A CIP – Confederação Empresarial de Portugal fez as contas ao impacto da crise pandémica e concluiu que, em oito meses, o País já perdeu cerca de 110 mil postos de trabalho. A estimativa foi avançada pelo presidente da CIP, António Saraiva, durante o webinar para apresentar os resultados do inquérito feito às empresas sobre a sua situação atual e as expectativas que têm para o próximo ano.
António Saraiva lamentou que algumas medidas apresentadas ao Governo pela Confederação em Abril e Maio, como o apoio às empresas a fundo perdido, não tenham sido adotadas atempadamente o que poderia ter permitido salvar “algum desse emprego”.
O presidente da CIP sublinhou que algumas dessas medidas acabaram por ser agora anunciadas pelo Executivo, mas alerta que já deveriam estar no terreno. Apesar de aplaudir o anúncio das medidas, António Saraiva assume que “não aplaudimos o atraso na resposta que o Governo tem tido”. Para a mesma fonte, “não chega anunciar, há que concretizar” as medidas até porque há um cansaço entre os empresários de continuarem a ouvir os sucessivos anúncios que são feitos.
António saraiva criticou ainda o facto de o Governo estar à espera da chegada dos 58 mil milhões de euros de ajuda financeira anunciados por Bruxelas. “Temos de agilizar algumas soluções e antecipar algumas medidas de apoio”, acusa o presidente da CIP que afirma ainda que o Governo tem de ser mais ousado e comparar-se com Estados europeus que têm sido mais céleres em disponibilizar ajuda às empresas para dinamizar a economia.
O mesmo responsável admitiu que a elevada dívida pública e as contas públicas exigem alguma sensatez. Mas sublinhou que a economia tem regras que não se compadecem com esta morosidade.
O inquérito da CIP, desenvolvido com o Marketing FutureCast Lab do ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa, concluiu que cerca de 83% das empresas consideram que os programas de apoio do Estado, para minimizar o impacto da pandemia da Covid-19, estão aquém do que é realmente necessário.
Segundo o mesmo estudo da CIP, entre novembro e dezembro, o número de empresas que pediu financiamento bancário subiu de 44% para 46%. Para 57% das empresas que responderam consideram que as medidas continuam a ser insuficientes. As encomendas em carteira estão a diminuir em muito mais empresas do que aquelas que estão a aumentar (44% versus 12%).
As expetativas de vendas das empresas para os próximos quatro meses é negativa face a 2019 em que 48% a esperam uma diminuição, face às 17% que preveem um crescimento. A expetativa de vendas melhorou sobretudo nas grandes e médias empresas, cenário que não deve ser alheio às notícias sobre vacinação e sobre chegada de fundos europeus.
Ainda de acordo com o mesmo inquérito, existe um maior número de empresas (14%) que esperam diminuir o número de recursos humanos do que aumentar (12%) nos próximos quatro meses. Só nas grandes empresas existe expetativa de aumento, o que está em linha com a sua expetativa de crescimento de vendas.