O CEO e cofundador do Twitter, Jack Dorsey, renunciou ao cargo de CEO esta segunda-feira. De acordo com Dorsey, o Twitter está “pronto para seguir em frente sem ele”. Dorsey, que continuará a ser um dos membros do conselho diretivo da empresa até ao final do seu mandato, em 2022, será substituído por Parag Agrawal, até aqui diretor de tecnologia da firma.
Curiosamente, esta é a segunda vez que Dorsey abandona o Twitter. Agora refere ter decidido deixar o Twitter porque acredita “que a empresa está preparada para se afastar dos seus fundadores”.
Os motivos que levam à saída de Dorsey são, no entanto, menos prosaicos do que ele parece fazer querer, ainda que ele tenha declarado: “Quero que todos saibam que a decisão foi minha”.
Todavia, diteta ou indiretamente, o grande móbil para a demissão deste gestor diz respeito ao facto de os investidores do Twitter virem a questionar há bastante tempo a sua capacidade para liderar a empresa. E esse desgaste foi agora determinante.
Turbulência no Twitter
Dorsey passou por um período complicado nos últimos anos na empresa que ele co-fundou. No ano passado, a acionista do Twitter e empresa de investimentos, Elliott Management, passou a ter assento no Conselho de Administração do Twitter, tendo tentado expulsá-lo da liderança da empresa por causa do crescimento lento da plataforma.
Dorsey também enfrentou críticas devido à sua hesitação em censurar utilizadores, especialmente figuras públicas controversas como o ex-presidente Donald Trump. O Twitter tomou medidas para gerir a disseminação de informações falsas na plataforma no ano passado – principalmente em relação à eleição presidencial e à pandemia do coronavírus – e no início deste ano baniu Trump permanentemente do Twitter.
Dorsey juntou-se a outros CEO de enpresas de tecnologia para testemunhar durante uma audiência no Congresso em março sobre as funções das plataformas de redes sociais no motim de 6 de janeiro no Capitólio em Washington.
Efeito na bolsa
As ações do Twitter dispararam até 12,5% no pré-mercado, imediatamente após as primeiras notícias avançadas pela CNBC que davam conta da saída do gestor do cargo, reduzindo, assim, as perdas de quase 14% este ano.
Historial de Jack Dorsey
Dorsey foi cofundador do Twitter com Ev Williams, Biz Stone e Noah Glass em 2006. É, aliás, de sua autoria a primeira mensagem do Twitter, plataforma de mensagens que nasceu com 140 caracteres e passou, em novembro de 2017, para 280 caracteres.
Dorsey atuou como CEO daquela que era então uma ainda incipiente empresa de redes sociais até 2008 antes de sair. Regressou à empresa para uma segunda passagem como CEO em 2015.
Neste período, entre 2008 e 2010, a empresa foi comandada pelo cofundador Evan Williams; de 2010 a 2015 foi dirigida por Dick Costolo.
Dorsey também é o CEO da Square, a empresa de pagamentos digitais que fundou em 2009. Aclamado como um guru da tecnologia, Dorsey é conhecido por levar um estilo de vida mais excêntrico do que os seus colegas do Sillicon Valley, fazendo questão de afirmar que toma banhos de gelo diariamente, faz apenas uma refeição por dia e jejua aos fins de semana. Antes de trabalhar com tecnologia, ele formou-se como massagista.
11,8 mil milhões de dólares (10,5 mil milhões de euros). É quanto “vale” Dorsey, de acordo com uma estimativa da Forbes.
Esta foi a carta em que Jack Dorsey comunicou formalmente ao staff do Twitter que saía (download, clicando em baixo): ↴