As manequins que começam hoje têm acesso a mais informação que a Diana teve na altura em que começou. Como foram os primeiros tempos num universo desconhecido?
Na realidade é exatamente isso, desconhecido. Posso-me considerar uma sortuda em ter uma família incrível que me acompanhou e me orientou, e também a minha agência que teve um papel muito importante, mas não deixou de ser um caminho difícil e cheio de novidades na minha vida. Hoje têm a informação toda e sabem exatamente o que existe e como funciona, nem que seja pelas redes sociais, na minha altura as novidades e as notícias não existiam na internet.
Que trabalhos mais marcaram a sua carreira na moda?
Houve vários trabalhos que gostei muito de fazer, nomeadamente um editorial da Versace que estava incrível. Eu estava em pleno dezembro com roupa de verão, ia morrendo de frio em Milão, mas o resultado foi incrível. Uma campanha da nívea internacional que fiz em Nova Iorque, amei porque estava sem maquilhagem e era tão eu. Mas a altura que me marcou mais foi sem dúvida a Ásia, e o tempo que vivi em Tóquio.
Havia um espírito de entreajuda entre as modelos?
Não, não havia de todo. A não ser que já fossem amigas, que se conhecessem do mesmo país, ou até teres a sorte de encontrar alguém com quem conseguisses ter uma relação além do trabalho. Nunca tinha assistido a tanta rivalidade profissional.
Quais foram as maiores dificuldades?
A distância. Eu sou muito apegada à minha família, estar fora por vezes era difícil.
Como descreve a moda nos anos 90?
Final dos anos 90, eu na realidade só começo em 1997, mas posso garantir que foi a pior altura da moda nacional e internacional. São tendências que não deveriam voltar, não era tão elegante como nos anos 80 e até mesmo agora. Demasiado coloridas, muitas permanentes no cabelo.
Quais são as maiores diferenças entre a indústria da moda na altura e agora?
Em Portugal não mudou grande coisa. Ou melhor, até acho que sim, mas infelizmente para pior. Fala-se menos, dá-se menos importância à moda portuguesa. Lá fora é o contrário, a moda cresceu muito e tornou-se muito mais apetecível e desejada.
O quão difícil era o processo para um manequim chegar a um mercado internacional?
Muito difícil, era muito importante uma das grandes agências querer trabalhar contigo, e te contratar. A partir daí podias viajar mais tranquilamente e esperar que eles fizessem um bom trabalho.
O facto de ser portuguesa alguma vez foi uma vantagem ou desvantagem?
Penso que só ultimamente, desde que Portugal está na moda, é que ser português se tornou uma vantagem. Durante muito tempo senti que era uma grande desvantagem.
A nível financeiro, a diferença era muito grande entre os valores praticados lá fora e em Portugal?
Penso que a diferença ainda é maior agora. A oferta é muito maior agora e, por incrível que pareça, paga-se muito menos agora. Deixou de haver um investimento na moda portuguesa.
Como foi a transição da moda para as áreas que abraçou depois?
Super fácil, a minha paixão pela corridas e pelos carros fizeram com que agarrasse os meus projetos de televisão de coração.
Neste momento, em que projetos é que está a trabalhar?
Neste momento estou em vários projetos. A Fórmula e o GP Magazine na Sport TV, campanhas relacionadas com a saúde visual, cuidados diários com a pele. E vai haver novidades em breve.
Alguma vez foi difícil assumir uma posição numa nova área por ter um background no mundo da moda?
Sim, claro que sim, existe preconceito com uma mulher que venha da moda e que queira abraçar outras áreas.