Naquele que é um acordo histórico, a Federação norte-americana de Futebol garantiu igualdade salarial para futebolistas masculinos e femininos.
Os dois acordos coletivos de trabalho – que duram, para já, até 2028 – incluem pagamentos idênticos para todas as competições internacionais de futebol, incluindo o Mundial de Futebol, da FIFA.
A Federação americana dos EUA tornar-se-á, assim, o primeiro organismo governamental americano a garantir prémios em dinheiro iguais da FIFA, reunindo fundos de prémios e dividindo-os de forma igual entre as equipas nacionais masculinas e femininas do Campeonato do Mundo masculino de 2022 e do Mundial de futebol feminino de 2023.
Jogadores da seleção masculina e feminina também ganharão um bónus de jogo idêntico, revelou a federação.
Federação em tribunal
Os acordos acontecem três meses depois da Federação de Futebol dos Estados Unidos (U.S. Soccer) ter respondido a um processo movido por membros da seleção feminina que incluía um pagamento de US$ 24 milhões (22,9M€), bem como uma promessa da federação de igualar os salários entre as seleções masculina e feminina.
A U.S. Soccer também garantirá uma divisão igualitária da receita de transmissão, parceiros e patrocínios, bem como os lucros dos ingressos vendidos em jogos em casa, disse.
Becky Sauerbrunn, presidente da Associação de Jogadoras da Seleção Feminina dos EUA e jogadora da seleção feminina dos EUA, chamou os novos acordos de “uma prova dos esforços incríveis” das jogadoras da seleção feminina “dentro e fora do campo”.
“Este é um momento verdadeiramente histórico. Esses acordos mudaram o jogo para sempre aqui nos Estados Unidos e têm o potencial de mudar o jogo em todo o mundo”, diz Cindy Parlow Cone, presidente da Federação feminina de futebol dos EUA e ex-jogadora.
Batalhas legais
Os novos acordos vêm após anos de pressão da seleção feminina de futebol, incluindo batalhas legais e entrevistas públicas, para garantir que as futebolistas recebam a mesma compensação que os homens.
A equipa feminina argumentou que recebeu menos do que a seleção masculina, apesar de ter conquistado dois mundiais consecutivos (em 2015 e 2019), enquanto a seleção masculina não se classificou sequer para o torneio de 2018.
As jogadoras aposentadas da seleção feminina Hope Solo e Carli Lloyd, juntamente com Megan Rapinoe, Alex Morgan e Becky Sauerbrunn, apresentaram uma queixa à Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego dos EUA em 2016, alegando que o futebol americano pagou aos campeões mundiais muito menos do que aos seus colegas masculinos.
Os Estados Unidos são uma potência mundial no futebol feminino. Este acordo poderá servir de mola para alterações idênticas noutras geografias.
Como a queixa não levou a medidas relevantes em direção à igualdade salarial, em março de 2019, um total de 28 membros da seleção feminina dos EUA processaram a U.S. Soccer devido a questões de igualdade salarial e condições de trabalho.
Em fevereiro, a U.S. Soccer chegou a um acordo no qual concordou em pagar US$ 24 milhões (22,8M€) às jogadoras e prometeu garantir a igualdade salarial para homens e mulheres no futuro. O negócio estava condicionado à assinatura de um novo acordo coletivo com a equipa feminina, que, agora concluído, permite que o acordo possa ser finalizado.
US$ 34 milhões (32,4M€). Isso é quanto dinheiro a FIFA pagou a mais à seleção masculina da França – que levou para casa US$ 38 milhões (36,2M€) pela vitória no Mundial de 2018 – do que deu à seleção feminina dos EUA depois de vencer o Mundial de 2019.
A Seleção Nacional Feminina dos EUA também ganhou significativamente menos do que a sua congénere Seleção Nacional Masculina durante as eliminatórias do Mundial, quando cada jogador do sexo masculino poderia ganhar até US$ 18.125 (€17.284) na ronda final por cada vitória, ao passo que cada jogadora poderia receber apenas US$ 3.000 (€2861) por cada vitória, de acordo com ESPN.