A Bolsa de Empregabilidade especializou-se no recrutamento através da realização de feiras de emprego e outras ações, online e offline, que já ajudaram a empregar centenas de profissionais em turismo.
Este ano, pela primeira vez, o Algarve será palco de uma destas feiras, a 16 de fevereiro, no Centro de Congressos do Algarve (Vilamoura), seguindo-se Lisboa, a 3 de março, na Sala Tejo do Altice Arena, e o Porto, no dia 29 de março, no Palácio da Bolsa.
Acompanhando por dentro o setor do turismo, António Marto, Fundador da Bolsa de Empregabilidade, destaca em entrevista à Forbes que a atividade turística se tornou pouco atrativa para os profissionais nacionais, pelo que o setor para voltar a ganhar outra pujança terá de se reinventar para reconquistar os trabalhadores.
À Forbes, o responsável da Bolsa de Empregabilidade avança, por seu lado, que este projeto que fundou, que começou como uma start-up, mas que trabalha e engloba já nomes fortes na área hoteleira, como Vila Galé Hotéis, Bairro Alto Hotel, Four Seasons Hotel Ritz Lisboa, Herdade da Malhadinha, Sublime Comporta, Tróia Resort e Porto Palácio Hotel, entre outros, pode vir a ser alargado a outros setores no futuro.
Como começou esta Bolsa de Empregabilidade e quem são os promotores da iniciativa?
António Marto (AM): Enquanto associação que trabalha diretamente com os jovens e futuros profissionais do setor do turismo e hotelaria, percebemos que existia um gap entre a ligação destes com as empresas. Apenas existiam as plataformas digitais, como portais de emprego, ou as visitas que as empresas faziam às escolas, o que tornava o processo de procura de oportunidade mais moroso. Desta forma, decidimos criar um evento físico que permitisse interligar diretamente os recursos humanos com os que procuram uma oportunidade de emprego, tendo a primeira edição da Bolsa de Empregabilidade decorrido a 10 de março de 2016 na Bolsa de Turismo de Lisboa.
Como evoluiu o projeto – focado unicamente no turismo – e quais são as suas principais iniciativas, ao longo do ano?
AM: Desde 2016 temos aumentado gradualmente o número de empresas a contratar nas Feiras de Emprego, de 20 empresas em 2016, para 80 empresas em 2019, até chegarmos às mais de 100 empresas participantes que temos atualmente. O ano de 2020 foi sem dúvida o mais desafiante para nós, porque a pandemia obrigou-nos a interromper os nossos eventos. Mas em 2021 regressámos mais fortes. Nesse ano tivemos a primeira edição no Brasil, em Fortaleza, Ceará. Depois, em 2022, levámos as nossas Feiras ao Porto, ao Palácio da Bolsa. E, sempre com o objetivo de nos alargarmos geograficamente, este ano vamos ter três localizações para as feiras em Portugal, em Lisboa, no Porto e no Algarve.
“Este ano vamos ter três localizações para as feiras em Portugal, em Lisboa, no Porto e no Algarve”.
Mas, além disso, realizamos várias iniciativas no âmbito do turismo ao longo do ano. Promovemos formações, webinars e eventos de networking, como é o caso dos Breakfast & Business, que reúnem ao pequeno-almoço representantes de RH e empresários do turismo para debaterem os temas mais importantes e atuais sobre recrutamento e emprego. Estas iniciativas focadas no empregador têm como objetivo a transmissão de conhecimentos para técnicas de melhor empregabilidade.
Para os profissionais e desempregados, desenvolvemos iniciativas como o TTL Job Edition, onde através de um pitch, podem apresentar-se a um conjunto de empresas, recebendo no momento pedidos de entrevistas de emprego. Esta primeira edição contou com 25 participantes e foi um sucesso onde todos, sem exceção, tiveram pedidos de entrevistas e ofertas de emprego.
Atualmente, o projeto inclui que parceiros?
AM: Trabalhamos com uma grande proximidade com as principais entidades e associações do setor do turismo bem como com os municípios que recebem o evento. Não podemos deixar de mencionar e agradecer ao Centro de Congressos do Algarve, ao Altice Arena e à Associação Comercial do Porto por receberem fisicamente a Bolsa de Empregabilidade. Também temos alguns apoios privados, como é o caso da Merytu, da Cityrama e da RedeExpressos, entre outros.
Onde vai a Bolsa de Empregabilidade buscar a sua fonte de rendimento?
AM: A Bolsa de Empregabilidade tem um modelo assente na participação das empresas, ou seja, na inscrição monetária das empresas nas feiras e em outros eventos e iniciativas. Por sua vez, também existe um apoio proveniente de Institutos Públicos ligados ao turismo e emprego, bem como de municípios, que patrocinam as nossas atividades e missão.
Do lado dos empregadores que pretendem recrutar, quais são as grandes dificuldades que apresentam?
AM: A maior dificuldade dos recrutadores é a falta de recursos humanos disponíveis para trabalhar. Se aliarmos o desgaste de algumas das profissões no turismo, com os salários baixos e a falta de reconhecimento, verificamos que o setor se tornou pouco atrativo para os profissionais nacionais. Em contrapartida, cada vez mais residentes de outros países, como é o caso do Brasil, Cabo Verde, Índia, entre outros, têm interesse na área e estão a ser recrutados. Todavia, o nosso objetivo enquanto Bolsa de Empregabilidade, é também desafiar o setor a desenvolver-se, dinamizando o processo de recrutamento, quer no físico, quer no online.
Fazendo fé de que o setor do turismo nacional tem falta de 50 mil trabalhadores, as empresas nacionais têm capacidade de satisfazer estas necessidades ou as propostas laborais que oferecem não são atrativas o suficiente para mobilizar a mão de obra de que precisam?
AM: Para reconquistar os trabalhadores que abandonaram o setor durante o período da pandemia, bem como para atrair novos talentos, é essencial reformular a imagem do setor. Importa perceber quais as condições que os trabalhadores pedem e começar por aí, com melhores remunerações, melhores formas de reconhecer os profissionais e inovar as profissões, e com a oferta de oportunidades de progressão nas carreiras e de crescimento dos colaboradores nas empresas.
“Importa perceber quais as condições que os trabalhadores pedem e começar por aí”
Do lado de quem pretende obter um posto de trabalho, que aspetos são mais valorizados?
AM: Temos percebido que existe esta mudança no paradigma do trabalho nas últimas gerações, mas acreditamos que a pandemia veio intensificar a valorização de um “work life balance”, onde as pessoas pretendem ter cada vez mais tempo para a vida pessoal e familiar, com menos stress e uma melhor qualidade de vida.
Que indicadores e resultados a Bolsa de Empregabilidade tem conseguido?
AM: Atualmente a Bolsa tem 46 empresas confirmadas para a Feira de Emprego do Algarve, 75 empresas para a Feira de Emprego de Lisboa, e 53 empresas para a Feira de Emprego do Porto. A nível de público estamos a criar sinergias junto de escolas do ensino profissional e superior, Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, Institutos de Emprego e Formação regionais para garantir que chegamos a todos aqueles que podem beneficiar das oportunidades destas empresas. Na plataforma de recrutamento online, aberta oficialmente no mês de janeiro como uma solução de emprego 365 dias, já temos mais de 600 candidatos, número que cresce diariamente.
Que próximos eventos vão organizar neste 2023?
AM: Para além de estrearmos as Feiras de Emprego em Vilamoura, no Algarve, dia 16 de fevereiro, vamos organizar a 6ª edição em Lisboa, no Altice Arena, e a 2ª edição no Porto, no Palácio da Bolsa, nos dias 3 e 29 de março.
Apesar do berço deste projeto ter sido em Lisboa, na BTL, a quem estamos muito gratos, em 2023, decidimos levar a feira de emprego de Lisboa para um espaço próprio, na Sala Tejo do Altice Arena, e focar-nos em crescer a feira para um espaço 100% dedicado ao emprego com mais ofertas e dinâmicas para candidatos e empresas.
Estamos também a negociar a possibilidade de expandir a Bolsa para outras regiões, inclusive fazê-las chegar às ilhas e até a outros países. Já organizamos a Bolsa de Empregabilidade em 2022 e 2023 no Brasil e estamos atentos a esse e a outros mercados internacionais.
Qual será a vossa estratégia futura para o desenvolvimento do projeto?
AM: Estamos a desenvolver uma estratégia que internamente lhe chamamos: Emprego 360. É uma estratégia que permite às empresas e aos profissionais poderem trabalhar o recrutamento, não só nas feiras físicas, mas também numa plataforma online que acabámos de lançar e onde pretendemos apostar em força na oferta de formações e qualificações para quem procura ofertas de trabalho.
O setor de turismo é o único que a Bolsa de Empregabilidade trabalha. É possível que o projeto venha a trabalhar também outros setores?
AM: Temos vindo a ser abordados por outros setores. O impacto e os resultados que alcançámos no setor são notórios, com resultados muito bons a nível das contratações feitas por empresas nas nossas feiras. Pretendemos este ano consolidar pelo menos as três feiras físicas e a plataforma online, para em 2024 nos lançarmos num novo setor.