Perante o público, a rainha da televisão não se coíbe de ostentar o cognome de “saloia da Malveira”. É a imagem que, associada a uma vida de trabalho e à boa disposição omnipresente, a faz estreitar as margens que separam as estrelas e o cidadão comum. Talvez por isso conseguiu criar uma marca que hoje factura milhões de euros. No Facebook, exceptuando meia-dúzia de futebolistas internacionais e Sara Sampaio, “anjo” da Victoria’s Secret, a página Cristina Ferreira apresentadora da TVI (distinta da pessoal) lidera, com mais de 1,6 milhões de seguidores. Manuel Luís Goucha, seu parceiro do programa da manhã há 12 anos, tem 927 mil “gostos”, pouco mais de metade dos que Cristina já acumulou.
O blogue “Daily Cristina”, gerido por uma equipa profissional da empresa Luvin (em que Cristina tem uma participação de 20%) cobra, segundo apurou a FORBES junto de fonte do sector da publicidade, 4500 euros por cada post em que faz referência a um produto. Um valor bem discrepante dos 1000 a 2000 euros pagos por empresas à generalidade das restantes personalidades com visibilidade nas redes sociais. Cristina não desmente o valor, diz que até pode fazer a promoção de um produto de graça, mas esclarece: “se há uma marca construída que tem um peso como o da Cristina, é óbvio que se tem de pagar mais do que por outra pessoa”, diz.
Na edição de 2016 do estudo “Os portugueses e as redes sociais”, realizado pela Marktest Consulting – cujo objectivo é conhecer índices de notoriedade, utilização, opinião e hábitos dos portugueses face às redes sociais –, 67% dos utilizadores de redes sociais indicaram seguir figuras públicas. Dois em cada três indivíduos com perfil criados nesses sites são fãs de pelo menos uma personalidade. Cristina é a segunda pessoa mais “seguida” pelos portugueses – apenas é superada por Cristiano Ronaldo.
Na plataforma de partilha de fotografias Instagram, @DailyCristina já superou os 400 mil seguidores. O cunho de Cristina está ainda presente num perfume (Meu), num livro de culinária (“Deliciosa Cristina”), numa linha de sapatos e na revista com o seu nome – a publicação mensal tem sido, inclusive, o tema principal da sua conta no Twitter, com 15 mil seguidores.
A marca “Cristina” não nasceu propositadamente, garante. Foi crescendo à medida que o seu nome foi ganhando projecção. Cristina diz que só começou a perceber que era uma marca “quando toda a gente [o] começou a dizer. Não foi feito com este objectivo. Fui trabalhando para agarrar as oportunidades que me seriam dadas nesta área”, diz quem assegura não ter medo de arrancar com projectos. Lembra como a olhavam com desconfiança quando, num cenário de dificuldades na imprensa em papel, disse que ia lançar uma revista. Ainda que não tenha medo de largar um projecto que corra mal, considera que a imagem criada de que tudo o que faz dá certo lhe gera pressão junto das pessoas que não lhe admitem falhar. “Eu não estou aqui para perder, ponto! A vários níveis. Entre os quais, perder dinheiro”, diz. Mas sublinha que só faz o que gosta e em que acredita. “Tenho coisas em que trabalho por nada. Há coisas que eu faço que não são para ganhar dinheiro, mas correm bem e eu ganho.”
“Eu não estou aqui para perder, ponto! A vários níveis. Entre os quais, perder dinheiro.”
RAÍZES DA “PESPINETA”
Faltam pouco menos de dez minutos para o “Você na TV!” começar. Os dois apresentadores, Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha, já estão no plateau. Enquanto Manuel Luís vai conversando com o público, disparando graças, metendo-se com as pessoas, Cristina mantém-se sentada no cadeirão, compenetrada, a mexer no telemóvel.
O programa arranca e Cristina desperta. Os dois apresentadores parecem conduzir o programa com a naturalidade de um passeio no parque. Nenhum se atropela. Respeitam o espaço um do outro. Cristina sabe o que faz e sabe o seu papel na economia do programa. Mas até aqui chegar teve de trilhar um longo caminho.
Para testemunhar o início da sua carreira, não há alguém melhor do que, precisamente, Manuel Luís Goucha. O antigo chef foi um dos professores de um curso de apresentação de televisão, criado por Emídio Rangel, e leccionado na Universidade Independente. Cristina, ainda fresca do fim da licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade Autónoma de Lisboa, era só mais uma aluna. Manuel Luís conta à FORBES que, nesse curso, lançou um desafio aos formantes: que o entrevistassem. Invertiam-se assim os papéis. “Lembro-me que a pessoa que tinha feito o melhor trabalho de casa tinha sido a Cristina”, recorda. Mais tarde, no projecto “Olá Portugal” – o programa da manhã que antecedeu o “Você na TV” – apresentado a solo por Manuel Luís, uma jovem repórter Cristina Ferreira, já na TVI, aborda-o numa conversa e diz-lhe: “um dia iremos trabalhar juntos”. “Reagi muito mal a isto. Lembro-me de chegar a casa e pensar no atrevimento. Uma pespineta a querer trabalhar comigo. Mas quem era esta pirralha?”, recorda com humor. Anos mais tarde, quando a direcção da TVI resolve fazer alterações na faixa da manhã, criando um programa novo com uma dupla de apresentadores, o nome de Cristina foi proposto ao apresentador. Ele escolheu-a. À época, Cristina “era uma rapariga com vinte e tal anos, a tentar perceber qual o seu espaço”, recorda. O tempo mostraria que seria uma dupla de sucesso.
Tal como na televisão, também nos negócios as ideias de Cristina fluem à velocidade da luz. “Ela está lá sempre em todos os projectos. É uma pessoa brilhante na gestão”, diz Manuel Luís. O decano da televisão sublinha também o secretismo da apresentadora – “ninguém sabe das coisas em que ela está metida até ao dia em que aparecem”. Já Júlia Pinheiro acha extraordinário que o fenómeno da metamorfose de uma figura pública numa marca tenha acontecido em Portugal. “O país nunca teve uma experiência destas”, diz a apresentadora à FORBES. Apresentadores com negócios, sim, mas “declinações de uma pessoa como produto é a primeira vez que acontece.”
Júlia, que trabalhou com Cristina durante nove anos, até à sua saída para a SIC, em 2011, resume a capacidade de influência de Cristina da seguinte forma: “é uma conjugação de proximidade com algo de aspiracional.”
“Comecei do zero e o prazer da conquista tem muito mais graça que o prazer da herança.”
TOTAL DEDICAÇÃO
A mulher que detesta papéis diz-se “muito forreta”. Admite, com mais uma gargalhada, que ter acompanhado os tios feirantes em miúda lhe deu bagagem. Assume-se “do pior que há para regatear”, ao ponto de clientes ciganos da sua loja lhe dizerem, na paródia, “você é mais cigana que nós a fazer as coisas”. Diz que o dinheiro não é o fito de tudo o que faz e que poderia ser apenas apresentadora de televisão e ter uma vida confortável, com “muito mais dinheiro que a maior parte das pessoas neste país tem”. Mas isso não lhe enche as medidas.
Cristina vem de uma família de gente trabalhadora e ela própria o é. De si já disse também que semeou feijões com a avó, andou de tractor com o pai, foi a pé para a escola e a festa da aldeia é a que lhe dá mais prazer. Em público está sempre sorridente, fala e ri-se alto. Há quatro anos, sobre a imagem da “saloia da Malveira”, disse ser a primeira a brincar com isso e que não lê naquele adjectivo um sentido pejorativo, mas sim ser esperta, inteligente e arisca. “Comecei do zero e o prazer da conquista tem muito mais graça do que o prazer da herança”, diz.
Os anos da crise em Portugal têm coincidido com a explosão da marca Cristina. Mas antes de tudo isso, em 2006, nasceu o primeiro negócio de Cristina. Foi o arranque da Casiraghi Forever, uma loja de roupa na sua terra. Cristina revela à FORBES que, na altura, foram várias as vozes que lhe disseram coisas como, “isso acontece a todos, daqui a um ano está fechada, de certeza absoluta”. Hoje, afirma-se “muito feliz” porque, afinal, a loja ainda existe. “Se calhar tenho um lado de negócio entranhado na pele que pode não existir noutras pessoas. Eu gosto genuinamente de tudo isto”. Cristina assume que não pensa na concentração dos produtos que envergam o seu nome numa só empresa – ainda que, em função de uma avaliação futura dos negócios, não descarte vir a fazê-lo no futuro.
Apesar de no lado de fora da “caixa mágica” os negócios estarem a correr de vento em popa, Cristina sublinha que, acima de tudo, é apresentadora de televisão. “Continuo a acreditar que aquilo é o meu papel principal no meio de tudo o que consegui construir.” Lurdes Guerreiro, directora-geral da Endemol Portugal e amiga de Cristina, conta à FORBES que se recorda da apresentadora ainda ela era mera repórter no “Big Brother 4”. Lurdes salienta como grande vantagem de Cristina a capacidade invejável de encontrar soluções no momento e de trazer ideias para os programas. “Não é muito comum nos apresentadores”, assegura. Responde a e-mails e a mensagens “na hora”, envia links de vídeos do Youtube, dá ideias constantemente. “A Cristina está sempre disponível. Para quem produz, é uma mais-valia extraordinária”, diz.
À IMAGEM DE UMA DIVA
Só saiu de casa dos pais aos 30 anos, mas nunca da Malveira. É lá que tem o seu chão – “onde me sinto Cristina para além disto tudo”. Toda esta mensagem é uma estratégia que a apresentadora diz ser pessoal e nunca para os outros. “Isso tem feito com que eu tenha conseguido ter os pés bem assentes na terra. Com tudo o que me foi acontecendo poderia ter-me deslumbrado e virado até parva”, diz. As palavras não são atiradas para o ar. Têm razão de o ser. Só no ano passado, a sua empresa (Cristina Ferreira Lda.) facturou mais de 1 milhão de euros e o seu perfume foi um estrondoso sucesso de vendas: mais de 200 mil unidades vendidas. O feito foi de tal ordem que Cristina tornou-se embaixadora internacional da LR Health & Beauty Systems ao lado de personagens como o actor norte-americano Bruce Willis. “A Cristina é uma parceira de negócio fabulosa. Muito criativa e sempre a procurar formas de chegarmos mais longe, de nos destacarmos e acima de tudo surpreendermos”, refere Luís Mateus, country manager da marca.
A imagem e a forma de estar de Cristina ao longo dos anos tem sido consistente. E isso tem sido a sua grande mais-valia, pois é algo que as marcas valorizam bastante. O outro é a coerência. “Independentemente do que acham dela, é coerente
e consistente. Ela é assim, é natural”, diz Ricardo Mena, director de mestrado em gestão de marketing do IPAM Porto. “Em Portugal, o pessimismo é reinante, e ela tem sempre um sorriso”, nota o professor, apontado a necessidade de ser o que se tem de único, muito tempo e de forma consistente, como fundamental para a criação de uma grande marca.
Comparar Cristina a Oprah é, no mínimo, tentador. “Há quem diga que eu sou a Oprah portuguesa quando isso é impossível, dadas as escalas de diferença entre os dois países. Mas se me orgulho de conseguir muitas das coisas que ela também conseguiu num país tão pequeno como o nosso? Sim!” Quando lhe perguntamos se é vaidade que a leva a aparecer na capa de dois terços dos números já publicados da revista “Cristina”, rechaça a ideia e diz: “Não! É mesmo uma questão de posicionamento. É isso que queremos, é isso que faz sentido. Se formos à Oprah [voilà!], pelo contrário, só não esteve em duas capas.”
Nuno Santiago, responsável da editora que publica a revista “Cristina”, diz que “esta é formalmente da Masemba”. Mas Cristina realça que é muito importante para a publicação. Sem mim ela não existiria. Tem o meu nome.” E vai mais longe. “Os projectos nos quais estou não existiriam se não estivesse lá. Eu consegui juntar isso tudo, e acho que é dessa mistura que me impus enquanto marca”.
As personalidades que assentam qualquer negócio ou produto no seu nome projectam-se a si mesmos, e qualquer coisa que façam aumenta ou diminui o valor da marca. Talvez por isso Cristina assegura na verdade a chave do seu sucesso. “Não digo nada que não sinta, não faço nada em que não acredite”, diz. E dá o exemplo da Medicare, a que só se ligou depois de colocar pessoas da sua confiança a testar os serviços – “eu testei a marca. Nunca lhes disse. Estou a dizer-vos a vocês pela primeira vez”. Na hipótese de a seguradora falhar nos serviços, será Cristina que falará com o seu público. “Acho que já construí esse valor de confiança por parte daquilo que digo e as pessoas acreditam nisso”. Um rigor que David Legrant, presidente executivo da seguradora, descreve como um dos valores que levaram a empresa a escolhê-la para embaixadora. “A associação da nossa marca teria sempre de ser feita com alguém que dentro do nosso mercado fosse uma referência, um modelo”, refere.
Tal como na televisão, também nos negócios as ideias de Cristina fluem à velocidade da luz. “Ela está lá sempre em todos os projectos. É uma pessoa brilhante na gestão”, refere Manuel Luís Goucha.
VOAR AINDA MAIS ALTO
A associação de Cristina a um seguro de saúde cabe na flexibilidade da sua marca (“brand stretcht”), porque é vista como mulher activa e especialista em bem-estar, explica Carlos Coelho, presidente da Ivity. O especialista em marcas realça que “temos de perceber em cada uma das pessoas o que elas podem representar e junto de quem têm credibilidade”. Recordando o caso da Coca-Cola, que chegou a vender, sem sucesso, vestuário, Carlos ressalva que “o que a Cristina tem feito é o caminho de ser mensageira de um conjunto de princípios que as pessoas seguem”.
Construir e amplificar uma marca e tirar disso proveito em termos financeiros é difícil, porque exige talento, trabalho. A que acresce a necessidade de ter uma equipa profissional para apoiar a “estrela”. O proprietário da Ivity lembra Herman José, a grande estrela da televisão no final do século XX, mas com uma gestão amadora, em que era pouco mais que ele e o seu talento. “A Oprah tem uma máquina muito grande para tirar partido da capacidade de influenciar. É uma organização, não é só talento”, reforça Carlos, que aponta em Cristina um caminho sustentável, contrariando os típicos ciclos de notoriedade pequenos. “É impossível fazer tudo sozinha, como é óbvio. Mas eu estou em tudo, e ninguém toma uma decisão sem eu ter visto ou dito que sim”, conta Cristina. Contudo, salienta que, apesar de muitas das ideias partirem dela, a sua equipa é vital para as coisas correrem bem, sobretudo nas alturas em que ela própria precisa de um travão. “Preciso que, de vez em quando, digam: ‘calma, isto pode não ser bem assim’. E sejam capazes de me dar outras visões”, comenta.
Ricardo Mena aponta como exigências para a criação de uma marca a definição do território da marca, o crescimento e manutenção da presença no mesmo, e a ocupação do espaço mental na categoria de mercado em que se aposta “Se lhe falar de tecnologia, lembra-se da Apple. Bebida, a Coca-Cola. Quando falamos de mulher de sucesso quantas ocupam o espaço mental? O que a Cristina fez foi criar o espaço dela”. Uma tarefa que implica um desgaste tremendo: “Qualquer erro, ela paga”.
Cristina, que tem uma licenciatura em Ciências da Comunicação, considera-se uma marketeer e diz que “tudo é comunicação, e se calhar é por aí que as coisas funcionam: porque as comunico de forma diferente do que estamos habituados em Portugal”. O poder de comunicação de Cristina é tão forte que, olhando o primeiro número da sua revista, assoma-se um paralelo com outro ilustre “profissional dos afectos”, que também construíu a sua marca na televisão – e em boa parte também na TVI, e que hoje é Presidente da República.
“Se ele não fosse assim, genuinamente, aquilo que nos pode parecer profissional não seria feito daquela forma”, diz Cristina, num argumento que poderia servir para se defender a si própria perante a impressão de que a sua postura pública tem incorporada uma dose de teatro.
Cristina até admite chegar um dia a presidente. Mas para já só como edil. E candidatar-se às próximas autárquicas pela sua Malveira? “Claro que não!” Mas depois da gargalhada, os eventuais caciques da zona saloia ficam desde já avisados: “Toda a gente me fala da minha entrada na política. Mas estejam descansados que não vou concorrer a nada enquanto tiver muita coisa para fazer nas muitas tarefas que tenho diariamente. Se um dia, quando tiver essa disponibilidade, achar que poderei ajudar, porque não? Não o faria por outra terra a não ser pela Malveira. Não nego isso, mas nunca seria antes de ter uns 50 ou 60 anos.” Cristina tem 39.
O primeiro negócio
Ainda não tínhamos terminado a pergunta sobre a origem do nome da sua loja de roupa e já Cristina cortava a palavra com uma gargalhada: “isso é a pergunta para 1 milhão de dólares.” A empresária não explica o porquê do nome Casiraghi Forever, em que se usam as iniciais CF. Bem-disposta, diz apenas que, “se calhar, por ninguém saber o que o nome quer dizer, é que ainda está aberta.”
A decisão de abrir o seu primeiro negócio na sua Malveira, e não em Lisboa, foi uma batalha sua. “Quero que a Malveira, a minha terra, tenha uma loja diferente de todas as outras e que as pessoas tenham que vir cá. Todos os dias recebo pessoas da Madeira, da Suíça, do Luxemburgo. Sinto-me feliz por contribuir para a divulgação da minha terra, onde fui sempre muito feliz”, afirma. Expandir o negócio para lá da Malveira? Talvez. “Como podem calcular já tive essas propostas 544 mil vezes, a sedução de uma loja em Lisboa passa-me várias vezes pela cabeça, devo confessar, mas como sei que não terei tempo suficiente, não avanço”.
Campeão de audiências
No passado dia 13 de Setembro, o “Você na TV!” celebrou 12 anos de emissão. O programa começou em desvantagem depois de dois anos e duas versões do programa antecessor, “Olá Portugal”, apresentado a solo por Manuel Luís Goucha. O líder era, à época, o “SIC 10 Horas” de Fátima Lopes. Em 2004, a TVI resolveu fazer com que o programa da manhã passasse a ser assegurado por uma dupla. “Percebi rapidamente que o sucesso do projecto tinha de passar pela parceria”, recorda Manuel Luís à FORBES. Cristina Ferreira já tinha tido uma experiência anterior nos diários do “Big Brother” e como repórter do espaço noticioso “Diário da Manhã”. A empatia dos apresentadores, combinada com ajustes no conceito do programa, foi decisiva para o alavancar dos ratings. Segundo dados da Marktest fornecidos à FORBES, em 2004 o programa teve uma audiência média de 2,5%, que representa uma média de 237 mil espectadores.
Em 2016, a média é, até agora, 4,3% de audiência e 413 mil espectadores diários.
Menos leitores da Cristina
No bimestre de Maio e Junho de 2016, a revista Cristina, publicação da Masemba, teve números de circulação (que engloba vendas em banca, vendas em bloco, assinaturas e ofertas) equivalentes a um terço dos registados no início, segundo a Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT). A revista mensal mais vendida no segmento Femininas/Moda, do qual a “Cristina” faz parte, é a “Happy Woman”, com uma circulação média de 86 mil exemplares por bimestre. Só no bimestre de lançamento é que “Cristina” superou a líder do mercado.
Nuno Santiago, director-geral da Masemba (que formalmente tem o título, explica Nuno), diz que a audiência média é de 275 mil pessoas, das quais 20% homens, com venda em banca próxima dos 60 mil exemplares. Valor bem ultrapassado pela “Cristina” de Setembro, a que leva Manuel Luís Goucha na capa, terceiro dos 19 números já publicados que esgotou. E, tal como anunciou Cristina Ferreira, já obrigou a uma terceira tiragem.
De um blogue nasce uma empresa
O blogue “Daily Cristina” foi lançado em 2013 e ajudou a potenciar ainda mais a notoriedade de Cristina Ferreira, refere Inês Mendes da Silva, gestora de carreira da estrela da televisão (através da Notable) e responsável da Luvin, empresa em que Cristina tem uma participação de 20% e onde tem o seu blogue. No arranque, o “Daily Cristina” atingiu cerca de 5 milhões de page views (quantidade de vezes que são visualizadas páginas, não necessariamente o número de visitantes únicos), estabilizando depois nos 3 milhões. Hoje, o blogue é uma fonte de rendimento substancial para a Luvin e a principal razão para o nascimento desta agência digital. Só em 2015, a Luvin facturou perto de 250 mil euros, quase que duplicando a facturação do ano anterior. Alavancada pelo “efeito Cristina”, a empresa conta ainda com um portefólio de outros blogues de figuras públicas.
As marcas mais fortes
A chegada de Cristina ao ramo do calçado ocorreu quando uma paixão sua se cruzou com o sentido de oportunidade da Nolive, representante nacional da Hush Puppies, que propôs à apresentadora uma linha de produtos. Se no início era para ser um projecto de curto prazo, foi repensado quando a empresa analisou o sucesso, levando à criação da marca Cristina Ferreira, diz-nos Nancy Oliveira, directora-geral da Nolive, referindo que o negócio “corre acima das expectativas e em crescendo desde a primeira colecção.” Neste projecto, Cristina diz que a sua dedicação é total. “Só não pego na carrinha para entregar os sapatos, de resto passa tudo por mim. As escolhas passam por mim, os desenhos passam por mim, a forma como se vai fazer a campanha passa por mim, as decisões passam todas por mim”.
Mas os sapatos não são caso único. O portefólio de marcas que se tem associado a Cristina para alavancar a sua notoriedade e negócio estende-se a outros sectores. É o caso da Medicare, que tem promovido as suas apólices de seguro na imagem de Cristina, e que segundo David Legrant, presidente executivo da seguradora, tem produzido um “retorno claramente positivo.” A marca Cristina tem ainda uma ligação por via de contratos de licenciamento e pagamentos de royalties com a LR Health & Beauty Systems, em que Cristina conta com um perfume de marca própria (“Meu by Cristina Ferreira”), que soma já com mais de 200 mil unidades vendidas. “O ‘Meu’ é o perfume mais vendido na história da LR a nível mundial”, refere Luís Mateus, country manager da marca.
Os 10 maiores do Facebook
Atraem verdadeiras legiões de fãs nas redes sociais. Um post seu gera milhões para as marcas. Cristina Ferreira é uma das 10 personalidades nacionais mais poderosas da rede de Mark Zuckerberg.
À sua frente, só as maiores estrelas do futebol nacional e Sara Sampaio, um dos “anjos” da Victoria’s Secret.
Cristiano Ronaldo
Idade: 31
Seguidores: 117 milhões
“Pessoas que falam sobre isto”*: 4 milhões
Número de posts nos últimos
três meses: 154
A paixão pelo futebol e pela imagem, o estilo de vida faustoso e os milhões que ganha alimentam inflamadas discussões. Na última época foi o futebolista mais bem pago do mundo. Na cadência de posts que publica no Facebook está, neste ranking, apenas aquém
de Cristina.
2. Pepe
Idade: 33
Seguidores: 11 milhões
“Pessoas que falam sobre isto”*: 51 mil
Número de posts nos últimos três meses: 9
Képler Laveran Lima Ferreira, conhecido por Pepe, chegou a Portugal aos 18 anos para jogar no Marítimo, de onde seguiu para o FCP. Naturalizado português, foi chamado à selecção. Vilão no Mundial de 2014, quando cabeceou Thomas Müller, foi um dos heróis do Euro 2016. Na final contra França foi eleito homem do jogo.
3. Nani
Idade: 29
Seguidores: 7,3 milhões
“Pessoas que falam sobre isto”*: 33 mil
Número de posts nos últimos três meses: 63
Nascido para o futebol no Real Massamá, tornou-se estrela do futebol no SCP, motivando a cobiça do Manchester United, onde se juntou a CR7. Em 2014 voltou a Alvalade por empréstimo e regressou ao firmamento. No ano passado, o Manchester cedeu o jogador ao Fenerbahçe, de onde o campeão do Euro 2016 se transferiu para o Valência.
4. Fábio Coentrão
Idade: 28
Seguidores: 6 milhões
“Pessoas que falam sobre isto”*: 3,6 mil
Número de posts nos últimos três meses: 9
O companheiro de Ronaldo e Pepe no Real Madrid conta, à partida, com a legião de fãs do clube espanhol um pouco por todo o mundo para obter notoriedade. Está de regresso à competição, depois do empréstimo ao Mónaco e da lesão que o impediu de ir ao Euro 2016.
5. Ricardo Quaresma
Idade: 33
Seguidores: 3,5 milhões
“Pessoas que falam sobre isto”*: 81 mil
Número de posts nos últimos três meses: 57
Apontado como temperamental, é contemporâneo de Ronaldo no SCP. Saiu para Barcelona, onde não vingou, tal como em Milão, no Inter.
Na primeira das duas passagens pelo FCP esteve na lista dos 50 candidatos à Bola de Ouro. Passou ainda pelo Chelsea, Al-Ahli e Besiktas, onde joga. O homem da trivela ganhou o Europeu de sub-17 no ano 2000 e o Euro 2016 pela equipa A.
6. Sara Sampaio
Idade: 25
Seguidores: 2,5 milhões
“Pessoas que falam sobre isto”*: 150 mil
Número de posts nos últimos três meses: 141
É um dos “anjos” da marca de lingerie Victoria’s Secret. Já apareceu em revistas como GQ, Elle, Vogue, Glamour e na Sports Illustrated. É actualmente das modelos nacionais mais requisitadas pelas grandes marcas.
7. Raul Meireles
Idade: 33
Seguidores: 2,4 milhões
“Pessoas que falam sobre isto”*: 2 mil
Número de posts nos últimos três meses: 10
A longa barba e as tatuagens são imagem de marca do jogador internacional português que foi campeão europeu de clubes pelo Chelsea – para o qual se transferiu a partir do Liverpool, onde ingressou ido do FCP. O seu último clube foi o Fenerbahçe, da Turquia.
8. Cristina Ferreira – TVI
Idade: 39
Seguidores: 1,6 milhões
“Pessoas que falam sobre isto”*: 109 mil
Número de posts nos últimos três meses: 288
Com Rita Pereira, que a segue no ranking, partilha o facto de ser uma personalidade com exposição sobretudo em Portugal, ao contrário das “emigrantes” Daniela Ruah e Sara Sampaio, e dos futebolistas, todos internacionais pela selecção portuguesa e a jogar em clubes estrangeiros. A visibilidade internacional advém da revista, sapatos e do perfume “Meu by Cristina Ferreira”, de que é embaixadora ao lado de Bruce Willis.
9. Rita Pereira
Idade: 34
Seguidores: 1,4 milhões
“Pessoas que falam sobre isto”*: 61 mil
Número de posts nos últimos três meses: 86
Lançada para o sucesso em “Morangos com Açúcar” há 12 anos (já depois da estreia numa novela anterior e de ter apresentado o programa SIC Altamente), em 2010 foi uma das premiadas nos Emmy internacionais quando “Meu Amor”, da TVI, recebeu o prémio de melhor novela – altura em que a actriz, que é também modelo, criou “buzz” mediático aquém e além-fronteiras quando uma repórter norte-americana a questionou sobre o decote do seu vestido.
10. Daniela Ruah
Idade: 32
Seguidores: 1,1 milhões
“Pessoas que falam sobre isto”*: 72 mil
Número de posts nos últimos três meses: 18
Nasceu em Boston, EUA, e aos cinco anos veio para Portugal, onde estudou no colégio Saint Julian’s, em Carcavelos, o que ajudou ao seu inglês sem sotaque. Aos 16 anos estreou-se como actriz na novela da TVI “Jardins Proibidos”, seguindo-se outras novelas e a vitória no programa “Dança Comigo” da RTP, em 2006. Tornou-se estrela na série da cadeia norte-americana CBS, “NCIS Los Angeles”, na qual protagoniza a agente Kensi Blye. Ao fim de sete anos no ar, a série vai entrar na oitava temporada.