O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, na mensagem alusiva ao Dia de África que se comemora hoje, lembrou os princípios que levaram à criação desta efeméride há 58 anos e que continuam atuais. De acordo com Moussa Faki Mahamat, o renascimento africano, o espírito do pan-africanismo, a identidade cultural e os valores partilhados são os princípios e valores que “têm um papel importante a desempenhar na construção da África que desejamos”.
No dia 25 de maio de 1963, em Adis Abeba, foi constituída a Organização da Unidade Africana, entretanto transformada na União Africana, mantendo-se a comemoração do Dia de África.
O presidente da Comissão da União Africana sublinha ainda que o órgão “ordenou aos Estados africanos que procurem nas suas referências culturais e nos seus valores ancestrais a base do seu desenvolvimento, inscrevendo-se na evolução do mundo”. Moussa Faki Mahamat lembrou que os africanos estão há muito anestesiados pelos efeitos da colonização, pelo que “devem tirar as chaves do seu desenvolvimento das profundezas de sua herança cultural e artística. E explicou que esta é a mensagem que a UA pretende transmitir ao ter escolhido, este ano, um tema “dedicado às artes, cultura e património como alavancas para construir a África que queremos”.
O Dia de África de 2021 ficará, “simbolicamente ligado ao lançamento da entrada em vigor da Carta para o Renascimento Cultural Africano, adotada desde 2006 em Cartum, no Sudão”. O mesmo responsável detalhou que um dos objetivos desta Carta é fortalecer o papel da cultura na promoção da paz e da boa governança. A União Africana “está ciente do papel que as artes, as expressões audiovisuais e cinematográficas, bem como outras indústrias criativas, desempenham no processo de integração africana como um fator de paz, de compreensão e prevenção de conflitos, bem como de crescimento”.
Moussa Faki Mahamat realçou que a União Africana “acredita que a unidade de África se baseia, antes de mais, na sua história. A história da África, que faz parte da nossa identidade cultural, é um imperativo para o desenvolvimento do continente”. E salientou que o continente só pode afirmar-se “no multilateralismo e nas parcerias com o resto do mundo afirmando, sem complexar ou ofuscar o seu ser, a sua personalidade e identidade numa base de total igualdade com os outros”.
A mesma fonte admite que “África há muito tempo negligencia o papel da cultura na promoção e formação das nações” por isso, “tenciono, durante este mandato, corrigir esta tendência, interessando-me, mais do que no passado, pela cultura e pelo pensamento africanos”. Para o conseguir, Moussa Faki Mahamat afirma que “apelarei aos académicos e sociólogos de todos os espaços culturais para que deem a sua contribuição para a construção de um consenso africano sólido e exequível”.
Pandemia traz mais pressão à economia
A celebração deste ano acontece numa altura em que o mundo ainda enfrenta a pandemia da Covid-19. Apesar de o número de casos em África não ser dos mais elevados, a verdade é que este cenário está a aumentar a pressão sobre a economia africana. Os líderes africanos têm apelado ao aumento dos esforços de vacinação no continente para conter a crise sanitária e, por arrasto, a económica.
Na mensagem a propósito do Dia de África, o Chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, defendeu hoje um “acesso universal, equitativo e rápido” do continente às vacinas contra a Covid-19, assim como a equipamentos de proteção individual e produtos médicos.
O Presidente cabo-verdiano lembrou que, desde março de 2020, “África tem sido negativamente afetada pelas múltiplas consequências da pandemia da Covid-19 em todas as áreas de esforço humano”.
Jorge Carlos Fonseca disse que os países africanos precisam agir em relação aos impactos socioeconómicos mais vastos da pandemia e alargar a sua ação a outras áreas como os efeitos das calamidades naturais e das alterações climáticas, pobreza e fome endémicas, desemprego, desigualdades sociais, falta de água potável, abrigo e saneamento adequados, bairros de lata urbanos e assentamentos informais, assim como a insegurança alimentar.
Para o governante, além de ser um momento festivo, o Dia de África deve ser de reflexão sobre os desafios existentes, para os quais, “importa encontrar soluções comuns, eficazes e articuladas, com vista a um desenvolvimento económico e social inclusivo para todos os países e povos africanos”.