Os testes de tortura são aplicados há longa data na indústria, designadamente a automóvel, para testar a robustez dos produtos e das soluções. Com as propostas elétricas a chegarem em maior volume ao mercado, a preocupação dos fabricantes é que estas novidades não fiquem beliscadas com eventuais falhas de fiabilidade. Assim, no processo de desenvolvimento dos novos modelos a bateria, os construtores de veículos não têm poupado os 100% elétrico a “massacres”.
A Ford exemplifica alguns dos testes que tem feito com o objetivo de demonstrar quão duráveis podem ser os veículos elétricos – desde lavagens de automóveis extremas e potentes pulverizadores até condutores robotizados e estradas de gravilha.
“Fizemos grandes esforços para submeter o Mustang Mach-E a testes extremos, levando-o muito mais além do que um consumidor típico faria, para ajudar a garantir que está pronto para enfrentar o rigor da estrada”, diz Donna Dickson, Engenheira Chefe de Programa do elétrico Mustang Mach-E.
Água e elétricos combinados
De acordo com a Ford, cerca de 13% dos europeus não têm a certeza sobre se os veículos elétricos podem ficar molhados durante um dia de chuva – muito menos se o podem fazer passar por uma lavagem de automóveis automática.
A Ford submeteu o Mustang Mach-E a 60 passagens através de uma brutal lavagem automática sem espuma, complementada com pulverizadores, escovas e secadores – o equivalente a uma lavagem de duas em duas semanas durante mais de dois anos.
“Levamos o Mustang Mach-E muito mais além do que um consumidor típico faria, para ajudar a garantir que está pronto para enfrentar o rigor da estrada” – Donna Dickson, Ford
Para ajudar a testar a presença de fugas e outros danos exteriores que possam ser causados pela água, a equipa submeteu as portas, frisos, símbolos, faróis, farolins e adesivos do Mustang Mach-E a um pulverizador de água de alta pressão.
O pulverizador é capaz de pressões máximas na ordem dos 1.700 PSI a uma temperatura de 60 graus Celsius e é utilizado a uma distância de cerca de 30 centímetros do exterior do veículo. Este tipo de pressão pode remover manchas de óleo dos acessos a garagens de veículos quando utilizado com detergentes.
Bancos testados até à exaustão
Ao nível do interior, os engenheiros da Ford estudaram diversas e variáveis cargas de peso nos assentos, utilizando uma vasta gama de tipos de corpos humanos. A equipa conseguiu-o programando uma forma robótica de quadril, a que chamou “robutt”, para simular uma pessoa a entrar e a sair do seu Mustang Mach-E pelo menos 25.000 vezes.
A Ford também testou extensivamente o material ActiveX utilizado nos assentos do veículo para garantir que resiste ao uso e abuso diários. Isto incluiu testes químicos para ajudar a assegurar que produtos como o higienizador de mãos não deteriora o material, testes de erosão para assegurar que o acabamento permanece intato após a simulação de um ciclo de utilização de 10 anos, e flexão do material dos assentos 100.000 vezes para avaliar a sua resistência à fissuração.
Durabilidade de ecrã tátil testada
Os testes de “tortura” abrangeram ainda o ecrã tátil de 15,5 polegadas do Mustang Mach-E, o qual utiliza uma aplicação especial do vidro Dragontrail para garantir a sua durabilidade. Explica a marca que esse vidro é aplicado em cima de um suporte de magnésio de alta resistência que é capaz de resistir a puxões e a choques.
“O ecrã no Mustang Mach-E é muito importante para a experiência de condução. É a peça central do habitáculo e os olhos das pessoas dirigem-se naturalmente na sua direção”, disse Dickson. “Sabíamos que tínhamos de elevar a fasquia para garantir que este fosse suficientemente durável para resistir às interações diárias dos clientes – pensámos em bolsas e sacos a bater-lhe, animais de estimação a esbarrar, crianças a brincar e assim por diante. É necessária essa profunda compreensão do cliente para identificar os potenciais problemas e trabalhar para os evitar”.
Pintura da carroçaria alvejada por pedras
De acordo com a Ford, os clientes do Mustang Mach-E têm de estar confiantes de que podem conduzir o seu veículo mesmo após terminar o asfalto, onde começam as estradas de gravilha, e que não vão regressar com uma nova pintura “salpicada”.
Para isso, os engenheiros da Ford submeteram o Mustang Mach-E a testes com cerca de 500 km em estradas de gravilha para avaliar os danos causados à pintura da carroçaria por pequenas pedras e outras partículas.
O fabricante americano utilizou dois tipos diferentes de pedras e recorreu a condutores profissionais para conduzirem o Mustang Mach-E de forma a provocar a libertação de gravilha à sua passagem, em longas estradas, a cerca de 100 km/h, quase 200 vezes.
Concluído o primeiro teste, a equipa trocou a gravilha por um grau de pedra ainda mais aguçado e repetiu novamente o teste. “Os veículos elétricos não devem estar limitados a ruas e subúrbios bem pavimentados da cidade”, diz Dickson “Testámos o Mustang Mach-E para que os clientes possam viver confiantes ou aventurar-se nas estradas de gravilha sem se preocuparem que a tinta fique facilmente danificada”.