A fabricante chinesa de carros 100% elétricos XPENG chegou a Portugal, numa parceria estratégica com o grupo português Salvador Caetano que tem a seu cargo a importação e distribuição dos três modelos que estão agora à venda: o SUV Coupé Xpeng G6, o SUV familiar Xpeng G9 e o sedan desportivo Xpeng P7. Em entrevista à Forbes, à margem da apresentação da marca, o Chief Operating Officer da XPENG Portugal, Rafael Monteiro, explica os argumentos que justificam a entrada no mercado português e os trunfos, para que, esta seja uma aposta ganha como ter o facto de ter o parceiro certo, a apetência dos portugueses para este segmento de carros e as vantagens fiscais que o Governo oferece.
Quais os argumentos que justificam esta entrada da XPENG em Portugal?
A Xpeng escolheu o mercado português devido à implementação que os elétricos têm no nosso mercado, pelas vantagens fiscais que o nosso governo dá às empresas. Temos um excelente market share, por exemplo, comparando com os nossos vizinhos espanhóis, nós conseguimos ter num ano praticamente o mesmo volume, sendo que o mercado deles é quatro vezes superior. O próprio cliente tem um mindset aberto para as viaturas elétricas e, por isso, é que a Xpeng apostou no nosso mercado. Claro que ter como parceiro o grupo Salvador Caetano também é uma garantia que o projeto irá correr bem e que não estão a fazer investimentos em vão.
Nesta fase de arranque, quais são os objetivos que a marca tem para Portugal? E depois em velocidade de cruzeiro?
Nesta fase de arranque somos muito ambiciosos. Para 2025 já queremos fazer mil carros, acreditamos que temos um produto fantástico para que isso aconteça. Temos produto, temos parceiros, teremos uma rede de concessionários muito forte e, com certeza, que vamos atingir os nossos objetivos.
Vão aproveitar a rede da Salvador Caetano para as vendas?
Nesta fase inicial vamos ter apenas dois concessionários da rede Salvador Caetano, que se vai chamar Caetano X. Mas é uma empresa separada da parte da importação. Nós somos isentos para todos os nossos parceiros e a Salvador Caetano, a parte do retalho, é um parceiro como tantos outros. Depois teremos outros concessionários independentes, até ao final deste ano. No final do próximo ano contamos já ter a nossa expansão concluída.
Os dois concessionários são onde?
São no Porto, mesmo no coração do Porto, na zona industrial, e em Lisboa, numa fase inicial, vamos estar numa pop-up store, no Saldanha Residence, mas também estamos à procura do espaço ideal para lançar a marca num espaço definitivo. Mas já abrimos tanto no Porto como no Saldanha Residence em pop-up store.
O que o consumidor português pode esperar da marca?
Pode esperar uma marca que oferece muita tecnologia, a melhor tecnologia no mercado, mas adaptada às necessidades das pessoas e que realmente vai facilitar o seu dia-a-dia. É isso que podem esperar da XP, foco no cliente através da tecnologia.
Dos três modelos que chegam ao mercado, qual é o que dará mais volume de vendas?
Será o G6, que é o modelo mais adaptado ao mercado português. Principalmente pelo segmento X-Series, que é o segmento D, um dos segmentos com maior volume no mercado dos elétricos. E não tenho dúvidas nenhumas que será um sucesso por tudo aquilo que o carro oferece.
A Europa é um mercado prioritário para continuar esta expansão…
Neste momento consigo-lhe responder pelo meu país, Portugal. Mas a marca já anunciou que queria estar em 60 países overseas. Mas isso já é estratégia corporativa. Portugal já está, Espanha também. E até ao final deste ano a Xpeng vai ter 12 países na Europa.
A inteligência artificial é algo que está no ADN da marca…
Está no ADN da marca, exatamente. A marca não quer só uma tecnologia estática, quer uma tecnologia que aprenda, uma tecnologia que evolua. E isso é possível através das nossas atualizações over the air.
E como vão vencer a concorrência neste segmento, havendo já uma marca muito conhecida no mercado?
Na prática temos de ir ao mercado com os nossos argumentos. E os nossos argumentos são a nossa imensa oferta de valor. Temos um preço ajustado, mas acima de tudo é o que as pessoas compram pelo preço que estamos a propor. E a nossa oferta de tecnologia em todos os nossos modelos é absolutamente incomparável e incrementa muito a oferta de valor do automóvel.
Há um perfil ou há uma faixa etária mais vocacionada para a vossa marca?
Não lhe posso dizer isso. A primeira ideia que vem à cabeça é que quem compra carros elétricos é uma pessoa normalmente altamente instruída ou com um nível social mais elevado. Acho que isso nos dias que correm é falso. Todo o mercado português está muito aberto aos carros elétricos e a quota de mercado fantástica que temos em Portugal é prova disso mesmo. Eu diria que a nossa faixa etária é desde os 30 aos 60 anos, é bastante alargada. Não temos um funil para a nossa segmentação nesse sentido. Acho que todos são clientes potenciais.