Tem apenas 12 anos, mas tem a maturidade suficiente para pisar um palco como o da Forbes Annual Summit, num evento que aconteceu no passado dia 11, para comemorar os 10 anos da revista em Portugal. Diana Ginja, estudante, escritora e atriz, foi desafiada a fazer um pitch no evento, materializado uma carta ao seu futuro. A Forbes queria destacar uma criança com a mesma idade da publicação, mas a escolha acabou por recair sobre uma adolescente cuja mensagem está a impactar o país. Depois de escrever um livro, “Beliscaram a minha Felicidade”, em que revela o que passou no “recreio da escola” e inspira outras crianças a enfrentarem as adversidades com coragem, Diana Ginja foi também homenageada com um Globo de Ouro, em 2025, como Revelação do Ano.
Diana escreveu uma carta ao seu futuro, um futuro que não conhece, mas, como disse à plateia: “O futuro é uma folha em branco, e somos nós, artistas, que vamos escrever nela”. A jovem atriz foi também a revelação do evento, no qual, perante tantas personalidades, recebeu uma ovação de pé. E não foi para menos, já que o seu discurso emociona. E, de tal ordem, que não nos atrevemos a resumir o que disse, porque nunca ficaria completo. Por isso mesmo, vamos publicar na integra a sua carta:
“Olá futuro. Sou eu, a Diana…
Começo por dizer que espero que estejas bem. E quando digo “bem”, não digo só “tudo a funcionar e a vida a acontecer. Quero dizer “bem” no sentido de leveza no coração, de acordar e pensar: Ok, hoje é um bom dia para tentar outra vez.
Porque, se tenho aprendido alguma coisa nestes meus 12 anos, é que ninguém consegue ser perfeito, mas toda a gente consegue tentar outra vez. E outra. E outra. Até conseguir alcançar os seus objetivos. Mesmo que nos digam o contrário.
No futuro, espero que eu ainda seja curiosa. Que continue a fazer perguntas que os adultos não sabem responder – e que isso não me faça sentir estranha, mas sim corajosa, por questionar. Ser curiosa é como abrir portas invisíveis, e eu quero continuar a abrir todas as que eu puder.
Também espero que eu me consiga rir das minhas próprias trapalhadas. Porque sinceramente, se há alguém desastrado, esse alguém sou eu – assumo! Mas aprendi que quando rimos de nós mesmos, o mundo fica mais leve, por isso não gostava de perder essa capacidade, apesar de ver muitos adultos que a perdem no caminho…
Tenho algum receio de a perder também.
A gentileza é tipo um superpoder – não faz barulho, não aparece nas capas de revista, mas muda tudo. É como aquela luzinha que acendemos no telemóvel quando falta a eletricidade (ou então quando há um apagão no mundo): não resolve tudo, mas não nos deixa no escuro e tem a capacidade de iluminar o nosso caminho e o dos outros
E já agora futuro, espero que também tenhas aprendido a rir. Sim, contigo mesmo. Porque às vezes, até tu te levas demasiado a sério, e isso, às vezes, condiciona quem está a viver o presente.
Quero pedir outra coisa importante: Não deixes que as pessoas se esqueçam de ser gentis. De serem boas pessoas. Ou de, pelo menos, tentares ser boas pessoas.
A gentileza é tipo um superpoder – não faz barulho, não aparece nas capas de revista, mas muda tudo. É como aquela luzinha que acendemos no telemóvel quando falta a eletricidade (ou então quando há um apagão no mundo): não resolve tudo, mas não nos deixa no escuro e tem a capacidade de iluminar o nosso caminho e o dos outros. A gentileza faz isso também.
Por isso futuro, por favor, cuida disso:
– que ninguém tenha vergonha de ser gentil,
– que ninguém pense que isso é uma fraqueza
– e que todos percebam que às vezes basta uma palavra gentil para mudar o dia de alguém.
Outra coisa que desejo – e esta é só minha – é quer eu não perca a coragem de sonhar coisas malucas. Porque, se eu fechar os olhos, vejo tantas versões de mim: a Diana atriz, a Diana escritora, a Diana que gosta de cantar, a Diana que ajuda pessoas, alguém que viaja o mundo… E também alguém que ainda não descobriu tudo aquilo de que é capaz, mas está tudo bem. As Dianas que vejo são sonhadoras e felizes.
Aprender a aceitar a incerteza de ti (futuro) e ficar tranquila com isso, foi um dos maiores crescimentos que tive nos últimos tempos. E olha que não foi fácil.
Quando estiveres a ler esta carta, daqui a muitos anos, no meu futuro, espero que estejas a sorrir. Não porque fiz tudo certo, mas porque segui os meus sonhos sempre com o coração inteiro e no sítio certo. E porque talvez, só talvez, as palavras desta menina de 12 anos tenham tocado o teu coração.
E se, por acaso, estiveres mesmo a reler isto no meu futuro distante, quero que saibas outras coisas: ao olhar para trás, espero sentir um orgulho gigante do que conquistei – das vitórias, mas também das quedas, porque foram elas que me fizeram crescer. Espero ver-me como protagonistas de novelas e de muitos filmes, autora de vários livros que inspiraram outras pessoas, e até ser CEO de uma fundação que ajuda quem mais precisa.
Tu, futuro, não és o destino. É uma construção e o resultado das nossas escolhas.
E quero que, ao rever esse caminho, eu consiga dizer: valeu a pena cada passo, até os mais difíceis.
Para terminar, quero dizer-te isto:
Tu, futuro, não és o destino. É uma construção e o resultado das nossas escolhas. E, se tudo correr bem, quero construir-te com esperança, com coragem, com gargalhadas inesperadas, com sonhos e com o amor, sempre com amor. E assim, serás, com certeza, algo muito bonito.
E quero que isto exista por uma razão simples:
Porque a menina de 12 anos que eu sou hoje… Teve coragem de sonhar.
Obrigada por me ouvires – mesmo que não existas completamente.
Com esperança, humor e um bocadinho de nervosismo,
Diana Ginja, 12 anos





