“A Caixa devia ir aumentando a remuneração dos depósitos”. João Leão, vice-reitor do ISCTE e ex-ministro das Finanças de António Costa, não tem dúvidas de que, com as taxas de juro a subirem, o normal seria que os juros de depósitos bancários deveriam acompanhar a tendência. E nesse aspeto, refere João Leão, a Caixa Geral de Depósitos, enquanto banco público, deveria dar um sinal ao mercado.
Em entrevista ao programa “Hora da Verdade”, da Rádio Renascença e do jornal Público, lembra que “a banca comercial tem remunerações de depósitos próximas de zero. Ainda há aqui uma grande discrepância”.
Para o ex-governante, “a Caixa devia ter um papel importante de ir aumentando a remuneração dos depósitos, porque é nesse sentido que o mercado estaria a funcionar de forma mais regular”.
João Leão refere que “o Estado já remunera os seus certificados de aforro acima de 3% – já é um veículo que o Estado tem que faz alguma pressão sobre o sistema bancário. Por essa via, o tal papel que estava a indicar de uma certa forma já está a ser feito via certificados de aforro. A Caixa Geral de Depósitos tem um novo produto em que já remunera acima de 1%, em condições especiais. Penso que é uma forma de atrair novo financiamento sem remunerar muito os depósitos que lá tem. É natural que este processo seja gradual. É importante também que a Caixa tenha aqui um contributo positivo nesse processo”.
E daqui para a frente?
O ex-ministro estima, com base no cenário do BCE, “ainda é natural que durante 2023 as taxas de juro do BCE e as taxas Euribor aumentem cerca de um ponto até ao Verão. É natural que depois se mantenham algum tempo e comecem, se tudo correr bem, a poder descer a partir do próximo ano de 2024”.
Entrevista na íntegra aqui: