Os efeitos da propagação da pandemia continuam a fazer-se sentir no mundo laboral. O relatório “A pandemia e o mercado de trabalho: O que sabemos um ano depois”, do Nova SBE Economics for Policy Knowledge Centre, concluiu que o despedimento foi a razão mais comum para deixar de trabalhar. No documento, a que a FORBES teve acesso, dos cerca de 20% no período pré pandemia, esta percentagem subiu para 25% no segundo trimestre de 2020 e no primeiro trimestre de 2021.
De acordo com os autores do relatório, as medidas de confinamento devido à pandemia tiveram um impacto profundo nas condições laborais, com muitas empresas a reduzirem atividade ou a encerrarem, o aumento da prevalência do teletrabalho e a implementação de políticas como o regime de lay-off simplificado.
Em 2020, constituíram-se menos 10 mil empresas do que no ano anterior, mas o número de dissoluções foi semelhante. Em 2021, até abril, já tinham sido encerradas mais quatro mil empresas do que no mesmo período de 2019. Janeiro de 2021 foi o mês com mais dissoluções (mais de cinco mil), o dobro do registado em janeiro de 2019 e 2020.
Durante a pandemia, as taxas de desemprego e de subutilização de trabalho aumentaram, sobretudo a partir de junho de 2020. No passado mês de abril já estavam próximos de valores pré-pandemia, com cerca de 7% e 13%, respetivamente.
Inscritos nos centros de emprego sobe 28%
O relatório refere ainda que o número de inscritos nos centros de emprego aumentou, entre fevereiro e dezembro de 2020, 28% para 375 mil, cenário justificado pelo aumento de 30% nos inscritos com educação secundária. Embora o número de inscritos com ensino superior também tenha aumentado, o relatório aponta que a recuperação foi mais expressiva para este grupo (redução de 12% entre janeiro e maio de 2021) do que para aqueles que tem no máximo o ensino secundário (6%) ou o básico completo (0.4%). O aumento mais significativo no número de inscritos face a 2019 acontece sobretudo na região do Algarve.
Os autores do estudo concluem que o salário médio aumentou de 929 para 982 euros, entre o primeiro trimestre de 2020 e de 2021. E explicam que “este facto sugere que a maior parte dos postos de trabalho destruídos são os de pessoas com salários mais baixos”.
A percentagem de pessoas em teletrabalho, no segundo trimestre do ano passado, era de 22,6%, sendo que, diminuiu progressivamente nos trimestres seguintes e voltou a aumentar no primeiro trimestre de 2021, para 20,7%. São os indivíduos com o ensino superior aqueles que mais frequentemente estão em teletrabalho, com uma prevalência, no primeiro trimestre de 2021, três a 21 vezes maior do que nos que têm ensino secundário e até ao básico, respetivamente.
Os autores do estudo concluem que o salário médio aumentou de 929 para 982 euros, entre o primeiro trimestre de 2020 e de 2021. E explicam que “este facto sugere que a maior parte dos postos de trabalho destruídos são os de pessoas com salários mais baixos”.
O número de contratos temporários (a termo e com recibos verdes) esteve desde o segundo trimestre de 2020 abaixo dos valores de 2019. Esta quebra é “mais concentrada nos mais jovens e nos indivíduos com ensino secundário ou menos”. Os autores ressalvam que o decréscimo foi parcialmente compensado com um aumento dos contratos sem termo, sobretudo nos indivíduos com ensino superior.
O relatório intercalar “A pandemia e o mercado de trabalho: O que sabemos um ano depois” foi elaborado pela Fundação “la Caixa”, em colaboração com o BPI e a Nova SBE. É da autoria de Susana Peralta, Bruno P. Carvalho e Mariana Esteves, do Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center. Este documento é um complemento do Relatório de Balanço Social, um projeto integrado na Iniciativa para a Equidade Social. O objetivo é traçar um retrato de como a pandemia tem afetado o mercado de trabalho em Portugal, nomeadamente as empresas e a população em idade ativa.