A decisão de Reese Witherspoon de apostar em si mesma e em histórias lideradas por mulheres está a render-lhe muito: a atriz agora vale 400 milhões de dólares (343 milhões de euros), estima a Forbes, isto depois da estrela de Hollywood ter vendido uma participação maioritária da sua produtora (Hello Sunshine) a uma nova empresa de media do Grupo Blackstone, liderada por ex-executivos da Disney.
O acordo valoriza a empresa Hello Sunshine de Witherspoon, que foi fundada em 2016 com o propósito de contar histórias voltadas para mulheres, em 900 milhões de dólares (770 milhões de euros), graças ao seu histórico de sucessos como as séries televisivas “Big Little Lies” da HBO, “The Morning Show” na Apple TV + e “Little Fires Everywhere” na Amazon Prime Video, bem como a um promissor pipeline de adaptações de livros populares.
A nova empresa de media, que será dirigida pelos ex-executivos da Disney, Kevin Mayer e Tom Staggs, adquiriu as ações de investidores da Hello Sunshine, incluindo a AT&T e a Emerson Collective (da bilionária Laurene Powell Jobs), bem como uma parte da participação da própria Witherspoon.
Venda rendeu 102 milhões de euros
Witherspoon manterá uma participação acionista de pelo menos 18%, e arrecadará cerca de 120 milhões de dólares (102 milhões de euros), após impostos, com a venda de cerca de metade da sua participação preexistente de cerca de 40% na empresa.
O resto da fortuna da atriz, nascida a 22 de março de 1976, está ligada aos ganhos (após os impostos) da sua carreira de 30 anos como atriz e produtora de sucesso.
Witherspoon é também uma das estrelas mais lucrativas de Hollywood, conseguindo exigir salários altíssimos. Senão veja-se: de acordo com fontes da indústria, Witherspoon ganha pelo menos um milhão de dólares (850 mil euros) por episódio nos seus trabalhos na televisão (ela recebe 1,2 milhões de dólares – um milhão de euros – por episódio para produzir e protagonizar “The Morning Show”, da Apple TV +), além de outros milhões por papéis em filmes. Witherspoon tornou-se também um modelo publicitário muito popular, ganhando bastante em anúncios para empresas como a Crate & Barrel.
Witherspoon ganha pelo menos um milhão de dólares (850 mil euros) por episódio nos seus trabalhos na televisão.
Antes do movimento #MeToo e dos apelos generalizados a favor da igualdade de género no mundo dos espetáculos, Witherspoon vinha manifestando a sua frustração com os papéis que lhe vinham sendo oferecidos e com a escassez de histórias lideradas por mulheres em Hollywood.
Foi com o filme “Legally Blond” (“Legalmente Loira”, de 2001) que a atriz ganhou protagonismo, numa película, onde, curiosamente, representa uma personagem com os estereótipos da rapariga bonita, loira e rica.
Em 2012, ela decide, então, fundar a Pacific Standard, que produziu os filmes “Wild” (“Livre” foi o título dado em português) e “Gone Girl” (“Em “Parte Incerta” na tradução para português). Em 2016, os seus esforços de produção transformaram-se na Hello Sunshine.
Vários projetos em desenvolvimento
A empresa tem vários projetos em desenvolvimento, incluindo a próxima série da Netflix “From Scratch”, protagonizada por Zoe Saldana, e “The Last Thing He Told Me”, da Apple TV + , protagonizada por Julia Roberts. Relativamente a filmes, a Hello Sunshine está a adaptar o romance best-seller “Where the Crawdads Sing”.
Witherspoon expandiu o seu império de media ao incluir o “Clube do Livro” de Reese, um passo que pode ser encarado como natural, dado o facto de que vários dos seus projetos serem adaptações de romances escritos por mulheres. O clube tem 2,1 milhões de seguidores, e 42 das suas 50 escolhas entraram na lista dos mais vendidos do New York Times – o que significa que as futuras versões para filmes e televisão terão um público integrado.
“Comecei esta empresa [Hello Sunshine] para mudar a maneira como todas as mulheres são vistas nos media”, diz Witherspoon.
A Hello Sunshine será a pedra angular da nova empresa de media criada por Mayer e Staggs. A dupla está agora à procura de ativos para valorizar ainda mais a companhia. De resto, com o início da era do streaming, estes executivos viram uma oportunidade de capitalizar a praticamente insaciável procura de Hollywood por séries e filmes de verdadeiro entretenimento e projetos com os melhores talentos.
Cenário de streaming cada vez mais concorrencial
Essa fome por marcas de entretenimento famosas que se podem destacar num cenário de streaming cada vez mais concorrencial é o que alimentou, de resto, a oferta de 8,45 mil milhões de dólares (7.2 mil milhões de euros) da Amazon para adquirir a MGM, a casa da saga James Bond, de Robocop e de Rambo; tal como de transações menores, mas notáveis, como o acordo de mais de 400 milhões de dólares (343 milhões de euros) da Universal Pictures para criar uma nova trilogia de filmes baseado no clássico filme de terror Exorcista.
Mayer e Staggs viram, por isso, uma oportunidade de negócio na “Hello Sunshine” de Witherspoon, cujo principal acionista, a AT&T, está a procurar sair do negócio de entretenimento. A gigante das telecomunicações anunciou planos em maio de separar a WarnerMedia e fundi-la com a Discovery, uma transação que se seguiu à venda anterior da DirecTV para uma firma de private equity.
A AT&T agarrou-se a uma transação que permitiria uma saída fácil, e Witherspoon estava interessada num negócio que proporcionasse dinheiro para alimentar o crescimento contínuo da Hello Sunshine. Daí que, conjugados todos os interesses, tenha sido firmado um acordo rapidamente durante o verão.
A “Hello Sunshine encaixa-se perfeitamente na nossa visão de uma nova empresa de entretenimento, tecnologia e conteúdo de última geração”, referiram Staggs e Mayer em comunicado. “Procuramos capacitar os criadores com inovação, capital e escala para inspirar, entreter e encantar o público global.”
Witherspoon fará parte do conselho de administração da nova empresa de media, juntamente com a CEO da Hello Sunshine, Sarah Harden. Eles vão continuar a supervisionar as operações diárias da empresa e Witherspoon poderá continuar a engrossar a sua lista de êxitos profissionais, quer como atriz, quer como produtora.
Com “Walk the Line” (2005), fita realizada por James Mangold, Reese Witherspoon arrebatou em definitivo a crítica, levando para casa vários prémios pela sua performance como melhor atriz, entre os quais o Óscar, o BAFTA, o Globo de Ouro e o Screen Actors Guild Awards.
Na sua qualidade de produtora, Reese Witherspoon viu o seu trabalho ser distinguido com “Big Little Lies”, com um Primetime Emmy Awards, em 2017.