Dinheiro pelos ares nos EUA à conta das deportações

A secretária do Departamento de Segurança Interna, Kristi Noem, pretende que o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) dos EUA possua e opere a sua própria frota de aviões de deportação, de acordo com a NBC News, o que seria uma grande mudança em relação à dependência da agência em fretar aviões, uma vez que…
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Os EUA estão a gastar “rios” de dinheiro com as deportações, devido à necessidade de fretar aeronaves. A secretária do Departamento de Segurança Interna, Kristi Noem, pretende, por isso, que o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) dos EUA possua e opere a sua própria frota de aviões de deportação, mas a ideia pode ser ainda mais desastrosa do ponto de vista financeiro.
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A secretária do Departamento de Segurança Interna, Kristi Noem, pretende que o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) dos EUA possua e opere a sua própria frota de aviões de deportação, de acordo com a NBC News, o que seria uma grande mudança em relação à dependência da agência em fretar aviões, uma vez que a administração Trump pretende realizar 1 milhão de deportações por ano.

Noem quer que o ICE use dezenas de milhares de milhões de dólares em financiamento do “Big Beautiful Bill” do presidente Donald Trump para comprar e operar uma frota, o que marcaria o primeiro passo da agência para deixar de contratar empresas de fretamento de aviões, segundo avança a NBC News.

Jason Houser, ex-chefe de gabinete do ICE, disse à NBC News que, para o governo Trump realizar de 30.000 a 35.000 deportações por mês, seria necessário comprar cerca de 30 aviões, o que seria um empreendimento de milhares de milhões de dólares.

Os voos charter diários programados utilizados pelo ICE têm um custo médio de US$ 8.577 por hora de voo (cerca de 7.355 euros), com voos charter especiais designados de alto risco a custarem entre US$ 6.929 (5941 euros) e US$ 26.795 (22.977 euros) por hora de voo, dependendo dos requisitos da aeronave, de acordo com estimativas do ICE.

A NBC News observou que o ICE precisaria equipar os aviões com segurança, médicos e pilotos se garantisse a sua própria frota, acrescentando que os custos de manutenção e conformidade também seriam um fator a considerar.

O DHS (Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos – U.S. Department of Homeland Security) não confirmou a informação da reportagem da NBC quando contactado pela Forbes Internacional, enquanto o ICE não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A administração Trump iniciou uma onda de voos de deportação em 23 de janeiro, logo após o presidente assinar decretos executivos ordenando que as forças armadas fossem enviadas para a fronteira sul, cancelando as marcações prévias dos migrantes com as autoridades fronteiriças e suspendendo os programas de liberdade condicional. Uma série de voos foi direcionada para El Salvador ao abrigo da Lei dos Inimigos Estrangeiros, uma lei promulgada pela última vez durante a Segunda Guerra Mundial para permitir deportações sem ordens judiciais. A legalidade dos voos para El Salvador ainda está a ser contestada em tribunal depois de um juiz federal ter acusado a administração Trump de desacato por tê-los realizado. À medida que a administração tentou aumentar os voos de deportação, também aumentou a infraestrutura necessária para apoiar a pressão do presidente para a deportação, criando novos centros de detenção de imigrantes ou expandindo dezenas de instalações pré-existentes para abrigar migrantes que aguardam deportação. O “Big Beautiful Bill” alocou US$ 45 mil milhões (mais de 38 mil milhões de euros) para expandir as instalações de detenção do ICE.

A administração Trump está a cumprir a quota de deportações que propagandeou?

Não parece. Trump prometeu realizar a maior campanha de deportação da história, e o seu governo está a pressionar para que haja 1 milhão de deportações por ano, de acordo com vários meios de comunicação. O ICE deportou quase 150 mil pessoas no primeiro semestre deste ano, informou a CBS News, citando números internos do governo que sugerem que a agência poderia chegar a 300 mil deportações até ao final do ano. Mas mesmo que o número de um milhão/ano não se atinja, a administração Trump não dá mostras de que vá suavizar a sua política de expulsão de imigrantes nos EUA, independentemente dos custos que isso implique, já que se trata de uma das bandeiras da campanha do atual presidente.

30 mil milhões de dólares (25.700 mil milhões de euros). Esse é o montante que foi alocado para as operações de remoção do ICE, custos de transporte, programas de contratação e muito mais na “mega-lei” de Trump.

Antonio Pequeño IV/Forbes internacional

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