Com Donald Trump a demolir a ala leste da Casa Branca para dar lugar a um salão de festas com 8361 metros quadrados, o presidente está a voltar ao manual dos seus dias na Trump Tower: agir rapidamente, construir em grande e deixar os especialistas em preservação furiosos.
Em outubro de 1979, a Comissão de Planeamento de Nova Iorque aprovou uma licença especial para Trump construir uma torre de 56 andares no local da loja de departamentos Bonwit Teller, na Quinta Avenida.
Mais tarde, Trump escreveu em “The Art of the Deal” que, em dezembro de 1979, um representante do Metropolitan Museum of Art lhe pediu para doar duas esculturas em baixo-relevo Art Déco de 4,5 metros de altura, representando deusas seminuas, e uma grade de níquel de 4,5 por 7,5 metros da fachada do edifício destruido.
“Eu disse que, se os fragmentos pudessem ser salvos, ficaria feliz em doá-los ao museu”, escreveu Trump; mais tarde, ele confirmou o acordo por escrito, de acordo com a Preservation News, uma publicação do National Trust for Historic Preservation dos Estados Unidos.
Em junho de 1980, no entanto, as “esculturas foram destruídas por martelos pneumáticos”, enquanto a grade, que deveria ser enviada para um armazém em New Jersey, desapareceu, informou a Preservation News na época.
Trump disse que ordenou a destruição depois de ser informado de que o peso das peças exigiria “andaimes especiais por motivos de segurança”, atrasando o projeto em várias semanas.
“Eu simplesmente não estava preparado para perder centenas de milhares de dólares para salvar algumas esculturas Art Déco que eu acreditava terem um valor consideravelmente menor, e talvez nem tanto assim”, escreveu ele.
“Estamos certamente muito desapontados e bastante surpreendidos”, disse Ashton Hawkins, vice-presidente e secretário do conselho de administração do Met, ao New York Times, que publicou um artigo sobre a destruição na primeira página. “Consegue imaginar o museu a aceitá-las se não tivessem mérito artístico?”.
Trump anunciou na segunda-feira que tinha iniciado a construção do “novo, grande e belo salão de baile da Casa Branca”, acrescentando que a ala leste estava a ser totalmente modernizada como parte do projeto. As fotos mostraram que o trabalho envolvia a demolição da ala, levando o National Trust for Historic Preservation (Fundo Nacional para a Preservação Histórica) a pedir ao governo que “suspendesse a demolição até que os planos para o salão de baile proposto passassem pelos processos de revisão pública exigidos por lei”.
O salão de baile deverá acomodar entre 650 a 1000 pessoas e ter cerca de 8.361 metros quadrados — maior do que a Casa Branca, que tem 5.109 metros quadrados. A Casa Branca afirma que doadores privados estão a cobrir o custo de 200 milhões de dólares do projeto, incluindo 22 milhões de dólares que o YouTube pagou num acordo judicial com o presidente. A Casa Branca disse que o salão de baile “deve ser concluído muito antes do fim do mandato do presidente Trump”.
(Com Forbes Internacional/Zach Everson)