No discurso sobre o Estado da União, a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen veio anunciar que Bruxelas vai propor um limite máximo para as receitas das empresas que produzem eletricidade a baixo custo porque – refere von der Leyen – “sabemos” que os “milhares de milhões de euros em apoios às famílias vulneráveis” já investidos pelos Estados-Membros da EU “não serão suficientes”.
“Estas empresas estão a ter receitas que nunca previram e com as quais nunca sonharam. Na nossa economia social de mercado, o lucro é algo positivo. Mas, em tempos como os que vivemos, não é correto embolsar lucros extraordinários sem precedentes em resultado da guerra e à custa dos consumidores. É, sim, o momento de os partilhar e de os canalizar para quem mais precisa”, justificou Ursula von der Leyen, em Estrasburgo.
A proposta da Comissão Europeia pretende angariar mais de 140 mil milhões de euros para os Estados-Membros poderem atenuar diretamente os efeitos da crise.
“E porque vivemos numa crise de combustíveis fósseis, é também à indústria dos combustíveis fósseis que cabe contribuir de alguma forma. As grandes empresas petrolíferas, de gás e de carvão também estão a ter lucros avultados. Por conseguinte, têm de pagar uma quota justa — têm de dar uma contribuição de crise”, acrescenta a presidente da Comissão Europeia.
“Milhões de europeus precisam de ajuda”, sublinha a responsável da CE.
“Os meses que se avizinham não serão fáceis. Nem para as famílias, que têm dificuldades em pagar as contas ao fim do mês, nem para as empresas, que se deparam com escolhas muito difíceis sobre o seu futuro”, lembra a Presidente da CE.
Ursula von der Leyen refere que todas estas são medidas temporárias e de emergência, estando em discussão os limites máximos a estabelecer para os preços.
Von der Leyen destacou, igualmente, que “a atual conceção do mercado da eletricidade já não protege os consumidores. São eles que devem colher os benefícios das energias renováveis de baixo custo. Temos, pois, de dissociar a influência dominante do gás do preço da eletricidade. Para tal, vamos proceder a uma reforma profunda e exaustiva do mercado da eletricidade”.