Uma queda significativa no preço das ações, acusações criminais ou até mesmo erros estratégicos podem causar o colapso de uma carreira de sucesso. A Forbes compilou a lista anual dos maiores fracassos de carreira de 2024 onde nomes como o produtor P. Diddy, o ex-Presidente Joe Biden ou mesmo o português CEO da Stellantis, Carlos Tavares, que tinham tudo para continuar a dar cartas nas suas áreas de atuação perderam a cadeira do poder.
Joe Biden
O presidente de 82 anos em breve deixará a Casa Branca. Apesar do seu histórico económico invejável e do desempenho impressionante do mercado de ações, a tentativa de reeleição de Joe Biden foi marcada por controvérsias, com eleitores e membros do Partido Democrata a pedir que renunciasse. Um desempenho desastroso no primeiro debate presidencial do último ano marcou o início do fim para Biden. Isso levou a vice-presidente Kamala Harris a assumir a candidatura presidencial democrata, sendo derrotada de forma decisiva por Donald Trump.
Carlos Tavares
O ex-CEO da Stellantis, renunciou abruptamente em dezembro devido a divergências com o conselho de administração. Carlos Tavares foi criticado por uma abordagem centrada nos lucros de curto prazo, que levou a cortes de custos, aumento de preços e uma relação tensa com fornecedores e sindicatos. A sua gestão resultou em cortes de empregos e ameaça de greve pelo sindicato dos trabalhadores da fabricante nos EUA. Apesar do seu foco em margens de lucro, a pressão do sindicato e problemas laborais acabaram por desgastar a liderança do gestor português.
Dave Calhoun
Quando Dave Calhoun depôs em junho de 2024 perante legisladores sobre os problemas de segurança com o Boeing 737 Max, começou por pedir desculpas às famílias das vítimas dos acidentes com aviões da Boeing, antes de detalhar as falhas no processo de fabrico e admitir que os denunciantes da empresa foram retaliados. O CEO de 68 anos já tinha anunciado que deixaria o cargo até ao final do ano, mas em julho, um novo CEO, Kelly Ortberg, já estava no comando.
Dave Calhoun foi contratado como CEO em 2020 para reverter a situação da Boeing depois de dois acidentes fatais que mataram 346 pessoas. No entanto, a empresa continuou a registar problemas de segurança e de produção. No primeiro semestre de 2024, um incidente envolvendo uma porta que se abriu em pleno voo de um Boeing 737 Max 9 provocou audiências no Senado dos EUA e auditorias que expuseram falhas de controlo de qualidade. Em março, um denunciante da empresa foi encontrado morto. Em julho, a Boeing declarou-se culpada por enganar o governo americano sobre questões de segurança, mas um juiz federal do Texas rejeitou o acordo. Os problemas da Boeing persistiram, com um de seus aviões 737-800, operado pela Jeju Air, da Coreia do Sul, a cair no final de dezembro.
Sean Combs (P. Diddy)
A carreira do produtor musical, rapper e empresário do hip-hop Sean Combs, também conhecido como P. Diddy, entrou em colapso depois de uma série de acusações de abuso e tráfico sexual. Sean Combs foi preso pela primeira vez em setembro do ano passado, acusado de tráfico sexual, conspiração para extorsão e transporte para prostituição em Nova Iorque. Declarou-se inocente, mas passou o Natal numa prisão federal no Brooklyn, onde permanecerá até o julgamento, marcado para maio.
No auge da carreira, Combs acumulava uma fortuna de 740 milhões de dólares em 2019, com empresas de moda, fragrâncias e uma parceria com a marca de vodka Ciroc. Em junho, depois de gastos com honorários legais e o impacto na reputação, a fortuna foi avaliada em 400 milhões de dólares.
Em 2023 venceu três Grammys e recebeu o MTV Global Icon Awards.
Matt Gaetz
O deputado da Flórida Matt Gaetz, de 42 anos, foi indicado pelo presidente eleito Donald Trump para Procurador-Geral dos EUA. No entanto, a indicação foi ofuscada por uma investigação da Comissão de Ética da Câmara sobre acusações de sexo com menores e uso de drogas. Matt Gaetz retirou a candidatura uma semana depois. Embora a carreira política tenha sido abalada, o deputado já está a olhar além de Washington. Neste mês de janeiro, vai estrear um programa noturno no canal conservador One America News Network.
Claudine Gay
A ex-presidente da Universidade de Harvard anunciou a renúncia ao cargo no dia 2 de janeiro depois de enfrentar uma pressão crescente de legisladores e doadores da instituição para que deixasse o cargo ou fosse demitida. A sua gestão enfrentou duras críticas devido à forma como lidou com o antissemitismo no campus e a acusações de plágio. Os bilionários Bill Ackman e Len Blavatnik juntaram-se aos pedidos para que renunciasse, com este último a ter mesmo interrompido as doações para a universidade.
Claudine Gay foi a primeira presidente negra de Harvard e a única segunda mulher negra a liderar uma instituição da Ivy. A sua nomeação foi marcada por alegações de que ela havia obtido o cargo por causa da cor da sua pele. Apesar das críticas que recebeu, ativistas proeminentes saíram em defesa de Gay.
Emad Mostaque
A Stability AI, empresa fundada por Emad Mostaque, foi um gigante no setor de IA generativa, mas a má gestão, incluindo gastos excessivos, fez com que o fundador perdesse o controlo da empresa. Renunciou ao cargo de CEO em junho e perdeu o estatuto de acionista maioritário em outubro.
A empresa ganhou fama com o Stable Diffusion, modelo de IA que cria imagens, vídeos e músicas a partir de texto. No entanto, o crescimento da start-up foi marcado por exageros e falsas promessas, como a criação de modelos de IA personalizados para governos e supostos acordos com empresas como a Amazon. Além disso, houve falhas em impedir que a ferramenta gerasse conteúdo impróprio. A start-up ficou sem dinheiro, e alguns investigadores importantes pediram demissão.
Pat Gelsinger
Depois de três anos e meio de resultados abaixo do esperado, Pat Gelsinger deixou o cargo de CEO da Intel. Enquanto os concorrentes como Nvidia e AMD aproveitaram o boom da inteligência artificial, a Intel ficou para trás. Durante o último trimestre de Pat Gelsinger, a empresa reportou um prejuízo de 16,6 mil milhões de dólares, o maior da sua história.
Os analistas preveem que 2024 será o primeiro ano de prejuízo anual da Intel desde 1986. Além disso, um grupo de acionistas está a processar Gelsinger por má gestão da Intel Foundry, subsidiária de fabrico de chips, e exige o reembolso de três anos de salário.
Karen Lynch
A ex-CEO da CVS, uma das mulheres líderes mais poderosas dos EUA, perdeu o cargo depois de sucessivos resultados financeiros negativos. Os investidores de Wall Street já estavam a perder a confiança na liderança de Karen Lynch em agosto, perante várias revisões em baixa das expectativas de lucros. Em outubro, a gestora deixou o cargo e foi substituída por David Joyner.
Dan Schneider
O produtor da Nickelodeon foi alvo de duras críticas depois de o documentário “Quiet on Set: O Lado Sombrio da TV Infantil” revelar alegações de ambiente de trabalho tóxico e comportamento inadequado com jovens atores. O programa incluiu depoimentos de ex-estrelas infantis e membros da equipa que trabalharam com Schneider ao longo da carreira.
Acabou por pedir desculpas pelo seu comportamento, mas processou os produtores do documentário por difamação, com o argumento que as acusações de abuso sexual eram falsas. Apesar da controvérsia, Dan Schneider ainda está no ativo com os seus projetos, incluindo um filme baseado na série “Henry Danger”.
Com Forbes Internacional/Maria Gracia Santillana Linares