Não há dúvida de que o mercado português de data centers está a crescer no nosso país. As notícias de investimentos nesta área têm sido uma constante, à semelhança do que vai acontecendo também no resto do mundo. Estima-se que o investimento mundial em data centers atinja os 600 mil milhões de dólares (cerca de 518 mil milhões de euros) só este ano. Na senda deste panorama mundial, Portugal está também a consolidar-se como o novo Hub Digital da Europa, de tal forma que o valor do mercado dos data centers poderá ascender a 3,7 mil milhões de euros até 2031.
Esta é, pelo menos, a conclusão do estudo Market Outlook Data Centers Portugal 2025, o primeiro estudo completo sobre o mercado nacional de data centers realizado pela entidade nacional dedicada à promoção e desenvolvimento do ecossistema, a Portugal DC – Associação Portuguesa de Data Centers em parceria com a consultora europeia Pb7 Research. O relatório revela ainda que o setor já gerou 2.800 empregos diretos e indiretos e deverá ainda criar mais 9.400 postos de trabalho nos próximos cinco anos.
Um dos aspetos que impulsionam a atratividade nacional é a posição atlântica privilegiada de Portugal, uma vez que torna o país no grande ponto de interligação entre os vários continentes, apoiado por cabos submarinos internacionais.
Luís Duarte, presidente da Portugal DC, refere, em comunicado, que “Portugal reúne condições únicas (energia verde, conectividade internacional e estabilidade regulatória) para atrair operações de dados de grande escala”. O responsável sublinha ainda que “estamos a assistir a um salto estrutural na economia digital portuguesa.” Portugal está a ser considerado pelos operadores internacionais de cloud e de Inteligência Artificial como uma alternativa competitiva aos mercados saturados da Europa do Norte e Central. “Portugal tem uma oportunidade histórica de combinar energia verde com inovação tecnológica e captar investimento de longo prazo. (…) O desafio agora é transformar todo este potencial numa realidade económica estruturada e sustentável, que possa perdurar no tempo e alicerçar-se como motor de desenvolvimento com grande impacto também social. Neste sentido, o apoio político continuado será decisivo para manter o impulso do setor”.
“Portugal tem uma oportunidade histórica de combinar energia verde com inovação tecnológica e captar investimento de longo prazo”, afirma o presidente da Portugal DC, Luís Duarte.
Um dos aspetos que impulsionam a atratividade nacional é a posição atlântica privilegiada de Portugal, uma vez que torna o país no grande ponto de interligação entre os vários continentes, apoiado por cabos submarinos internacionais como o EllaLink, o Equiano, o 2Africa, o Nuvem, o Medusa e o PISCES, além dos novos pontos de intercâmbio de tráfego (IXPs) e da concentração de Transit Providers Tier. Rita Lourenço, vice-presidente da Portugal DC acrescenta que “Portugal deixou de ser periférico e tornou-se no ponto de ligação/cruzamento digital entre continentes (…). Esta conectividade transforma o nosso país num destino lógico para as empresas que precisam de baixa latência e de redundância global.”
Portugal destaca-se pela abundância de energia renovável
O avanço da Inteligência Artificial e da computação de alta densidade está a criar um nível de procura sem precedentes por infraestruturas energeticamente eficientes. Portugal destaca-se pela abundância de energia renovável, por custos energéticos competitivos e pela disponibilidade de terrenos adequados para instalações de grande escala, de que é exemplo, o Start Campus em Sines. Por outro lado, o nosso país tem ainda a vantagem da disponibilidade de energias de fontes renováveis. O setor português de data centers opera com um cabaz energético altamente renovável e que tem o compromisso de alcançar a neutralidade carbónica até 2045, ou seja, cinco anos antes da meta fixada pela União Europeia. Um posicionamento que poderá igualmente colocar o setor numa posição de vantagem à escala mundial. Os novos projetos nacionais neste setor já incorporam contratos de energia verde, a reutilização de calor residual e sistemas avançados de arrefecimento.
Porém, o estudo deixa alertas a ter em consideração: a existência de um défice de competências técnicas pode travar o ritmo de crescimento. Daí que se seja essencial a o reforço na formação em áreas STEM, programas de requalificação profissional e iniciativas de inclusão digital para atrair novos talentos.





