O ambientalista Vladimir Russo considera que há, neste momento, duas vertentes na relação ambiente/Covid-19. Uma negativa porque considera que o planeta Terra é vulnerável e dependente de modelos económicos não sustentáveis que tendem, nesses casos, a aumentar a desigualdade social, gerando efeitos negativos sobre o meio ambiente.
“O efeito tem sido negativo no sentido de que há uma maior pressão sobre os recursos naturais. Aquelas pessoas que dependiam de um emprego foram despedidas ou as empresas foram encerradas e agora procuram alternativas para se auto-sustentarem”, argumenta.
Porém, o também director-técnico da Holísticos, empresa que desenvolve estudos de impacto ambiental, ressalta que a Covid-19 trouxe de positivo para o meio ambiente a restrição social imposta ao mundo. As pessoas em confinamento, as indústrias paradas ou a funcionarem com um número reduzido de pessoal, provocando uma redução na produção de diversos bens, fez com que houvesse uma regeneração do ambiente.
Vladimir Russo, que já foi também director nacional do ambiente, exemplifica com o mundo aquático. Explica que parte dos oceanos que eram diariamente poluídos, estão agora aliviados e verifica-se o regresso de espécies marinhas como baleias e golfinhos em zonas cuja aparição era irregular.
“Portanto, se por um lado a Covid-19 ajuda a desacelerar o ambiente, permitindo que a terra se auto-regenere, por outro lado demonstra que a nossa dependência sobre os recursos naturais, do ponto de vista do consumismo, é bastante grande e isso pressiona ainda mais as espécies”.
O ambientalista alerta ainda sobre a forma como são usados os recursos naturais e apela para uma maior atenção ao desenvolvimento sustentável. Ou seja, é preciso entender que é necessário satisfazer as actuais necessidades sem, no entanto, esquecer as necessidades das gerações vindouras.
Para tal, conclui que “é necessário haver um desenvolvimento das actividades económicas e sociais que vão de encontro àquilo que temos disponível em termos de recursos naturais, pois temos sido autênticos consumistas”.