Num presente cada vez mais digitalizado e automatizado, a maioria dos líderes e empresários consideram que o elemento mais importante para inovar é a tecnologia.
“Porém, esta não é uma garantia de resultados: o sucesso das empresas e organizações começa a ser altamente determinado por traços humanos, como criatividade, imaginação, intuição, emoção e ética, fazendo com que seja essencial promover uma cultura de inovação apoiada nas pessoas e num ambiente que permita a implementação de práticas e processos de gestão da inovação”, destaca a consultora de inovação colaborativa Beta-i.
“Os desafios da pandemia forçaram muitas empresas a adotar uma mentalidade inovadora a fim de se adaptarem a novas exigências em tempo recorde. Como tal, agora que a COVID-19 parece dar sinais de chegar ao fim, é essencial tornar este mindset numa parte permanente da cultura das organizações”, sublinha Susana Salgado, Head of Operations da Beta-i.
“Uma cultura de inovação é hoje uma vantagem estratégica num mercado cada vez mais feroz e deve ser uma responsabilidade de todos os níveis da empresa e não exclusiva de um só departamento”, acrescenta Susana Salgado, da Beta-i.
Assente na sua experiência de gestão em projetos internacionais de inovação colaborativa, a consultora Beta-i aponta cinco formas de como promover uma cultura organizacional apoiada na inovação:
Implementar um mindset colaborativo
“Cada organização é muito mais do que o seu mundo, sendo que aquelas que atingem o sucesso são as que constroem fortes colaborações com os seus colaboradores, clientes e parceiros externos”, refere a Beta-i.
Estes especialistas sublinham que, desde a definição de estratégia de negócio à execução de projetos, a colaboração garante mais e melhores ideias, mobiliza criatividade e dá robustez aos resultados finais de projetos de inovação: “É assim fundamental promover uma mentalidade aberta em projetos que deem origem a outras formas de pensar, aumentando o nível de motivação e participação de todos os stakeholders da empresa”.
Pensar como uma start-up
Uma barreira à inovação nas grandes empresas é, na maioria das vezes, a “burocracia”, salienta a Beta-i: algo que tende a retirar do horizonte o verdadeiro objetivo pelo qual determinado projeto está a ser desenvolvido e que também causa atrasos significativos na busca por um resultado final.
“Pensar como uma startup” implica dar espaço controlado ao risco, experimentando novas formas de fazer sem atacar o core business, afirma a Beta-i.
“Estes ambientes seguros para o ‘fazer diferente’ são cruciais para aprender, testar e advogar novas abordagens dentro das organizações. Desafiar métodos existentes e contorná-los, de forma a manterem-se competitivas, é algo que somente acontece a partir de experiências internas bem-sucedidas”, sublinham estes consultores.
Adotar uma estrutura horizontal no dia-a-dia
Estruturas altamente hierárquicas são também um entrave à inovação, evidencia a Beta-i. Para estes especialistas, é essencial o líder da empresa promover um canal de comunicação aberto entre a liderança e a restante equipa, informando sobre os objetivos da organização e justificando as suas decisões.
A Beta-i realça que é importante que todos tenham acesso aos decisores e a oportunidade de apresentar as suas ideias.
“O líder deve assim quebrar barreiras entre áreas de trabalho e criar um ambiente de geração e discussão de ideias, proporcionando o tempo e recursos para tal, seja dentro ou fora da empresa (inovação aberta). Ao mesmo tempo, é fundamental capacitar os colaboradores e dar-lhes autonomia e responsabilidade para pensar e descobrir as melhores abordagens para lidar com determinados desafios (intraempreendedorismo)”, diz a Beta-i.
Para esta consultora, “tal abertura não tem nenhuma relação com falta de foco ou de gestão”.
Construir equipas com base na diversidade
“A falta de diversidade de pensamento numa equipa é uma forma clara de bloquear a inovação”, aponta a Beta-i: “É importante que os líderes tenham a preocupação de construir equipas com perfis multidisciplinares e com perspetivas e competências diferentes, abrindo o canal para cada um partilhar as suas opiniões. Quanto mais ideias diversas existirem, maior hipótese a empresa tem de gerar soluções diferentes a serem testadas enquanto resposta aos seus desafios empresariais”, pormenorizam estes especialistas.
Tornar a inovação uma parte do recrutamento e do onboarding
A Beta-i lembra que na fase de recrutamento, é importante trabalhar com o departamento de recursos humanos para fazer do pensamento criativo uma parte importante da avaliação dos candidatos. De seguida, “é fundamental garantir que o processo de integração de novos colaboradores se concentra na partilha da visão da empresa, encorajando a inovação, e explicando como cada um pode contribuir para o seu desenvolvimento e crescimento”, prossegue o seu enquadramento a Beta-i.
“A prática e o envolvimento dos colaboradores em projetos de inovação podem, por sua vez, ser uma forma bastante simples de integrar abordagens de desenvolvimento de carreira, gestão de pessoas e inovação interna”, sugerem estes especialistas.