As mais de 1.100 empresas do cluster da indústria automóvel em Portugal registaram um volume de negócios de 16.700 milhões de euros em 2022 e um valor acrescentado bruto (VAB) de 3.870 milhões, segundo um estudo divulgado esta semana.
Elaborado pela Deloitte para o Mobinov – Cluster Automóvel, o estudo de “Caracterização do Cluster da Indústria Automóvel em Portugal” aponta ainda que, considerando o seu impacto total (incluindo o impacto indireto na restante economia), o setor representa um volume de negócios consolidado de 21.340 milhões de euros e uma riqueza anual (VAB) de 5.720 milhões de euros, equivalente a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Apresentado hoje durante o 11.º Encontro da Indústria Automóvel, promovido em Vila Nova de Gaia pela Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), o trabalho destaca o “cariz fortemente exportador” do cluster, que fatura 99% no exterior e responde por cerca de 23% das exportações de bens transacionáveis nacionais, e o seu “elevado peso no investimento do setor transformador, com efeito mobilizador”: responde por cerca de 19% do investimento da indústria transformadora nacional.
Cluster dá emprego a 84.500 pessoas
No que se refere ao emprego, o cluster da indústria automóvel dá diretamente trabalho a perto de 84.500 pessoas, o equivalente a 11% dos empregos na indústria transformadora e a 74% dos empregos gerados pelas principais empresas de fornecedores de componentes. Contudo, o seu impacto total na economia ascende a mais de 170.000 postos de trabalho.
Entre 2019 e 2022, as exportações do cluster aumentaram 7,6%, de 15.384 para 16.551 milhões de euros.
Analisando as empresas do ‘cluster’ automóvel por origem do respetivo capital, o estudo conclui que 84% têm capital nacional e 16% capital estrangeiro. Contudo, 89% do volume de negócios gerado tem origem em empresas de capital estrangeiro e apenas 11% em empresas nacionais.
Já numa classificação das empresas por dimensão, verifica-se que 91% do tecido empresarial do cluster é constituído por micro e pequenas e médias empresas (PME), que, no entanto, respondem por apenas 12% do volume de negócios total.
Cluster produziu mais de 322 mil veículos
Dividido entre construtores automóveis (na sua totalidade grandes empresas de capital estrangeiro) e fornecedores de componentes (37% dos quais são de capital estrangeiro e 22% são grandes empresas), o cluster produziu 322.404 veículos em 2022, ano em que ocupou o 10.º do ranking europeu de construtores, como uma quota de 2,5%.
Entre os principais fornecedores de componentes automóveis, 86% concentram-se no norte e centro do país, dando emprego a mais de 63.000 trabalhadores. Já o conjunto de empresas construtoras responde por mais de 7.000 postos de trabalho.
Uma análise da repartição do volume de negócios consolidado pela cadeia de valor do cluster automóvel evidencia que os fabricantes de componentes são responsáveis por 66% da faturação total, seguidos dos construtores (29%), dos moldes (3%), dos centros de engenharia (1%) e dos transformadores, acessórios e outros (também com 1%).
Com um crescimento médio anual de 3,6% entre 2019 e 2022, a remuneração total por trabalhador no cluster automóvel encontrava-se no ano passado, segundo o estudo, 15,1% acima daquela registada pela indústria transformadora.
Lusa