Dois fundos de emergência: um pilar esquecido da tranquilidade financeira

Pouco se fala disto, mas há um princípio essencial que pode mudar completamente a forma como vivemos os imprevistos: não basta ter um fundo de emergência — é sensato ter dois. A lógica por trás desta abordagem é simples. Nem todos os imprevistos têm o mesmo impacto, nem exigem a mesma resposta. Há despesas inesperadas…
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Nem todos os imprevistos têm o mesmo impacto, nem exigem a mesma resposta. Há despesas inesperadas que pedem uma ação imediata, e outras que, embora mais pesadas, podem ser resolvidas com um pouco mais de planeamento — desde que haja liquidez. Ter dois níveis de fundo de emergência é uma estratégia de proteção prática, realista e eficaz.
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Pouco se fala disto, mas há um princípio essencial que pode mudar completamente a forma como vivemos os imprevistos: não basta ter um fundo de emergência — é sensato ter dois.

A lógica por trás desta abordagem é simples. Nem todos os imprevistos têm o mesmo impacto, nem exigem a mesma resposta. Há despesas inesperadas que pedem uma ação imediata, e outras que, embora mais pesadas, podem ser resolvidas com um pouco mais de planeamento — desde que haja liquidez. Ter dois níveis de fundo de emergência é uma estratégia de proteção prática, realista e eficaz.

Fundo 1: o escudo do dia-a-dia

O primeiro fundo é o mais imediato e acessível. Está disponível na conta à ordem, sem barreiras, pronto para ser usado quando surge algo inesperado mas comum: uma multa, uma ida ao veterinário ou um electrodoméstico avariado,

Pessoalmente, optei por manter 1.000€ na conta à ordem. É uma quantia que cobre facilmente a maioria dos imprevistos do quotidiano e que me permite agir de forma rápida e sem stress. Ao ter este valor separado mentalmente como “mini fundo de emergência”, evito tomar decisões precipitadas ou ter de mexer em outras poupanças quando algo corre mal.

Fundo 2: o escudo mais robusto

Depois, existe o fundo de emergência principal — um montante mais significativo, e o valor ideal já irá variar bastante de caso para caso, apesar de a maioria da literatura apontar para 6 a 12 meses de despesas. Este valor deve estar guardado num produto que ofereça segurança e liquidez, como um depósito a prazo no mesmo banco onde temos a conta à ordem. Assim, mesmo que o montante esteja a render algum juro (ainda que pouco), continua acessível quando for realmente preciso.

Este fundo é pensado para situações mais sérias: desemprego, uma emergência de saúde, uma quebra abrupta de rendimentos. É um plano de estabilidade. Não é um investimento — é uma rede de segurança.

E aqui está o ponto-chave: não faz sentido criar um fundo de emergência inacessível. Ele deve estar mobilizável a qualquer altura, sem penalizações. Porque os imprevistos não avisam, e a tranquilidade que se perde ao não ter acesso imediato ao dinheiro, não compensa o juro que se possa ganhar.

A clareza mental de estar preparado

Ter estes dois fundos não é apenas uma decisão financeira — é uma decisão emocional. Saber que temos resposta tanto para os pequenos imprevistos como para os grandes abalos muda por completo a forma como encaramos o dia-a-dia. É o tipo de escolha que oferece confiança, estabilidade e capacidade de reação.

E o melhor? Isto não tem de ser feito de uma vez. Pode ser construído aos poucos, mês após mês, com um plano ajustado ao seu rendimento e ao seu estilo de vida. O importante é saber que está a caminhar para essa segurança.

Dois fundos. Duas camadas de proteção. Uma só intenção: viver com mais tranquilidade e menos medo do que pode correr mal.

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