A comissão de supervisão da Câmara dos Representantes intimou o Departamento de Justiça norte-americano a apresentar os arquivos da investigação sobre tráfico sexual de menores envolvendo o consultor financeiro Jeffrey Epstein (1953-2019). As intimações foram emitidas pela comissão parlamentar no âmbito de uma investigação do Congresso dos Estados Unidos que os representantes acreditam poder revelar ligações com o Presidente norte-americano em exercício, Donald Trump, e outros ex-altos responsáveis do país.
Controlada pelos republicanos, a comissão também intimou o ex-presidente Bill Clinton, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e oito ex-altos funcionários federais da área da justiça para prestarem depoimentos. A atuação da comissão evidencia que, mesmo com os congressistas longe de Washington, numa pausa de um mês, o interesse pelos arquivos do caso Epstein continua a ser elevado.
Trump negou conhecimento prévio dos crimes de Epstein e afirmou ter cortado relações com ele há muito tempo, e tentou repetidamente desvalorizar a decisão do Departamento de Justiça de não divulgar um relatório completo da investigação. Mas membros dos dois principais partidos políticos da câmara baixa do Congresso, bem como muitos dos apoiantes políticos do Presidente republicano, recusaram-se a deixar cair o assunto.
Alimentadas teorias da conspiração
Desde o suicídio de Jeffrey Epstein, em 2019, numa cela de prisão em Nova Iorque, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual de menores, os conservadores alimentaram teorias da conspiração sobre que informações terão os investigadores reunido sobre Epstein — e quem mais poderá estar envolvido. Os congressistas republicanos da comissão de supervisão da Câmara dos Representantes concordaram com essa linha de interrogatório no mês passado, emitindo intimações para o depoimento dos Clinton, ambos democratas, e exigindo igualmente todas as comunicações entre o Governo democrata do Presidente Joe Biden e o respetivo Departamento de Justiça sobre o caso Epstein.
A comissão parlamentar está ainda a exigir depoimentos sob juramento dos ex-procuradores-gerais dos últimos três Governos norte-americanos – Merrick Garland, William Barr, Jeff Sessions, Loretta Lynch, Eric Holder e Alberto Gonzales – tendo também intimado os ex-diretores do FBI (agência de investigação criminal e serviços secretos internos) James Comey e Robert Mueller.
“O que está Donald Trump a esconder, para não querer que os ficheiros do caso Epstein sejam divulgados?”, questionou o deputado Robert Garcia.
No entanto, foram os democratas que desencadearam a ação de intimar o Departamento de Justiça para obter os seus arquivos sobre Epstein, tendo-se-lhes juntado alguns republicanos para iniciar com êxito a intimação através de uma subcomissão da comissão de supervisão da Câmara dos Representantes.
“Os democratas estão concentrados na transparência e estão a combater a corrupção de Donald Trump: O que está Donald Trump a esconder, para não querer que os ficheiros do caso Epstein sejam divulgados?”, questionou o deputado Robert Garcia, o principal democrata na comissão de supervisão da Câmara, em declarações à comunicação social no mês passado.
A comissão parlamentar já anteriormente tinha emitido uma intimação para um depoimento de Ghislaine Maxwell, a ex-namorada de Epstein, que estava a cumprir uma pena de prisão na Florida por atrair adolescentes para serem vítimas de abuso sexual pelo abastado consultor financeiro, mas foi recentemente transferida para um estabelecimento prisional no Texas. No entanto, o presidente da comissão, o representante republicano James Comer, indicou que está disposto a adiar esse depoimento até que o Supremo Tribunal decida se vai ouvir um recurso da sua condenação, argumentando ela que foi injustamente processada.
(Lusa)