Qual tem sido o papel da inovação para o grupo Delta Cafés?
É essencial. Só com inovação é que conseguimos construir o futuro. Essa inovação fazemo-la dentro do grupo com o nosso projeto MIND e tudo aquilo que é o trabalho que vamos fazendo com os nossos colaboradores desenvolvendo novas ideias. E depois temos este projeto, o Disruption, que faz parte do Delta Ventures que é uma inovação de fora para dentro. Ou seja, como é que nós podemos trazer projetos que tenham sinergias com o nosso negócio, sendo que este é sempre um ponto de honra, para que possamos acrescentar valor à nossa empresa.
Os 61 anos do grupo Delta não limitam então a capacidade de se modernizar e inovar?
Não, diria bem pelo contrário. Hoje estamos mais inovadores e mais determinados em fazer este caminho da inovação do que nunca. A idade não é seguramente, nem a dimensão, devem ser um óbice ao crescimento por este formato da inovação.
Quais os projetos de inovação que têm marcado, nos últimos anos, a atividade do grupo?
Hoje temos três projetos muito interessantes, o Croffree, o Go Chill e o Slow Coffee, que são projetos que são do nosso molde. E depois temos hoje outros três em incubação que são a Why Not Soda, a Nãm e a + Horeca, todos eles projetos que vem de fora para dentro e todos com enorme sucesso.
Até que ponto esta aposta na inovação já está a levar o nome Delta além-fronteiras?
Sem dúvida que sim. Temos o caso da marca Why Not [desenvolvida pelo casal de empreendedores alemães Steffi e Nills] que já estamos a começar a vender fora de Portugal através das nossas redes de vendas, o que é muito bom. Neste caso, a Why Not já está em França. Por exemplo, hoje 50% da faturação da Go Chill já é feita fora de Portugal. No mês passado batemos o nosso recorde de vendas da Go Chill atingindo os 400 mil euros e metade desta faturação já foi feita fora de Portugal.
Neste momento, para que setores é que a Delta Ventures está a olhar e que pretendem apoiar?
O que pretendemos com o programa ‘Disruption 22’ é captar projetos para dentro. Não vamos colocar, à partida, limites ao que deve e não deve. Mas, seguramente, têm de ser projetos que bebam de alguma sinergia dentro do grupo, seja ela qual for. Por exemplo, a Nãm tem a sinergia do café, precisa da borra do café para existir porque é a sua matéria-prima. A Why Not vive da nossa capacidade industrial e de distribuição, também tem sinergia. A + Horeca vive dos mesmos clientes da restauração vendendo software. Tudo isto tem sinergias com o nosso grupo. É isto que procuramos: projetos que tenham sinergias e em que possamos nos envolver. Aqueles em que somos investidores não temos interesse. Podem ser projetos fantásticos, mas não são para ter cabimento dentro daquilo que é a Delta Ventures.
Em termos financeiros, qual tem sido a evolução da Delta Ventures?
Só a Delta Ventures como unidade de negócio, este ano, vai faturar um milhão de euros. Se pensarmos que há um ano faturou 200 mil euros, o ritmo de crescimento destas startups é muito acelerado. Estamos a falar de 600%, num ano, de crescimento. Aquilo que é a nossa expetativa é que, daqui a dois anos, cada uma destas startups sozinha fature um milhão de euros. Ritmos de crescimento muito acelerados para estas startups que têm um potencial de crescimento incrível vivendo, obviamente, dentro do nosso ecossistema. Acreditamos que aquilo que proporcionamos é um catalisador ao crescimento das startups e um benefício para nós é também termos os resultados associados no nosso grupo por sermos acionistas destas empresas.
Mas com o grau de maturidade e crescimento da Delta Ventures é uma unidade que ficará sempre no grupo ou poderá vir a autonomizar-se?
Não. O nosso propósito é ela ficar dentro do grupo exatamente porque queremos ir buscar sinergias. A Delta Ventures é uma unidade de negócio, não é uma empresa, que tem um conjunto de pessoas que ajuda a potenciar os negócios dos empreendedores que nos pretendemos trazer cá para dentro. Não há hipótese de se autonomizar porque ela existe por estar dentro do grupo.