Os certificados de aforro são um dos produtos mais tradicionais e reconhecidos para quem procura poupar e rentabilziar de forma segura algum dinheiro. Depois de muitos anos em que pouco ou nenhum interesse tinham, a subida das taxas Euribor em 2022 e a sua manutenção em níveis elevados, fez com que a procura pelos certificados de aforro subisse, dado que a sua remuneração estava diretamente ligada às taxas Euribor, acrescida de 1% e com uma remuneração máxima inicial de 3,5%, muito superior aos depósitos a prazo que existiam, e que depois ia subindo à medida que se mantinha o produto durante mais tempo.
No entanto, tudo mudou em junho de 2023, quando o governo decidiu terminar a série E dos certificados de aforro, e a substituiu pela série F que, entre outras coisas, reduziu a sua taxa máxima inicial dos 3,5% para 2,5%.
Sensivelmente na mesma altura, os bancos começaram também a subir as remunerações dos depósitos a prazo e, hoje em dia, é fácil encontrar soluções acima dos 2,5% oferecidos pelos certificados de aforro. Na verdade, hoje há até ofertas que, se cumprir determinadas condições, remuneram as suas poupanças a uma taxa anual de 5%, taxa que nunca chega a ser alcançada pelos certificados de aforro, nem somando o prémio de permanência máximo que ocorre a partir do 14º ano da subscrição.
Para que fique claro, as condições de remuneração da série F dos certificados de aforro são as seguintes:
Determinada mensalmente no antepenúltimo dia útil do mês, para vigorar durante o mês seguinte, segundo a fórmula:
E3
em que E3 é a média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores, sendo o resultado arredondado à terceira casa decimal.
A taxa base não poderá ser superior a 2,50 % nem inferior a 0 %
Os prémios de permanência abaixo indicados acrescerão à taxa base:
- 0,25 % – do 2º ao 5º ano;
- 0,50 % – do 6º ao 9º ano;
- 1,00 % – no 10º e 11º ano;
- 1,50 % – no 12º e 13º ano;
- 1,75% – no 14.º e 15º ano
Fonte: IGCP
Como vemos, a taxa base de remuneração dos certificados é a Euribor a 3 meses e essa tem vindo, recentemente, a baixar. Olhando para as expectativas da evolução desta taxa no futuro, é pouco provável que a Euribor a 3 meses desça abaixo dos 2,5%, pelo que a tal remuneração máxima nessa mesma taxa é provável que também se mantenha durante muitos anos, pelo menos enquanto não existir uma nova série com condições diferentes.
Em resumo, considerando todos os fatores, hoje em dia existem produtos de poupança, com um nível de segurança semelhante aos certificados de aforro e que lhe permitem rentabilizar o seu dinheiro a taxas superiores e, em muitos casos, até com mais flexibilidade, visto que os certificados de aforro não permitem mobilização durante os primeiros 3 meses.
No final de contas, e como em tudo o que é relativo ao mundo das finanças pessoais, a chava está na palavra “pessoais” e cada pessoa deve tomar a melhor decisão sobre o seu dinheiro, garantindo, acima de tudo, que entende o que está a fazer e onde está a colocar o seu dinheiro.