Se já sentiu a falta do entusiasmante cheiro das folhas de papel de um livro novo quando lê no seu kindle ou mesmo num tablet, esta notícia é para si. Co-fundada por Alex Wiltschko, um ex-cientista da Google, atual CEO, a Osmo promete dotar o mundo virtual da capacidade de cheirar através da utilização da Inteligência Artificial. Quando se entra no website da companhia somos brindados com o seu lema: “Dar aos computadores o sentido do olfato”.
Se a Inteligência Artificial (IA) já consegue reproduzir o sentido da visão e o sentido da audição, surge agora mais uma solução disruptiva, que pretende reproduzir o olfacto. Esta startup, fundada em 2022, pretende gerar cheiros, da mesma forma que se geram sons e imagens na internet.
Onde começou a história da Osmo
O empreendedor revela, no seu site, como tudo começou. “Não decidimos quais os interesses que nos dominam de forma duradoura. Somos atraídos apenas por determinados assuntos, geralmente porque se ligam tanto às nossas afinidades como às nossas ansiedades. Pelo menos foi o que aconteceu comigo. Num verão, no liceu, numa altura de insegurança, tornei-me um nerd de perfumes. Parecia uma fixação estranha para uma criança de 11 anos, mas iria mudar o rumo da minha vida”, pode ler-se na site da empresa.
O mesmo afirma que vivia no Texas com os pais e tinha o sonho de se tornar programador informático. Passava os verões em campos de férias, e foi lá que conheceu rapazes “chiques” que usavam perfumes caros, fragrâncias que simbolizavam status. Mas os pais não lhe compravam esses caros produtos e começou a desenvolver a sua capacidade de gerar dinheiro, fazendo sites e logotipos para empresas locais, conseguindo então comprar, pela primeira vez um frasco de Bulgari Black. A partir daqui começou a pensar: como é que o cérebro transforma as moléculas em percepções e emoções? Estas questões levaram-no a estudar neurociências, e a investigar efusivamente o funcionamento do olfato no cérebro.
“Num verão, no liceu, numa altura de insegurança, tornei-me um nerd de perfumes. Parecia uma fixação estranha para uma criança de 11 anos, mas iria mudar o rumo da minha vida”, conta o empreendedor no site da empresa.
Foi quando começou a trabalhar no Google Brain – equipa de investigação em IA e deep learning da Google – que foi desafiado a criar o seu próprio projeto. “Decidi liderar uma equipa de investigação dedicada à utilização da inteligência artificial para desmistificar a origem molecular do cheiro. Graças aos seus esforços heroicos, conseguimos resolver um dos mistérios essenciais do olfato: mapear moléculas que transportam os aromas. O mapa principal de odores que criámos viria a ser a base da nossa empresa, a Osmo, na qual temos trabalhado desde então para digitalizar o mundo dos aromas”, explica o empreendedor na página da empresa.
A ambição da empresa é teletransportar aromas
A empresa foi lançada de forma independente com o apoio da Google Ventures e da Lux Capital. O objetivo do projeto é transportar o olfato para o mundo digital, mas enquanto isso não se concretiza na prática a empresa está a criar moléculas mais seguras para criar fragâncias de produtos de uso diário, como champôs, detergentes de roupa, repelentes de insetos, revelou o mesmo em entrevista ao canal CNBC.
A ambição da Osmo é ser capaz de utilizar a sua tecnologia para teletransportar aromas, digitalizando um perfume num local e recriando uma cópia exata noutro local, diz Wiltschko. “Esta é a forma de provar que o seu modelo de IA realmente compreende o cheiro de algo, porque se não conseguir recriá-lo para que tenha um cheiro idêntico ao original, então está a enganar-se”, diz o cientista à CNBC. Outro dos seus objetivos é utilizar esta tecnologia para detectar doenças em estádios iniciais, utilizando para isso o olfato “artificial”. “Eventualmente seremos capazes de detectar doenças através do cheiro e estamos no bom caminho para construir esta tecnologia”, diz na mesma entrevista. “Isso não vai acontecer tão cedo, mas estamos no bom caminho, remata.”