O Grupo Inditex abriu outra loja em Portugal, mas desta vez apresenta um conceito novo. A loja Zara Home for&from, inaugurada no Freeport Lisboa Fashion Outlet, chega com o objetivo de integrar pessoas com necessidades especiais. O conceito já gerou oportunidades laborais para mais de 750 pessoas e lucros económicos para as organizações gestoras no valor de 8 milhões de euros. Em Portugal, o espaço será gerido pela Associação VilacomVida.
“Esta é a loja número 16 no mundo. 14 em Espanha, uma em Itália e a verdade é que tínhamos uma dívida com Portugal. Portugal foi o primeiro país depois de Espanha onde abrimos uma loja do Grupo Inditex, há 35 anos, e tínhamos a dívida de trazer o projeto for&from para Portugal”, afirmou Óscar García Maceiras, CEO do Grupo Inditex, durante a apresentação do projeto. “A visão que temos na Inditex é que temos que levar a nossa ideia de beleza, qualidade, desenho para o maior número de pessoas possível. Nós falamos com sociedades cada vez mais diversas e mais inclusivas, por isso desenrolamos distintos projetos que têm como objetivo precisamente dar oportunidades de desenvolvimento profissional a pessoas que tenham algum tipo de incapacidade”.
A for&from nasceu em 2002 com uma loja da Massimo Dutti em Barcelona. Atualmente, outras marcas comerciais do Grupo Inditex como a Pull&Bear, a Bershka, a Stradivarius, a Oysho, bem como a Tempe Inditex fazem parte deste projeto. Em 2019, a for&from abriu a sua primeira loja internacional em Itália, gerida pela Fondazione Cometa. A partir de um donativo inicial da Inditex para a construção da loja, o modelo torna-se autossustentável através da venda a preços reduzidos pelas entidades sociais de produtos de campanhas anteriores. Os benefícios obtidos revertem na íntegra para projetos sociais das entidades sociais colaboradoras, a Associação VilacomVida neste caso.
A “for&from é um claro exemplo de que é possível. A excelência no serviço ao cliente, no funcionamento de uma loja, é perfeitamente compatível com o trabalho social de integração de pessoas com incapacidade. Não tenho qualquer dúvida que toda a equipa será um exemplo”, concluiu o CEO.
A Associação VilacomVida foi, então, a escolhida pela Inditex para abraçar este projeto. Trata-se da mesma associação responsável pelo Joyeux, a primeira família de cafés-restaurantes solidários e inclusivos, criada em França em 2017, tendo já quatro cafés abertos e 30 jovens empregues em Lisboa e Cascais.
Com projetos como o Joyeux e a Zara Home for&from, a associação espera mudar algumas das realidades com que estas pessoas lidam ao longo das suas vidas. Por exemplo, na sua formação, que na loja é igual à formação de qualquer outro colaborador, apenas adaptada em termos de comunicação, por exemplo com o recurso a vários exemplos práticos. Aqui, as pessoas são contratadas e só depois formadas.
“Nós acreditamos neste pressuposto, que era muito bom que fosse também seguido por outras empresas, acreditamos que faria poupar muitos milhões de euros ao próprio Estado, se em vez de se utilizar financiamentos para a formação que depois na maior parte das vezes não iriam encontrar trabalho, se fizesse o contrário. A confiança que estes colaboradores sentem quando assinam um contrato de trabalho, dá-lhes um sentimento de autoestima, de realização pessoal, o que lhes faz também dar mais, servir melhor, ter autoconfiança nas suas capacidades. Não podemos é esperar que sem este compromisso da parte do empregador haja esta entrega”, afirma Filipa Pinto Coelho, presidente da associação, à FORBES.
E como é que Filipa olha para o tema da inclusão em Portugal?
“Acho que estamos já num ponto mais adiantado do que estávamos há uns anos. Agora, com a necessidade de as empresas se tornarem mais inclusivas, começa a haver mais procura. Não existe tanto aquela abordagem de ir propor pessoas pela primeira vez a uma empresa, já vamos com a porta aberta. Não para serem solidários, mas porque percebem e ouvem que esta contratação pode fazer das equipas mais eficientes e passa a ser um ato inteligente”, afirma.