Como nasceu a Inlife?
A ideia de criar a Inlife nasceu em 2015, quando, regressado a Lisboa após uma experiência a viver no Canadá, pensei em lançar um serviço a que chamei de Housing Trip, para responder a uma necessidade, que considerei, ser evidente para todos aqueles que procuram alojamento de média ou longa duração numa cidade que não conhecem. A Inlife surgiu então como um serviço inovador, que permitia às pessoas visitarem presencialmente três casas numa mesma tour de duas horas, de acordo com as preferências introduzidas no registo e acompanhadas por um operador. Depois, podiam reservar de imediato a sua favorita. O serviço foi evoluindo gradualmente, até se tornar no que é hoje: uma experiência totalmente digital, com a possibilidade de visitar as casas em tempo real, por meio de videochamadas com os senhorios e operadores da Inlife.
Em termos práticos, como funciona a plataforma?
A Inlife é a plataforma que permite uma experiência de arrendamento totalmente digital, ao mesmo tempo que garante a parte humana de contacto em tempo real entre inquilinos e senhorios, através de visitas por videochamada em direto. Numa videochamada de cerca de 15 minutos, o inquilino consegue visitar a casa em tempo real, conhecer o senhorio e os futuros colegas de casa (no caso de apartamentos partilhados), esclarecer dúvidas contratuais ou regras da casa e, ainda, perceber exatamente quais os pontos de interesse na zona, ou qual a distância até aos transportes e supermercados mais próximos (muito útil para quem ainda não conhece o bairro). A qualquer momento, pode enviar um pedido de reserva e obter a confirmação do arrendamento em 24 horas. Tudo isto sem ter de sair do sofá. Em termos de processo, procurámos torná-lo simples para os utilizadores, que só têm de: visitar o website https://inlifehousing.com/. Navegar no mapa da cidade onde pretendem encontrar alojamento, filtrando entre as diversas opções, de acordo com as suas preferências, até escolherem os seus alojamentos favoritos. Enviar um pedido de reserva imediata – se estiverem satisfeitos com as informações do anúncio – ou enviar um pedido de visita, caso pretendam visitar o alojamento e esclarecer dúvidas antes de reservar. Aguardar até 24 horas pela confirmação do senhorio. Receber a confirmação da reserva e os contactos do senhorio. O processo fica concluído e a nova casa está garantida.
Já é possível identificar o perfil dos clientes que têm procurado os vossos serviços?
Já tivemos inquilinos de mais de 100 países e das mais variadas faixas etárias. Os perfis mais comuns são estudantes e jovens profissionais internacionais, estudantes portugueses deslocados e, mais recentemente, jovens trabalhadores portugueses. Em termos de nacionalidades, os países mais frequentes são Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, França e Brasil. Temos também muita procura vinda de países do Norte da Europa, como Noruega e Suécia.
Quais as zonas do país com maior procura e a tipologia dos imóveis?
A nossa oferta concentra-se em cidades. Estamos atualmente presentes em Lisboa, Porto, Coimbra e Évora. Abrimos recentemente a plataforma em Aveiro e Braga, onde os senhorios já se conseguem registar e inserir os seus apartamentos e quartos. Temos atualmente cerca de quatro mil anúncios em Lisboa, dois mil no Porto e 800 em Coimbra (quartos, estúdios, apartamentos completos e residências).
A Inlife está preparada para dar o salto além-fronteiras? Quais os mercados-alvo?
Começámos oficialmente a internacionalizar a nossa atividade no mês de fevereiro, sendo que concluímos em janeiro os processos de recrutamento das duas novas Country Managers: uma para o mercado espanhol e outra para o mercado italiano. Vamos passar a estar presentes em Madrid, Barcelona, Roma e Milão, a partir do próximo semestre. Espanha e Itália têm dinâmicas de mercado muito interessantes para a nossa atividade, em termos de programas de mobilidade estudantil, comunidades de nómadas digitais e profissionais deslocados. Do lado da oferta, encontramos nas principais cidades espanholas e italianas mercados relativamente bem estruturados em termos de investimento em alojamento de estudantes (PBSA – purpose built student accommodation), espaços de coliving e empresas de property management com gestão profissional de portefólios consideráveis.
Como tem evoluído a Inlife em termos dos resultados financeiros ao longo destes três anos? E as perspetivas para 2022?
A Inlife tem crescido de forma consistente nos últimos três anos, com crescimentos anuais na ordem dos 100%, apesar da pandemia. As perspetivas para 2022 são de um crescimento de mais de 300% face a 2021, números estes já verificados no mês de janeiro deste ano, face ao mês homólogo de 2021.
De que forma as parcerias com as universidades têm potenciado o negócio?
As parcerias com as universidades têm permitido dar a conhecer aos estudantes nacionais e internacionais um serviço inovador no momento de procurar casa – que, muitas vezes, desconheciam existir – e que lhes traz grande comodidade e valor acrescentado. São uma excelente forma de chegarmos até um dos nossos principais públicos e podermos ajudar os inquilinos no momento certo.
Qual o impacto da pandemia no vosso negócio? Obrigou a adiar investimentos?
A pandemia teve um impacto negativo nos números de mobilidade de estudantes e profissionais, mas não impactou tanto o nosso setor de atividade, de estadias mais longas, comparativamente ao mercado de short-term (estadias turísticas). Neste momento, consideramos que a nossa atividade já voltou à normalidade. Do lado da oferta, houve um grande aumento de senhorios que procuraram a nossa plataforma para promoverem os seus imóveis e chegarem a mais potenciais inquilinos, tendo, inclusivamente, existido uma transição de players que operavam habitualmente no mercado das estadias turísticas, para passarem a ter os seus imóveis sempre em modalidade de arrendamento mensal. A carga operacional associada à atividade de short-term rentals é muito desgastante para os senhorios, tornando atrativa a possibilidade de ter um rendimento mensal garantido com estadias mais longas (por exemplo, semestrais), ao mesmo tempo que conseguem manter a flexibilidade do modelo de negócio e a utilização da propriedade com muito menos custos operacionais. Não sentimos, portanto, necessidade de adiar investimentos ou alterar o nosso plano de crescimento devido à pandemia.