Com o crescimento do comércio eletrónico, os consumidores querem cada vez mais saber: “Onde está meu pedido?”. A norte-americana Route, empresa de rastreamento de embalagens que leva três anos de existência, pretende responder a essa pergunta em tempo real com o seu software orientado por IA (Inteligência Artificial).
À conta do e-commerce, este é um negócio crescente e cada vez mais valioso: o cofundador e CEO da Route, Evan Walker, disse à Forbes que a startup que dirige agora vale US$ 1,25 bilião (1,1 mil milhões de euros), após uma ronda de US$ 200 milhões (176 milhões de euros).
A avaliação deste unicórnio ocorre apenas três meses depois da Route, com sede em Lehi, Utah, ter aparecido na lista Next Billion-Dollar Startups da Forbes, como uma das 25 empresas com maior probabilidade de ultrapassar a marca de US $ 1 bilião.
As receitas da Route mais que duplicaram no ano passado, de US$ 34 milhões (30 milhões de euros), em 2020, para cerca de US$ 80 milhões (70,5 milhões de euros), em 2021. Além do rastreamento de produtos, a Route também ajuda os comerciantes a comercializar produtos adicionais para consumidores que já fizeram compras e oferece um seguro de envio integrado.
“Tem sido selvagem”, diz Walker numa videochamada a partir do seu escritório em Santa Monica, Califórnia. “Estamos na posição de ocuparmos o espaço agora, e o espaço está a focar incrivelmente quente”, comenta.
“As entregas estão a evoluir e parte do que lhe diz respeito parece muito ficção científica. Hoje, não há razão para que nada mais se perca.”
Walker, 41, começou o seu primeiro negócio de comércio eletrónico aos 14 anos, quando construiu um site para vender videojogos no seu quarto, recebendo emprestado US$ 2.000 (1762 euros) do seu pai para colocá-lo em funcionamento. “Vendi alguns videojogos e fiquei frustrado por não estar a vender mais. Então recebi um telefonema para um pedido de software de produtividade de US$ 500.000 (440 mil euros). A empresa descolou instantaneamente”, lembra.
Cinco anos depois, Walker vendeu a empresa, chamada Netsoft, aos 19 anos, por mais de US$ 10 milhões (8,8 milhões de euros). “Eu sempre fui aquele garoto”, diz ele. “Eu não sei por que eu estava conectado dessa maneira. Não era sobre o dinheiro – era sobre ser o inventor.”
Ideia nasceu há sete anos
Walker teve a ideia da Route há sete anos, enquanto negociava uma opção de envio para um baú antigo que tinha comprado numa pequena loja em Florença. O dono da loja disse-lhe que era muito frágil para enviar para o estrangeiro e, de qualquer maneira, poderia perder-se. Colecionador de antiguidades e artefactos, Evan Walker logo percebeu que transporte, rastreamento e seguro eram boas perspetivas de negócios. Ele cofundou a Route há três anos com Mike Moreno para ajudar pequenas lojas a competir num mercado cada vez mais global.
“A Amazon ganha porque tudo é centralizado, mas ninguém mais quer vender na Amazon”, diz Walker. “Os pequenos comerciantes não têm essas mesmas ferramentas e mesmo os grandes comerciantes não têm as ferramentas.”
Desde a sua fundação, a Route registou mais de 11.000 comerciantes, a maioria dos quais pequenas empresas, e rastreou mais de 175 milhões de encomendas para entregar a compradores.
A Route cobra taxas de transação aos comerciantes cada vez que um cliente compra um produto comercializado através do seu software e obtém a receita de seguro. O rastreamento visual em si é gratuito.
A última ronda de financiamento foi liderada por uma empresa de investimentos com sede em Londres que Walker se recusa a nomear, citando um acordo de confidencialidade. Outros investidores envolvidos nesta ronda, que eleva o financiamento total da empresa para US$ 291 milhões (256 milhões de euros), incluem Eldridge, Madrona Venture Group, Riot Ventures, FJ Labs e Jaws Capital. Walker diz que ele continua a ser, “de longe, o maior acionista maioritário”.
Com o novo financiamento, a Route pretende desenvolver novos recursos para a sua tecnologia, como uma maior personalização. Para isso, a empresa, que tem uma força de trabalho de cerca de 450 pessoas divididas entre os subúrbios de Salt Lake City e Los Angeles, estima contratar mais engenheiros para construir novos produtos.
Embora as primeiras contratações tenham vindo das principais empresas de tecnologia corporativa de Utah, como a Qualtrix, o responsável da empresa espera agora trazer mais talentos de tecnologia focados no consumidor na Costa Oeste, onde o mercado é altamente competitivo.
“As entregas estão a evoluir e parte do que lhe diz respeito parece muito ficção científica. É entrega por drone e por veículo autónomo. Acho que a transparência é uma coisa muito grande. Hoje, não há razão para que nada mais se perca”, conclui.