[atualizado às 10,35h, com resultado alcançado por António Félix da Costa na corrida na Índia]
António Félix da Costa, 31 anos, é o único piloto português que disputa a jovem, mas competitiva Fórmula E, uma espécie de “Fórmula 1 elétrica”, sendo um dos sete campeões que a modalidade já teve até ao momento nas oito épocas já cumpridas.
Este sábado cumpriu-se o e-Prix de Hyderabad, na Índia, a 4ª prova da temporada deste 9º Campeonato do Mundo da Fórmula E, e uma das novidades do calendário de 2023.
Para Félix da Costa, o circuito de Hyderabad, capital do Estado de Telangana, foi especial dado que foi o palco onde o piloto português fará a sua 100ª corrida da carreira na Fórmula E, depois de se ter estreado no campeonato em 2014/2015, na Malásia. E na 100ª corrida, Félix da Costa conseguiu subir pela 17ª vez na competição ao pódio, ficando no 3º lugar, atrás de Jean-Éric Vergne (1º) e Nick Cassidy (2º).
Na 100ª corrida, na Índia, Félix da Costa conseguiu subir ao pódio, ficando no 3º lugar.
Tendo entrado em pista (numa corrida que teve transmissão em direto às 9:20h, no Eurosport 2) no seu monolugar da equipa TAG Heuer Porsche, Félix da Costa juntou-se ao restrito lote de cinco pilotos centenários deste campeonato.
Félix da Costa disputa o Mundial de Fórmula E desde o seu início, em 2014, tendo sido campeão em 2020, na 6ª época da modalidade.
Depois de ter representado as equipas Amlin Aguri (época 1), Team Aguri (época 2), Andretti Formula E (época 3), MS&AD Andretti Formula E (época 4), BMW i Andretti Motorsport (época 5), DS Techeetah (épocas 6, 7 e 8), o piloto assume a camisola da TAG Heuer Porsche Formula E Team, recordando agora a estreia no campeonato em 2014, na Malásia, as vitórias mais memoráveis da carreira e o rápido desenvolvimento e futuro da primeira competição de monolugares elétricos do mundo.
Como foi a primeira corrida do António na Fórmula E? Ainda se lembra?
Claro que sim. Foi em novembro de 2014 em Putrajaya, na Malásia. Foi fascinante, mas muito duro. Especialmente porque estava muito calor no veículo e era fisicamente exigente. Conquistei pontos e tivemos um bom fim-de-semana, mas lembro-me de estar super cansado no final. Também participei no DTM nesse ano, pelo que houve alguns conflitos de calendário. Não fui capaz de participar na primeira corrida de Fórmula E em Pequim e, assim, a minha estreia foi na segunda corrida da história da Fórmula E.
E a primeira vitória?
Felizmente, não tive de esperar muito tempo. Ganhei em Buenos Aires em janeiro de 2015. Foi a quarta corrida da primeira temporada.
Qual foi a vitória favorita?
Tenho boas recordações de todas as minhas conquistas. As duas vitórias em Berlim foram particularmente especiais porque disputámos seis corridas em nove dias, devido ao confinamento. Isto aconteceu em 2020, ano em que venci o campeonato com uma vantagem de 71 pontos.
Numa ocasião mencionou que, no início, não acreditava realmente na Fórmula E. O que o convenceu do contrário?
A Fórmula 1 era o meu sonho. Eu tinha um pé na porta de entrada como piloto de testes para a Red Bull Racing. A ideia de competir numa competição totalmente elétrica parecia uma espécie de loucura. Para ser honesto, eu não estava no melhor estado de espírito naquela altura. Mas rapidamente entrei na Fórmula E. Tornei-me cada vez mais consciente da missão e das possibilidades da Fórmula E num mundo em mudança. Para mim foi, e ainda é, um desafio emocionante demonstrar em pista que os veículos elétricos não são aborrecidos, mas sim rápidos e eficientes. Não demorei muito tempo a perceber que esta competição tinha um futuro brilhante.
Até que ponto foi correta a sua análise?
Acertei em cheio. É incrível ver até onde chegou a Fórmula E. Isto também se aplica às pistas, aos pilotos, às equipas e aos adeptos. Hoje posso dizer, honestamente, que entrar na Fórmula E foi a melhor decisão desportiva da minha vida. Ganhei corridas e um título. É muito bom ver como a aceitação da Fórmula E tem crescido temporada após temporada em todo o mundo. É fantástico ver até onde chegámos em apenas nove anos. Não estava à espera que a competição funcionasse tão bem e tão depressa. Estou muito satisfeito com a evolução.
A Fórmula E traz a emoção do desporto motorizado às pessoas que vivem nas grandes cidades. Que outras mensagens pode transmitir?
De forma óbvia o desporto motorizado está em primeiro plano. Mas penso que em países como a Índia ou África do Sul não nos devemos limitar a apenas entusiasmar as pessoas com corridas. A Fórmula E representa muito mais, como por exemplo, a sustentabilidade e valores sociais importantes como a inclusão e a diversidade. Devemos aproveitar a oportunidade para sensibilizar e reforçar a consciência das pessoas que vêm ver-nos.
“A Fórmula E representa a sustentabilidade e valores sociais importantes como a inclusão e a diversidade”
Qual é a sua opinião sobre a importância da Fórmula E no desporto automóvel a nível mundial?
Muito tem acontecido em relação a este assunto nos últimos anos. O simples facto de a Fórmula E ser agora um campeonato mundial, e de um fabricante de automóveis de sucesso como a Porsche estar comprometido com este campeonato, demonstra a sua importância.
Esta temporada juntou-se à Porsche como piloto oficial. O que significa para si?
Sempre quis correr por esta marca e fazer parte da história da Porsche. Já fui derrotado pela Porsche várias vezes na minha carreira, e não apenas na Fórmula E, por isso sei que a Porsche faz tudo para ganhar. Está no ADN da marca. O grande início de temporada com três vitórias para o Porsche 99X Electric é a confirmação disso. Estou a trabalhar arduamente com os meus engenheiros para compreender que passos temos de dar para ter sucesso – de preferência na minha 100ª corrida. Encaixaria na perfeição.