Isak Andic Ermay, 71 anos, fundador da marca de vestuário Mango, morreu este sábado depois de ter sofrido uma queda de uma ravina de mais de 150 metros perto das grutas de salitre em Collbató, em Espanha. O empresário estava acompanhado pela família num passeio pela montanha no momento da queda, tendo sido o seu filho Jonathan a pedir socorro.
A confirmação da morte foi dada pelo presidente do Governo da Catalunha, Salvador Illa Roca, numa publicação feita na rede social X (ex-Twitter).
Consternat per la pèrdua d’Isak Andic, empresari compromès que, amb el seu lideratge, ha contribuït a fer gran Catalunya i projectar-la al món. Deixa una empremta inesborrable en el sector de la moda catalana i global. El meu condol i el de tot el Govern a familiars, amics i a…
— Salvador Illa Roca (@salvadorilla) December 14, 2024
Era o homem mais rico da Catalunha com uma fortuna calculada em 4,5 mil milhões de euros.
Isak Andic foi o fundador da Mango, empresa da qual era também o principal proprietário. Nascido em Istambul em 1953, instalou-se em Barcelona aos 14 anos e de fez, de imediato, sentir o seu espírito empreendedor, vendendo roupa com tecido fabricado na Turquia que depois era transformado em Barcelona.
Depois de conseguir algumas vendas com a marca Izak, em 1984, funda a Mango, cuja primeira loja abriu em pleno Paseig de Gràcia, a rua mais movimentada de Barcelona, e onde estão as lojas mais caras.
O Diretor-Geral da Mango, Toni Ruiz, destacou o legado de Andic numa declaração oficial, referindo que este dedicou a sua vida a fazer da Mango uma referência internacional da moda, deixando uma “marca indelével” graças à sua visão estratégica, liderança e qualidades humanas. Ruiz reafirmou o compromisso da empresa em manter vivo o seu legado. Salvador Illa, presidente do governo catalão, descreveu-o como um “empresário empenhado” que projetou a Catalunha no mundo.
A morte de Andic marca o fim de uma carreira exemplar em que combinou a sua paixão pela natureza com o seu sucesso empresarial. Como fundador e presidente não executivo da Mango, construiu uma das marcas de moda mais importantes de Espanha, levando o nome do país aos mercados internacionais.
Ao longo da sua carreira, o empresário, um judeu sefardita, ocupou vários cargos de responsabilidade – vice-presidente do Banco Sabadell e presidente do Instituto de Empresa Familiar (2010-2012) – e foi membro do Conselho Consultivo Internacional da Generalitat de Catalunya, do Conselho Consultivo de Investimento para a Turquia e da Fundação Amigos do Museu do Prado, e patrono da Fundação MACBA.
Em março último, o Rei Felipe VI entregou-lhe o Prémio do Reino de Espanha para a Carreira Empresarial, descrevendo-o como um “modelo” de empreendedorismo para os jovens devido à sua paixão, entusiasmo e disciplina, valores que, na sua opinião, devem ser transmitidos às novas gerações.
Felipe VI elogiou a figura de Andic e salientou que tem “muito mérito”, uma vez que chegou a Espanha com a sua família quando era jovem e fundou a sua primeira empresa de moda, tendo o irmão trabalhado para empresa como funcionário.
“Foi um dos grandes empresários do berço da indústria têxtil, Barcelona, e um magnífico exemplo de como um setor evoluiu, e continua a evoluir, para se adaptar aos tempos”, acrescentou.
O monarca assegurou que Andic é “um modelo claro de um self-made person” e elogiou a vontade e a determinação do empresário.
Aquando da entrega do galardão, Felipe VI salientou que a Mango “olha para o futuro” há 40 anos e combina inovação, design e qualidade.
O monarca sublinhou que a Mango “traz no seu ADN o selo da moda espanhola, um setor de grande prestígio em todo o mundo graças a empresas como esta”.
Atualmente, a Mango tem cerca de 2.800 lojas em 120 países e mais de 15.500 empregados. A empresa obteve um resultado líquido de 172,1 milhões de euros em 2023, ou seja, 112% mais do que os 81 milhões do ano anterior, registando assim os “melhores resultados” dos seus quarenta anos de história.