O setor de crédito em Portugal demonstrou uma “recuperação notável em 2024”, após as retrações registadas em 2023. De acordo com uma análise dos intermediários de crédito da Simplefy, o mercado do crédito à habitação “retomou um crescimento robusto, impulsionado pela estabilização das taxas de juro, políticas macroeconómicas favoráveis e medidas governamentais de apoio à habitação, designadamente o apoio ao crédito jovem e a suspensão das comissões de reembolso antecipado que “também tornaram o crédito mais acessível”. O crédito ao consumo apresentou, igualmente, sinais positivos, “com uma estabilização e ligeiro aumento no montante concedido”.
“O setor experimentou algumas flutuações ao longo ano. Verificou-se um crescimento moderado no primeiro trimestre, uma aceleração no número de contratos de crédito à habitação no segundo trimestre e uma ligeira desaceleração no terceiro trimestre motivada por fatores sazonais, como o período de férias, e uma certa cautela face a sinais de inflação, seguida de uma retoma no quarto trimestre”, analisa a Simplefy.
Estas flutuações foram impulsionadas “pela redução e estabilização das taxas de juro que contribuíram para o aumento da procura por crédito, enquanto políticas regulatórias favoráveis, como o alívio no teste de esforço, facilitaram o acesso ao crédito e dinamizaram o mercado”, apontam estes analistas.
“A confiança do consumidor foi reforçada pela melhoria dos indicadores económicos e pela estabilidade política. Contudo, o aumento dos preços imobiliários, apesar de impulsionar o valor global do crédito, reduziu a procura por parte de algumas famílias”, conclui a empresa.
A Simplefy antecipa ainda as seguintes tendências de mercado para o próximo ano:
- Estabilização das taxas de juro: “Após a primeira descida da taxa de referência do Banco Central Europeu (BCE) em 2024, espera-se uma continuidade desta política monetária mais acomodativa em 2025. As taxas de juro de curto prazo deverão diminuir, facilitando o acesso ao crédito e reduzindo os custos de financiamento para as famílias e empresas”.
- Aumento da procura por crédito à habitação e ao consumo: “Impulsionado pela estabilização das taxas de juro e pela confiança dos consumidores na recuperação económica”.
- Foco na sustentabilidade: “As instituições financeiras deverão intensificar a oferta de produtos de crédito que promovam a sustentabilidade ambiental, como financiamentos para energia renovável e habitação sustentável, alinhando-se com as preocupações crescentes dos consumidores e com as metas europeias de descarbonização”.
- Inovação e Digitalização: “A digitalização continuará a ser uma tendência dominante, com a adoção de tecnologias emergentes como inteligência artificial, blockchain e análise de big data, melhorando a eficiência operacional e a experiência do cliente”.
- Mudanças para o cliente: “Para um consumidor que necessite de recorrer ao crédito em 2025, várias mudanças serão notórias, nomeadamente nas condições de financiamento mais atraentes, com taxas de juro mais baixas e critérios de concessão mais flexíveis, aumentando a aprovação de empréstimos. A oferta de produtos de crédito será mais personalizada, ajustada às necessidades específicas de cada cliente, com recurso a análise de dados sofisticada. A experiência digital será melhorada, com processos mais ágeis e convenientes através de plataformas intuitivas. Finalmente, haverá maior transparência e educação financeira, com informação clara para ajudar os clientes a tomar decisões informadas”