Tudo começou em 2011, quando Carolina Santos decidiu começar um blog, The French Fries, em busca de um novo boost de criatividade que a ajudasse a colmatar a falta desta, no fim da sua vida académica e ao começar a sua profissional. Arquiteta de formação, o sucesso do seu blog levou-a conhecer novos sítios e a ganhar destaque, em Portugal, como sendo uma das nossas primeiras influencers. Das pioneiras, também, a trabalhar com marcas de luxo.
Foi quando publicou fotografias, online, de umas pulseiras que a sua mãe lhe fez, à mão, que surgiu a ideia de começar uma nova marca: a Alameda Turquesa. Em 2012, inspiradas no interesse genuíno – e em massa – dos seguidores de Carolina em saber onde podiam comprar as peças artesanais da mãe, deram oficialmente início ao que hoje é umas das marcas portuguesas de maior sucesso internacional. Rapidamente começaram a desenhar (e produzir) calçado, que incorpora as pulseiras que impulsionaram o aparecimento da marca.
Em 2015, sem ainda terem um site ou uma loja oficial, a Alameda Turquesa foi contactada pela notória Editor-at-large Anna Dello Russo, que a convidou a divulgar a marca num editorial da Vogue Japão. Publicação esta que ergueu a marca portuguesa a um altíssimo patamar de reconhecimento internacional. Pouco tempo depois, a célebre Chiara Ferragni sugeriu uma colaboração exclusiva com a Alameda Turquesa. Em 2017, foi oficialmente lançada uma coleção entre esta e The Blonde Salad, o famoso blog de Chiara.
No ano seguinte, a Alameda Turquesa foi considerada pela mundialmente aclamada FootwearNews, como a Rising Star da indústria do calçado. A marca portuguesa tornou-se, assim, a primeira nacional a entrar na cobiçada lista internacional. Considerado o maior evento da indústria do calçado a nível global, e por muitos apelidado ‘the shoes Oscars’, as suas listagens anuais conferem às marcas o mais alto galardão do ramo.
Já durante a pandemia, a FORBES norte-americana elegeu Alameda Turquesa como a marca dos it shoes da quarentena, devido à originalidade e qualidade do seu calçado.
A FORBES Portugal esteve à conversa com Carolina Santos que, juntamente com a sua família são a força criativa (e não só) por trás da marca artesanal. Diretamente de Coimbra, o berço da Alameda Turquesa, Carolina contou-nos, entre outras coisas, como tudo começou: como alcançaram o reconhecimento internacional que tanto distingue a marca, e como sempre se mantiveram fiéis aos seus valores e métodos artesanais de produção. Desde o processo inerente ao desenho das suas peças à criação das mesmas, a Alameda Turquesa distingue-se pela criatividade que, ad initium, define esta marca portuguesa.
Todos os seus produtos são Handmade in Portugal e continuam a ser produzidos como no princípio, no atelier da Alameda Turquesa. Ana e Carolina são as designers da marca, desenham, criam e desenvolvem todas as suas peças. Feitas apenas por encomenda, o tempo dedicado na produção dos seus produtos reflete a sua cuidadosa execução. A Alameda Turquesa já tem peças oficialmente registadas e com patentes, que visam salvaguardar os seus designs.
Apesar de uma resistência inicial à venda das suas peças em lojas que não a sua online, a verdade é que a Alameda Turquesa já chegou ao famoso Harrods, e, basicamente, a todas as lojas de departamento de luxo do mundo como a Selfridges, Saks ou Neiman Marcus. Chegou onde marcas portuguesas de calçado nunca antes tinham sido expostas.
Mais, a criatividade da marca em gerir e comunicar, digitalmente, os seus produtos, têm sido motivo de estudo em algumas das nossas universidades. A Universidade Católica publicou um case study sobre o sucesso da Alameda Turquesa, sendo que o mesmo foi premiado como sendo um dos melhores estudos de caso, em Portugal.
Hoje, as peças da Alameda Turquesa podem ser vistas na posse das mais conhecidas celebridades internacionais: da Beyoncé à Princesa Charlotte do Mónaco.
Carolina, antes de mais, acho que era interessante falarmos sobre o teu antigo blog, The French Fries, que em muito impulsionou o vosso atual negócio: a Alameda Turquesa. Digo isto, porque parece-me ter sido fundamental para a exposição que tiveram, logo de início.
Carolina Santos: Claro. E é verdade, o começo da marca está muito ligado ao meu antigo blog, The French Fries. Muitos dos seguidores que temos ainda hoje em dia, na Alameda, começaram por ser os meus leitores. Converso muito com eles, mesmo sem sequer os conhecer pessoalmente. Tratam-se de pessoas por quem tenho um enorme carinho, que penso seja mútuo. Acho que, de facto, é uma referência importante apesar de já não usar o meu blog há muitos anos. Acabei por ‘migrar’ para o Instagram, onde ainda hoje utilizo o nome do blog como a handle da minha conta.
E quando e como é que começou o teu blog? Porque, quanto sei, és arquiteta de formação.
Carolina: Sim, sou arquiteta de formação, pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP). Na verdade, comecei o meu blog por volta de 2011, enquanto ainda estava a completar o meu estágio à Ordem dos Arquitetos. Coincidiu, também, com o meu mestrado. Como o estava a fazer e a estagiar, senti a necessidade de encontrar um novo outlet de criatividade; queria uma coisa diferente, para sair da rotina aborrecida em que me encontrava. Quando se começa a trabalhar em ateliers, fazemo-lo muito em prol da visão de outras pessoas; somos apenas um técnico, com muito pouca liberdade no começo. Não tinha muito espaço para explorar o meu lado mais criativo. O meu blog foi como a Alameda: um trabalho de família. Senão fosse o apoio dos meus pais, irmã e namorado, teria sido impossível tê-lo feito.
O meu blog foi como a Alameda: um trabalho de família. Senão fosse o apoio dos meus pais, irmã e namorado, teria sido impossível tê-lo feito.
Como amigas minhas queriam sempre saber onde é que eu tinha comprado alguma da minha roupa ou como é que tinha sido uma certa viagem,achei que começar um blog era o ideal. Até em festas ou noutros eventos sociais, sentia que muitos amigos me vinham perguntar onde tinha arranjado ‘isto e aquilo’. Foi uma forma de juntar o útil ao agradável.
Claro, e se já existia um interesse ‘natural’ por parte de terceiros, tinha tudo para ser uma ótima aposta. Até porque apanhaste a altura em que os blogs começaram a surgir em massa.
Carolina: Sim, foi na altura em que começaram a aparecer vários blogs e muito que capitalizavam com as partilhas que faziam quanto ao que vestiam. Eu sempre gostei muito de moda e de usar roupas vintage, e acabava por ter uma variedade grande e diversificada de peças. Os meus leitores foram crescendo e cheguei rapidamente aos 40 mil seguidores nas redes sociais do meu blog. Naqueles anos, ter essa quantidade de followers era um número considerável. Comecei a ser contactada para trabalhar com agências de publicidade e o blog começou a ser uma das minhas fontes de rendimento.
Claro, o mundo digital não era o que é atualmente. E, em 2016, foste chamada a fazer um anúncio – uma campanha internacional, ainda por cima. Anúncio esse que acaba por te mudar a vida, segundo me contaste.
Carolina: Sim. Em 2016, fui convidada a integrar vários anúncios da Pantene. Fui escolhida como uma das ‘representantes’ digitais, da primeira campanha Cabelo Pantene, que foi para a televisão em forma de anúncio (além do digital). Nesse mesmo, apareci com a Chiara Ferragni (considerada uma das maiores bloggers do mundo) e a irmã dela. Lembro-me perfeitamente de ir para Espanha e de filmar o anúncio num estúdio gigante, com muitas pessoas a olhar para mim! A verdade é que não gostei nada. Percebi logo que não era aquilo que queria fazer.
2016 foi um ponto de viragem… até porque já tinhas, até então, um percurso ‘sólido’ com o blog. Poderias ter continuado, sem problemas.
Carolina: Podia. Mas eu nunca quis viver da minha imagem e, a certa altura, senti que estava a publicar muitas coisas e queria ‘voltar atrás’. Era demasiada exposição e estar, em estúdio, em frente a câmaras e pessoas não é um trabalho que goste muito de fazer. Recebia vários emails e produtos que as marcas queriam que eu publicitasse. Sempre fiz uma seleção cuidadosa das propostas que aceitava; era uma perfecionista. Também estava habituada a fazer trabalhos criativos, mais informais, em que era eu que escolhia as fotografias que usava para as parcerias e escrevia o texto nos posts. Mas, quando fiz o anúncio da Pantene, já não tinha a mesma liberdade. Estava tudo decidido por mim, o que não adorei. Percebi que a minha vida profissional ia ser muito assim, caso continuasse a enveredar nesse mundo.
Pode ter sido a tua veia de empreendedora a falar mais alto – gostas de ter controlo criativo nos teus projetos. E já vivias do blog? Demorou muito tempo até chegares a esse ponto?
Carolina: Nessa altura o blog já me dava mais dinheiro que a arquitetura, sim. Acho que sete meses depois de ter começado o The French Fries, já estava a conseguir tirar um rendimento considerável. Continuei a trabalhar como arquiteta, sempre em paralelo, porque desde muito nova que o queria ser. Era o caminho que eu sabia que queria seguir.
Mas foi em 2012, uns anos antes, que nasceu a Alameda Turquesa. Sentiste a necessidade de escolher com o que querias continuar?
Carolina: Sim, criámos a primeira página da Alameda, no Facebook, em 2012; o que marca o seu início. Foram anos muito intensos, a gerir muitas coisas ao mesmo tempo. Tive de escolher com o que continuar porque não conseguia manter tudo, em paralelo. Durante algum tempo lembro-me que chegava a dormir apenas quatro horas por noite. Saía de casa, todos os dias, por volta das sete da manhã e só parava de trabalhar às tantas da noite. Acabava por não estar presente em lado nenhum. Falei com os meus pais, tinha eu 23 ou 24 anos, e disse-lhes que não conseguia conciliar o blog e a arquitetura. Tinha muitos contratos com marcas e prazos a cumprir e, como arquiteta, todas as responsabilidades inerentes à profissão. Quis escolher.
Lembro-me, como se fosse hoje, de lhes ligar ao almoço, estava eu no meio da Avenida dos Aliados, muito angustiada. Até me lembro de como estavam vestidas as pessoas que por mim passaram; e da luz, estava um céu azul maravilhoso, não muito comum no inverno do Porto. Quando atendeu, o meu pai disse-me logo: “acho que deves tentar. Chega ao escritório e dizes que não queres continuar. És muito nova, confiamos em ti, segue o que tu achas que deves seguir, se é para tentar, é agora, nós estamos aqui.” Nunca me esquecerei desse dia, nem desse telefonema. Espero que um dia, se tiver filhos, lhes consiga dar metade da confiança que os meus pais me deram. É das ‘ferramentas’ mais importantes que podemos receber deles. Fizeram-me sempre sentir que eu era capaz de qualquer coisa se me comprometesse com ela. Isso é muito especial.
Espero que um dia, se tiver filhos, lhes consiga dar metade da confiança que os meus pais me deram. É das ferramentas mais importantes que podemos receber deles.
Precisei de optar entre construir uma marca do zero ou viver da minha imagem. Para mim foi a opção mais fácil: construir, com a minha família, a nossa marca, do zero. Fiz a escolha mais acertada para mim. Despedi-me do trabalho que tinha, como arquiteta, e comecei a dedicar-me à Alameda Turquesa. Eu só queria mostrar ao mundo aquilo que a minha mãe conseguia fazer.
Precisei de optar entre construir uma marca do zero ou viver da minha imagem. Para mim foi a opção mais fácil: construir, com a minha família, a nossa marca, do zero.
E como é que surgiu a Alameda Turquesa? O que provocou o início da marca?
Carolina: Começou muito organicamente, também. A minha mãe fez umas pulseiras para mim e para a minha irmã, e nós começámos a usá-las no dia-a-dia. Na altura, não tinha a minha conta de Instagram ainda, então publiquei umas fotografias na página de Facebook do meu blog – comecei logo a receber imensas mensagens! Queriam saber onde é que as tinha comprado, de que marca eram, etc. Quando me apercebi do interesse, por parte do público, no trabalho da minha mãe, disse-lhe logo que devia ter uma página no Facebook, só para mostrar as peças por ela criadas. Insisti para o fazer.
Quando me apercebi do interesse, por parte do público, no trabalho da minha mãe, disse-lhe logo que devia ter uma página no Facebook, só para mostrar as peças por ela criadas.
Como é que a tua mãe reagiu a esse interesse todo no hobby dela?
Carolina: A minha mãe não quis acreditar que tanta gente estava interessada nas suas peças. Disse-lhe que era uma coisa séria, que devia apostar mais no seu hobby. Criámos uma página, chamada Alameda Turquesa, onde a minha mãe pôs as pulseiras e os colares à venda. Desenhou mais peças, publicou as fotografias das mesmas, e começou a vender tudo!
Um hobby que lhe mudou a vida! E como decidiram o vosso nome, Alameda Turquesa?
Carolina: Na verdade, o nome foi uma decisão fácil. Turquesa é a cor preferida da minha mãe e, quando estávamos a pensar coletivamente num nome para a marca, estávamos todos no carro – literalmente numa alameda! Achámos que Alameda Turquesa era um nome bonito porque simboliza (ou faz pensar) num ‘caminho para o mar’, de certa forma.
E muitos dos teus seguidores começaram, então, a seguir a página da Alameda Turquesa.
Carolina: Muitos deles, sim. Eu não publicitava a marca como sendo “minha”: como vi que existia muito interesse genuíno na Alameda, e por serem peças desenhadas pela minha mãe, não quis que a marca ficasse associada à minha imagem. Queria que o produto se vendesse por si mesmo, porque sabíamos de início que tinha esse potencial.
Durante muito tempo não divulguei, no meu blog, que era uma marca da minha mãe. Queria que a Alameda crescesse sozinha. Claro que fazia publicidade à marca, através das minhas contas do blog, mas não como marca própria. Foi só mais tarde, quando a Alameda atingiu uma dimensão diferente, que quis partilhar com os meus seguidores que era um negócio de família. Por transparência e porque sentimos que a fase ‘teste’ da marca tinha corrido bem.
Durante muito tempo não divulguei, no meu blog, que era uma marca da minha mãe. Queria que a Alameda crescesse sozinha.
Entretanto, a nossa família sempre gostou muito de sapatos, e começámos a pensar em criar os nossos próprios modelos. Sempre quis ter uma marca e gosto de trabalhar independentemente, de gerir o meu próprio caminho.
O teu lado de empreendedora…
Carolina: Acho que sim. Os meus pais são empresários e cresci a vê-los trabalharem até tarde e a desenvolverem empresas desde o início. Nós gostamos de fazer as coisas à nossa maneira e com os nossos timings. Até com o meu blog, nunca quis ter uma agência a gerir o meu conteúdo, por exemplo.
Em 2013/14, começámos a publicar, também, as peças da Alameda Turquesa no Instagram. Um dia, e já com a história dos sapatos em mente, pensámos ‘porque não’ publicar uma fotografia com as nossas pulseiras nos pés. Foi aí que apareçam as nossas famosas sandálias de pompons. As peças da minha mãe são todas feitas à mão e os nossos sapatos não iam ser exceção: desenhámos as sandálias, fizemo-las, e que as terminámos, metemo-las logo à venda. Foi surreal a atenção que recebemos! Tivemos mais de 200 partilhas num dia – o que na altura era astronómico!
Uma loucura de vendas. E vender online não era o que é hoje, como dizes.
Carolina: Não era mesmo. Nós fazíamos as nossas vendas através de um e-mail. Não era um site, como hoje em dia temos. Era tudo bastante mais “arcaico”. Foi o começo e foi maravilhoso.
De repente, em 2015, a Alameda Turquesa ‘vira’ internacional com um editorial na Vogue Japão. E pela mão da grande Anna Dello Russo, uma jornalista reconhecidíssima e a Editor-at-large da mesma.
Carolina: É verdade! Ainda nem sequer tínhamos um site da Alameda Turquesa – só a tal página da marca. A equipa da Anna Dello Russo encontrou-nos online, entrou em contacto connosco, e pediu-nos algumas peças (umas sandálias e umas pulseiras, colares e carteiras) para uma sessão fotográfica da Vogue Japão. A experiência abriu-nos imensas portas e foi aí que percebi que aquilo em que sempre acreditei e me propus fazer – mostrar ao mundo o que a minha mãe conseguia fazer – estava a começar a acontecer. Foi por isto que me tinha despedido do meu trabalho como arquiteta. Já tínhamos sido mencionadas na ELLE, do Reino Unido, mas não com o mesmo impacto.
A experiência abriu-nos imensas portas e foi aí que percebi que aquilo em que sempre acreditei e me propus fazer – mostrar ao mundo o que a minha mãe conseguia fazer – estava a começar a acontecer.
Ainda nem tinham site, nem loja. Como é que a Vogue Japão vos encontrou?
Carolina: Sim, certamente. Não tínhamos loja, não tínhamos site, nem tínhamos uma plataforma de e-commerce como hoje se tem – só uma página da marca, no Facebook. Encontraram-nos porque os nossos produtos e fotografias eram muito partilhadas na rede.
Notaram um impacto tangível nas vossas vendas?
Carolina: Aparecer na Vogue Japão teve um impacto muito grande na marca. Especialmente na forma em como somos vistos pelos nossos clientes e o nosso público. Credibilizou imenso o nosso trabalho, numa altura em que o mundo digital não era o que é hoje. Ter pessoas mundialmente conhecidas (e em meios de media que não o digital) foi muito importante para nós. Editoriais em revistas credibilizadas é muito difícil. Na maior parte dos casos, são conteúdos pagos pelos gigantes da moda internacionais e a oportunidade é rara. De repente estávamos num editorial lado a lado com as maiores marcas do mundo, como a Gucci ou Dolce Gabanna.
Aparecer na Vogue Japão teve um impacto muito grande na marca. Credibilizou imenso o nosso trabalho, numa altura em que o mundo digital não era o que é hoje.
E mantêm uma relação com a Anna Dello Russo?
Carolina: Desde o início que nos demos muito bem com ela, sim. A Anna continua a mostrar-se sempre interessada na Alameda Turquesa e está a par dos nossos lançamentos. Continua disponível para receber peças nossas e publicitá-las. Ela é muito ativa no que faz e é vocal no apoio que nos dá. Diz-nos abertamente que adora o que estamos a fazer e que notou que era uma coisa diferente.
Um reconhecimento diferente do que tinham notado até então.
Carolina: Claramente. Um reconhecimento de que estávamos a ser inovadores e a fazer coisas diferentes, de forma diferente, sempre à nossa maneira. Temos uma abordagem slow fashion. Fazemos peças à mão, por encomenda, com os timings necessários. Não temos stocks dos nos produtos. Demora tempo, claro, mas a qualidade é-nos muito importante. Também não temos saldos ou descontos sazonais; produzimos o que nos é encomendado. É tudo feito cá, por nós, no nosso atelier. Como somos uma equipa muito pequena, temos prazos de duas ou três semanas, por vezes chega às cinco ou seis semanas. Em casos extremos, pode demorar mais tempo se manter a qualidade assim o exigir.
Temos uma abordagem slow fashion. Não temos stocks dos nos produtos. Fazemos peças à mão, por encomenda. Demora tempo, claro, mas a qualidade é-nos muito importante.
É muito interessante acompanhar o mercado, e ver como as coisas vão mudando. Por exemplo, desde do princípio que dizemos abertamente que os nossos produtos são feitos à mão em Portugal. Mas o orgulho geral que hoje existe em ter peças Made in Portugal, nem sempre existiu; é um fenómeno “recente”, mas que nós sempre tivemos. Desde 2012 que o Handmade in Portugal foi a nossa ‘bandeira’. É a verdade e sempre tivemos orgulho em sermos o que somos: uma marca pequena, artesanal, feita à mão, em Portugal.
Notas um grande shift no mercado?
Carolina: Noto. Deixou de haver uma certa vergonha por parte de outras marcas em dizerem que são portuguesas. Nunca percebi a razão de tal inibição, mas penso que seja algo muito português, o achar que o que é estrangeiro tem sempre mais valor. Felizmente isso mudou, ou começou a mudar. Noto, também, que as pessoas começaram a habituar-se a ‘esperar’, nos últimos anos. Acho que se deve a uma maior educação sobre marcas, em geral. De fast fashion a slow fashion, a perceberem o que é mais ecológico e de maior qualidade.
Acho que se deve a uma maior educação sobre marcas, em geral. De fast fashion a slow fashion, a perceberem o que é mais ecológico e de maior qualidade.
Claro que temos noção que mesmo assim, mesmo existindo esse shift, continuamos a trabalhar um pouco à margem do que é considerado ‘normal’ no design de moda e a sua agenda. Mas, mesmo com a nossa projeção internacional, queremos continuar a ser sustentáveis e manter este nosso formato de produção. Mudar agora ia obrigar-nos a aumentar desnecessariamente os nossos preços. Ia ser preciso ter muito mais pessoas a trabalhar connosco; ia alterar a nossa dinâmica. Os nossos preços refletem a qualidade dos produtos que usamos, o processo e tempo da nossa produção, etc. Também não temos coleções de estações: vamos desenhando, produzindo, publicando…
Sim, e a Alameda Turquesa é uma marca que não assume grandezas. E isso nota-se e torna-vos ainda mais especiais – da produção à distribuição das vossas peças.
Carolina: Obrigada, e sim, nunca tivemos mania de grandezas! A Alameda Turquesa começou desta forma e é assim que continua. Ainda hoje falo com muitas pessoas que tentaram criar marcas e depois desistiram, que de início me faziam imensas perguntas inerentes ao começar um negócio. E, na verdade, várias são as coisas que podem ‘falhar’. Seja na forma como projetam a empresa ou como desenham os seus produtos, por exemplo.
Não vale a pena dizer que certas peças demoram 8 horas a fazer à mão se não for verdade – qualquer pessoa que entenda de moda vai perceber que não é bem assim. Ou, por exemplo, dizer que certos produtos são crochê quando, na verdade, são feitos à máquina. Claro que metade dos clientes vai acreditar no que lhes é comunicado, mas a marca deixa de conseguir chegar a outros patamares (e a outras pessoas) se não for verdade.
Claro que mais de metade dos clientes vai acreditar no que lhes é comunicado, mas a marca deixa de conseguir chegar a outros patamares (e a outras pessoas) se não for verdade.
Achas que a vossa genuinidade é a força motora do vosso sucesso?
Carolina: Sim, verdadeiramente. O que nos impulsionou e nos fez ganhar tanta atenção internacional, foram e são os nossos produtos, a qualidade das nossas peças e a forma como sempre mostrámos quem somos. Transparece na nossa comunicação, modelo de negócios, e nos nossos produtos. Acredito que quem nos compra, promove, contacta, e quer trabalhar connosco, fá-lo por sentir isso mesmo.
O que nos impulsionou e nos fez ganhar tanta atenção internacional, foram e são os nossos produtos, a qualidade das nossas peças e a forma como sempre mostrámos quem somos.
A próposito: em 2016, fazem uma parceria que vos fez crescer imenso: uma colaboração com The Blonde Salad, da Chiara Ferragni. Uma das mais conhecidas bloggers do mundo.
Carolina: É verdade. Recebemos um email da equipa da Chiara.Já sabia quem a Chiara era, claro. Como eu também tinha um blog, e gosto imenso de moda, estava muito a par do mundo digital. Ela entrou em contacto connosco, em 2016, e, no ano seguinte, lançámos uma coleção exclusiva.
A intenção da Chiara, ao falar connosco, sempre foi a de criar uma linha com a Alameda Turquesa. Disse-nos que adorava as nossas peças e que não queria estar apenas a publicitá-las ‘normalmente’ no blog dela. Como a Chiara estava a preparar-se para lançar o seu novo site (um rebranding do famoso blog), queria fazê-lo ao mesmo tempo que anunciava modelos exclusivos na futura loja online do seu blog.
E que grande honra, digo eu, porque foram poucas as marcas escolhidas para o fazerem.
Carolina: Uma enorme honra! Desenhámos quatro peças. Foi mesmo uma colaboração oficial entre marcas. Fui a Milão, assinámos contrato, estive nos escritórios da equipa da Chiara a planear a linha e o lançamento da mesma. Para nós, como marca, e como mencionaste anteriormente, foi um acontecimento marcante. Ter uma figura pública, como a Chiara, a publicitar e a trabalhar connosco, deu-nos imensa exposição e ficámos com imensos clientes novos. Clientes esses que ainda hoje nos são fiéis.
Aliás, temos a sorte de ter muitos clientes que gostam mesmo muito da Alameda Turquesa. Por exemplo, clientes que compram mais de 20 peças nesta altura do ano, já a pensar no Natal. Dez presentes para dez amigos, outros dez para familiares, e por aí. Temos ótimos clientes.
Em 2018, um ano depois da colaboração com Chiara Ferragni, a aclamada associação de calçado internacional, a FootwearNews, nomeou a Alameda Turquesa as Rising Stars da indústria do calçado.
E foi, também em 2016, que criaram o vosso primeiro website. A vossa própria a loja online, que não apenas uma página no Facebook, certo?
Carolina: A nossa loja online ficou pronta em 2016, sim. Apesar de ser um feito “recente”, foi anos antes da pandemia e do boom digital que se seguiu. Já tínhamos alguma presença no Instagram, mas foi um passo importante para nós.
Sendo que a vossa conta de Instagram reflete muito bem a essência do vosso negócio.
Carolina: O nosso Instagram é uma extensão daquilo que somos enquanto marca, e representa bem a nossa essência. Como tudo sempre foi muito natural, orgânico, e constantemente ‘aquilo que somos’, é fácil manter coesos todos os nossos canais de comunicação. Tenho uma história muito engraçada. Quando começámos a publicar fotografias das nossas peças no Instagram, deparei-me com um problema enorme. Todas as marcas tinham o cuidado de tirar as fotografias aos seus produtos num fundo branco, muito profissional. Só que eu, apesar de ter aprendido a mexer no Photoshop, na minha vertente de arquiteta, não conseguia por nada deste mundo remover o fundo das minhas imagens na totalidade e de forma a ficarem perfeitas! Acabei por desistir. Como temos muros de cor creme, comecei a tirar as minhas fotografias à frente dos mesmos.
Foste desenrascada! E hoje várias marcas tiram fotografias parecidas, exatamente para apelar a esse lado mais ‘orgânico’ dos seus negócios.
Carolina: É verdade! Na altura ninguém o fazia porque podia parecer menos profissional. Como não tínhamos os meios tecnológicos e não sabíamos bem o que estávamos a fazer, decidimos não desistir e fazê-lo à nossa maneira. Também não achámos que o tal ‘fundo branco’ era a melhor maneira de comunicar a nossa marca. Essa historia define bem aquilo que somos.
Como não tínhamos os meios tecnológicos e não sabíamos bem o que estávamos a fazer, decidimos não desistir e fazê-lo à nossa maneira.
Por experiência própria?
Carolina: Exatamente. Acho que está muito relacionado com os meus trabalhos anteriores, com meu blog. Enquanto cara do The French Fries, trabalhei com várias marcas ao mesmo tempo que publicitava a nossa. Por exemplo, trabalhei com a Mont Blanc, Piaget, Coach, Marc Jacobs, Samsonite, e outras marcas de segmento mais alto. Ensinou-me muito sobre a comunicação de marcas.
Sim, foste uma das primeiras bloggers, a trabalhar com marcas high-end, em Portugal.
Carolina: É verdade. E essa experiência levou-me a conseguir criar uma base sólida de seguidores. Deu-me um bom entendimento sobre o público e o que as pessoas gostam de ver. Rapidamente comecei a notar nos trends da minha atividade: quando publicava no Instagram do meu blog, as vendas das marcas com que estava a fazer parceria aumentavam. Lembro-me de ter publicado uma fotografia com um biquíni de uma loja bem conhecida e muito grande e, de repente, ficou esgotado online! Acho que foi em alturas como essa que comecei mesmo a perceber o impacto do mundo digital, e da minha influência junto ao público.
Foi em alturas como essa que comecei mesmo a perceber o impacto do mundo digital, e da minha influência junto ao público.
Apesar de não ter tido milhares de seguidores, os que tinha – e tenho – compram muito. Isso ajudou-me imenso a levar a Alameda Turquesa mais longe. As pessoas que me seguem têm muita sensibilidade e estão atentos a vários dos detalhes daquilo que publico; gostam de saber onde e como é que as coisas são feitas, por exemplo.
E estava tudo a correr de vento em popa quando, de repente, veio a pandemia…
Carolina: E a pandemia correu melhor ainda! De facto, as nossas peças sempre tiveram imenso sucesso porque nãoexiste nada igual no mercado, as pessoas gostam muito do nosso trabalho. Mas tivemos de nos ir adaptando ao que estava a acontecer no mundo. Foi na pandemia que lançámos os nossos icónicos chinelos. Precisávamos de criar peça que as pessoas quisessem usar em casa e não apenas em festas – o que era impossível durante a quarentena.Foram amplamente partilhados. Tivemos muitas celebridades a fazê-lo nas suas contas de Instagram: desde a Katy Perry, a usá-los num episódio do American Got Talent, à atriz Kate Hudson; sempre com tag da Alameda Turquesa. A Katy Perry enviou-nos um vídeo que a própria fez, em privado e no backstage do programa, em que dizia estar “super” feliz com os seus mules de pêlo. Esta sorte de termos pessoas com muita influência internacional a ajudar-nos genuinamente, só acontece porque acreditam naquilo que estamos a fazer.
Tivemos de nos ir adaptando ao que estava a acontecer no mundo. Foi na pandemia que lançámos os nossos chinelos.
É um negócio de família, completamente.
Carolina: Completamente. A família toda está envolvida, é um hobby começado pela minha mãe, que se tornou num negócio por paixão. Uma marca literalmente de família no verdadeiro sentido da palavra. O meu pai, António, a minha mãe, Ana, e nós, as filhas. Estamos todos juntos. Apesar da minha irmã, Beatriz, não trabalhar connosco, ajuda sempre que a sua ajuda é requisitada. A minha prima, Patrícia, está também connosco desde praticamente o inicio.
Uma marca literalmente de família no verdadeiro sentido da palavra. Estamos todos juntos.
Noto que a vossa marca se distingue – e muito – de outras marcas de luxo, exatamente porque conseguem transmitir uma unidade familiar forte e por serem, claramente, uma equipa ‘genuína’.
Carolina: Sim, somos uma marca de luxo, de nicho. Somos uma marca muito específica, que não pretende ‘estar em todo o lado’, porque só assim conseguimos manter a nossa essência. Acho que temos muita sorte em conseguirmos trabalhar num projeto nosso, de família. Somos muito unidos. Fazer isto com os meus pais é muito especial.
Somos uma marca de luxo, de nicho.
Se há 15 anos atrás me perguntasses se eu ia ter uma marca com os meus pais, teria respondido que eras louca! Mas é engraçado ver as voltas que a vida dá. Às vezes são escolhas pequenas, umas a seguir às outras, que nos levam a sítios onde nunca antes imaginámos estar.
Às vezes são escolhas pequenas, umas a seguir às outras, que nos levam a sítios onde nunca antes imaginámos estar.
Tens saudades de trabalhar como arquiteta?
Carolina: Tenho muitas saudades. Mas o meu namorado é arquiteto, por isso estou sempre ‘em contacto’ com o ramo. Além disso, digo imensas vezes que a arquitetura é uma ‘maldição’, no sentido em que, quando se o é (e por mais que se tente), ser arquiteto não ‘sai’ mais de nós. A forma como vemos uma cidade, as qualidades e defeitos (daí a ‘maldição’) dos sítios por onde caminhamos, a nossa forma de ver, de olhar, de mirar, torna-se totalmente diferente. Nunca ‘sai’ de ti porque o que te rodeia passa a ser completamente diferente: para o bem e para o mal. Penso que isso me deu uma ‘vantagem visual’ enorme, que espero que transpareça na nossa marca. Aprendi a ver as coisas de uma maneira diferente, com uma atenção redobrada a todos os pormenores.
Certamente. Ganham-se insights que ficam connosco. E, voltando à pandemia, foi nessa altura, em 2020, que a FORBES norte-americana entrou em contacto convosco. Poucos meses depois, são considerados os sapatos da pandemia!
Carolina: Exatamente. Entraram em contato connosco e, em janeiro de 2021, publicaram um artigo sobre a Alameda Turquesa. As nossas pantufas foram consideradas, pela FORBES norte-americana, os it shoes da pandemia. Outro ponto de viragem para a nossa marca, claro.
As nossas pantufas foram consideradas, pela FORBES norte-americana, os it shoes da pandemia.
Nos Estados Unidos, a marca ganhou ainda mais nome, e começámos a ser contatados a toda a hora. Várias lojas mostraram interesse em falar connosco. Começámos a vender nas mais conhecidas lojas de luxo norte-americanas.
Hoje, a Alameda Turquesa está à venda nos mais cobiçados lugares do mundo: na Saks Fifth Avenue, na Neiman Marcus, Harrods, Selfridges…
Carolina: Sim, é verdade. Sem ser no nosso site, há vários sítios onde podem comprar Alameda Turquesa. Em Portugal, temos um ponto de venda exclusivo no Ritz Four Seasons, em Lisboa. Adoramos o hotel – como não adorar – e tem estado presente na minha vida há já alguns anos; é especial termos a nossa marca no Ritz Lisboa. Em Inglaterra, estamos no Harrods e no Selfridges. Nos Estados Unidos, estamos na Saks Fifth Avenue e na Neiman Marcus. Queremos continuar a expandir para outras department stores de luxo, mas queremos sempre ter os pés assentes na terra. Queremos, mais uma vez, fazer tudo com os nossos timings; alinhados com o tempo que de facto precisamos para nos mantermos sempre criativos, e continuarmos sempre a lançar novos designs que façam a diferença.
Em Portugal, temos um ponto de venda exclusivo no Ritz Four Seasons, em Lisboa. É especial termos a nossa marca no Ritz Lisboa.
Na verdade, sempre fizemos resistência em vender para outras lojas, não queremos perder controlo da marca. A nossa estratégia não é a de estar em ‘todo o lado’ ou ao lado de ‘todas e quaisquer’ marcas. Queremos escolher bem com quem trabalhar. A Alameda é recente e as primeiras impressões contam. Queremos ter a Alameda Turquesa em ambientes controlados, com pessoas que sabem vender bem a nossa marca – e com colaboradores de loja que estejam informados sobre como contar a nossa história.
E como reagem as lojas à vossa filosofia de slow fashion?
Carolina: Por vezes somos uma dor de cabeça para as grandes lojas! As grandes lojas estão muito habituadas a trabalhar com estações, então ficam ‘meio malucos’ connosco. Temos timings diferentes de outras marcas que lá se encontram. Precisamos de tempo. Mas percebem, de bom grado, a nossa filosofia. Seria muito difícil para nós ter de desenhar 40 produtos diferentes de três em três meses – de um ponto de vista criativo e de produção. A nossa fórmula funciona por ser muito única, artesanal, e por ser uma marca de família.
As grandes department stores de luxo percebem, de bom grado, a nossa filosofia. A nossa fórmula funciona por ser muito única, artesanal, e por ser uma marca de família.
Noto que a Alameda Turquesa é uma marca muito reconhecida lá fora, mas ainda pouco falada cá em Portugal. O que não deixa de ser interessante, porque poucas são as marcas portuguesas com a vossa exposição internacional.
Carolina: Sim, temos mais reconhecimento lá fora. Desde o início da marca que mais rapidamente atingimos os nossos milestones internacionalmente, do que em piso nacional. Quando me despedi para me focar na Alameda, sempre pensei em mostrar ao mundo a marca. Nunca pensei em fazê-lo especificamente e somente em Portugal. Isto em nada tem que ver com as questões de grandeza que anteriormente mencionámos – foi mesmo, e sempre, porque genuinamente e sinceramente acreditei que não havia limites. Como referi antes, a confiança que nos é transmitida em pequenos, molda o nosso futuro. O facto de termos tido coleções exclusivas com personalidades internacionais, ajudou muito nessa vertente. O nosso maior mercado é o norte-americano. Depois temos o Reino Unido, o Dubai, o Qatar, etc.
A confiança que nos é transmitida em pequenos, molda o nosso futuro.
E conseguiram entrar num mercado, de acesso muito difícil, sem passar pelo que talvez são consideradas as ‘conquistas comuns’ que precedem a esse sucesso. Como o de marcarem presença nos eventos de moda, em Portugal. O vosso é um trajeto único; demonstra que nem todos os caminhos rumo ao topo são lineares.
Carolina: Sim, não passámos por esses eventos. Nem nunca foi o nosso objetivo estar presentes em semanas da moda, nem em feiras. Mas o nosso crescimento internacional foi muito natural. E, a verdade é que o nosso nome é Alameda Turquesa, e as nossas peças vão para o mundo inteiro com uma etiqueta que diz “feito à mão em Portugal”, escrito em português! Quando começámos, sempre acreditei que as peças da minha mãe tinham imenso potencial para chegar ao mundo inteiro. O destino da marca acabou por ser desenhado por si mesmo.
A verdade é que o nosso nome é Alameda Turquesa, e as nossas peças vão para o mundo inteiro com uma etiqueta que diz “feito à mão em Portugal”, escrito em português!
Já no Instagram, escrevemos em inglês, claro. Mas porque, na realidade, o nosso público é maioritariamente estrangeiro – temos de o fazer.
Claro, o foco é o vosso público. E com tantas celebridades mundialmente reconhecidas a usar Alameda Turquesa, ficou necessário que assim fosse. Quem é que já ‘apanharam’ a usar as vossas peças? Sem ser a Anna Dello Russo e a Chiara Ferragni, já mencionadas.
Carolina: A Olivia Palermo é uma celebridade que nos tem dado muita visibilidade. Em 2019, a Olivia escolheu a nossa marca para estar à venda no site dela. Ela é muito querida connosco e o público gosta muito dela. Em 2016, a Diretora do Instagram, a Eva Chen, usou uma fotografia das nossas sandálias para anunciar que já dava para fazer ‘zoom in’ nas fotografias que se publica no Instagram. Essa nova feature foi anunciada, em primeira mão, e pela própria, numa fotografia das nossas sandálias!
Entre as nossas celebridades temos: Gigi Hadid, Beyónce, Dua Lipa, Kylie Jenner, Princesa Charlotte Casiraghi (do Mónaco) e a irmã Princesa Alexandra (de Hanôver), Cindy Crawford, Amanda Gorman, Lily Collins, Emma Roberts, Chrissy Teigen, Sofia Vergara, Kate Hudson, Irina Shayk, entre muitas outras…
A maior plataforma da Alameda Turquesa é o Instagram, onde têm mais de 430 mil seguidores.
E toda esta publicidade é-vos feita sem que o peçam, o que é extraordinário.
Carolina: É verdade, não pedimos que o façam. A Kylie Jenner, por exemplo, publicou uma fotografia sua a usar o nosso biquíni e, por ser quem é, deu-nos imensa visibilidade gratuita. Claro que, quando são figuras públicas a pedir-nos peças diretamente, pensamos bem no que lhes vamos apresentar. Para a Amanda Gorman, que usou uma peça nossa no Good Morning America ao falar do lançamento do seu livro, decidimos enviar-lhe uma bandolete: ia ficar visível nas câmaras e é um acessório que ela, por si mesma, já usa muito.
E, quanto sei, nem têm equipa de marketing.
Carolina: Também é verdade. Nunca tivemos uma equipa de marketing/publicidade a tratar de anúncios ou fotografias – são todas tiradas por mim. O que nos fez chegar longe é o produto em si. Aliás, só este ano é que fizemos a nossa primeira campanha: fotografada por mim, filmada pela minha irmã e assistida pela minha prima. Portanto, nós estamos literalmente em todo o lado na marca, a fazer um pouco de tudo.
O que nos fez chegar longe é o produto em si. Aliás, só este ano é que fizemos a nossa primeira campanha: fotografada por mim, filmada pela minha irmã e assistida pela minha prima.
Outro aspeto que torna única a Alameda Turquesa! Aliás, a Universidade Católica publicou um case study, sobre o sucesso da Alameda Turquesa. Sendo que este é mencionado em várias outras universidades. Um estudo que recebeu o prémio intitulado Best Portuguese Case Studies, em 2019.
Carolina: É verdade que temos um caso de estudo sobre a nossa marca, que é usado em muitos outros cursos e em várias universidades. Temos muitos alunos de mestrado e pós-graduações a fazerem trabalhos sobre nós. E, também, muitas faculdades a referirem a nossa marca.
A Universidade Católica publicou um case study sobre o sucesso da Alameda Turquesa. Em 2019, recebeu o prémio de Best Portuguese Case Studies.
Um case study focado na vossa gestão de marca e alta capacidade na “mobilização de conhecimentos na área do digital” (Silva, 2019). És convidada a falar, publicamente ou em universidades, sobre a Alameda?
Carolina: Tenho sido convidada para várias palestras para falar sobre a Alameda Turquesa, a nossa história e o nosso percurso. Participei em várias conferências e dei palestras em varias faculdades – desde a Católica à NOVA, à Universidade de Macau. Mas também falei noutros eventos não académicos, como na Câmara de Comércio do Porto, onde fui convidada para o painel de e-commerce e internacionalização.
Por fim, e em exclusivo à FORBES, a Alameda Turquesa anuncia connosco que acaba de lançar um novo site.
Carolina: Sim! Há já muito tempo que queríamos refazer o nosso site. O site foi desenhado pela minha irmã, apesar de não ser a sua área de formação. Fomos nós que desenhámos tudo, novamente, incorporámos também desenhos à mão meus, e temos novas features. Agora, os nossos clientes podem juntar-se à nossa newsletter e ao nosso clube online, que lhes dá acesso a conteúdo exclusivo da Alameda Turquesa. Queríamos uma plataforma mais interativa e que explicasse melhor a nossa história e os nossos valores, e acho que conseguimos. É-nos muito importante mostrar a nossa parte criativa, é isso que faz a nossa marca, a nossa criatividade.