais competitivas no futuro serão aquelas que forem capazes de ter um modelo de negócio regenerativo e justo.
Portugal é muitas vezes percecionado como estando na cauda da Europa em várias áreas. Mas, quando se trata da adoção de políticas para a sustentabilidade, o País tem mostrado ambição e colocado a fasquia bem alta. Em entrevista à Forbes, o secretário-geral da associação BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, João Wengorovius Meneses, salienta que a evolução de Portugal tem sido motivada, em parte, pelo contexto europeu com a Europa a ser o continente mais ambicioso do mundo ao nível da sustentabilidade. Mas também pela mão do Governo português que “deu mostras de uma motivação extra face à ambição europeia antecipando até algumas metas que mais tarde a União Europeia veio a adotar”, realça João Wengorovius Meneses.
O secretário-geral do BCSD Portugal destaca o caso da neutralidade carbónica, em que, o País assumiu a intenção de ser neutro em carbono desde 2016, na 22ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. Este compromisso surgiu, afirma João Wengorovius Meneses “numa altura em que ainda não havia nenhum país no mundo comprometido com esta meta. Fomos o primeiro”.
Mas afinal quais as premissas a cumprir para conquistar o estatuto de país ou empresa sustentável? O secretário-geral do BCSD Portugal resume dizendo que “quando falamos de sustentabilidade estão em causa três aspetos-chave: o ambiental, social e de governance ou a ética de gestão das organizações. Este é o tripé, chamado Environmental, Social and Governance Factors (ESG), em que assenta a sustentabilidade, sobretudo ao nível corporate e político”.
João Wengorovius Meneses explica que, numa fórmula simples, o desafio é “criar modelos de negócios não orientados apenas para o lucro, capazes de integrar os 3Ps – People, Planet e Profit –, de criar valor a partir da integração dessas três dimensões”. E não tem dúvidas que “as empresas do futuro são as que forem capazes de ter um modelo de negócio regenerativo e justo, as que não quiserem ser as melhores do mundo, mas as melhores para o mundo.
Apesar de sublinhar que Portugal tem revelado mais ambição em relação a aspetos ambientais e da descarbonização, a mesma fonte alerta que “no que toca à biodiversidade e à preservação dos ecossistemas não foi tão audaz”. Também no que se refere à componente social ainda há um longo caminho a percorrer. E em termos de governance das organizações ainda não é um país em que as exigências de reporting ou de igualdade sejam dignas de distinção. Isto “quando continuamos a ter discriminação de género no local de trabalho ou práticas de reporting que não são as ideais nas empresas”.