A Biovilla é uma cooperativa para o desenvolvimento sustentável na Arrábida que inclui um Turismo de Natureza, uma horta orgânica, um mercado biológico, espaços para eventos e um programa de apoio à criação de autoemprego.
A pensar no retorno ambiental, social e financeiro, a cooperativa está agora a investir na expansão das instalações, aumentando o número de quartos e área interior do edifício principal para refeições e formações, acrescentando um reciclador de águas cinzentas, um centro de atividades ao ar livre e um centro de atividades para as crianças assente nos princípios da Permacultura.
200 mil euros serão angariados via GoParity, plataforma de financiamento colaborativo.
Depois de uma primeira ronda de financiamento bem sucedida (de um milhão de euros), a Biovilla avança agora para uma segunda ronda de angariação de fundos num montante total de um milhão de euros, com cerca de 20% dessa nova verba – 200 mil euros – a ser proveniente da GoParity, plataforma de financiamento colaborativo.
Cerca de 80% do financiamento dessa segunda ronda de financiamento já foi, de resto, obtido, através do Turismo de Portugal, dos programas CO3SO+, Portugal Inovação Social e do Banco Montepio, com grande parte do valor obtido a fundo perdido.
Financiamento quer incluir sociedade civil
A particularidade está no facto de, “com o propósito de incluir a sociedade civil”, como salientam os responsáveis da cooperativa, 200 mil euros vão ser financiados pela GoParity, que vai recorrer aos investidores da plataforma para emprestar capital ao projeto, permitindo participações desde cinco euros.
Ao retorno mensal é acrescida uma taxa de juro de 4,75% do investimento realizado, após o período de carência de um ano. Qualquer pessoa, desde que maior de idade, pode inscrever-se na plataforma e participar.
Para além dos juros, os investidores que financiarem o projeto em mais de dois mil euros, vão poder converter esse montante em títulos de capital na Cooperativa Biovilla, uma vez que se trata de um empréstimo conversível (com opção de conversão em títulos de capital social da Biovilla).
O modelo de financiamento é de dívida conversível em títulos de capital e em descontos em produtos e serviços.
Um título de capital corresponde a 500 euros, sendo que são necessários quatro títulos, ou seja, 2 mil euros, para que se possam tornar cooperantes.
Os investidores que tomem essa decisão juntar-se-ão ao grupo dos onze atuais cooperantes da Biovilla.
Estes investidores, podem ainda usufruir desta comunidade através de descontos em produtos e serviços, noites de alojamento e possibilidade de co-living em algumas alturas do ano.
Com a ampliação das infraestruturas a área de intervenção do projeto, que está instalado presentemente em 55 hectares no Parque Natural da Arrábida, vai duplicar, “permitindo receber e impactar mais pessoas e expandir a missão da Biovilla”, referem os promotores da iniciativa.
Quando concluído o projeto, a Biovilla espera ter capacidade para receber mais de dez mil pessoas por ano.
Para além dos oito postos de trabalho diretos já criados, ao final de um ano estima-se que o acréscimo de receitas provenientes do Turismo de Natureza e dos eventos atinja os 100 mil euros, que serão devolvidos à comunidade, dado que a Biovilla se abastece do que não consegue produzir, junto dos produtores locais.
Prevê-se ainda a plantação de um hectare de agrofloresta e a formação de mais de 500 pessoas em sustentabilidade, e outras 100 capacitadas com a intenção de gerarem as suas carreiras em temas de regeneração com o programa VER – Viveiro de Emprego Regenerador. De acordo com o projeto, vai ser também possível o aproveitamento de 80% das águas dos lavatórios e duches para regar plantas e jardins, e ainda 30 mil litros de reserva de água para a horta.
Intenção de desperdício zero
Com a expansão prevista, vai surgir na Biovilla um minimercado biológico a granel, que vai fornecer 3200 kg de alimentos biológicos e com intenção de desperdício zero.
“Acreditamos que o caminho da regeneração pode ser catalisador para a mudança. Queremos crescer para que mais pessoas tenham acesso a estas práticas e possam fazer a sua parte na regeneração deste ecossistema global que é casa de todos”, esclarece Bárbara Leão de Carvalho, cofundadora da Biovilla.
Nuno Brito Jorge, CEO da GoParity, adianta que “esta colaboração com a Biovilla é natural para a GoParity, uma vez que se trata de duas organizações que valorizam a democracia e o poder dos cidadãos para fazer boas ações, neste caso, para a sustentabilidade acontecer. A utilização da GoParity e deste modelo inovador de dívida conversível, bem como o tipo de atividades que serão implementadas, são uma prova clara do compromisso da Biovilla para com as pessoas, o planeta e a inovação”.