O centro cultural multidisciplinar do Bairro Alto, sonhado pelo livreiro José Pinho, está praticamente concluído e vai abrir ao público no dia 1 de novembro, com uma festa de cinco dias, cuja programação está a ser terminada.
A revelação foi feita por Joana Pinho, diretora das Livrarias Ler Devagar, durante a sessão de apresentação da programação da 8.ª edição do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, que decorre entre 12 e 22 de outubro.
A apresentação foi feita na Casa Comum do Bairro Alto – Centro Cultural, em Lisboa, o local escolhido para ser o centro cultural a cuja criação José Pinho estava dedicado, um dos seus sonhos mais antigos, que foi interrompido pela morte prematura do livreiro, aos 69 anos, no dia 30 de maio deste ano.
“Nasce da vontade de voltar a trazer a este bairro um espaço de encontro, um lugar dedicado às coisas feitas em comum e que estão altamente ameaçadas pela forma de vida atual”, disse Joana Pinho, filha do livreiro, indicando que está “quase concluído”.
No final da apresentação, Joana Pinho adiantou que a festa de inauguração da Casa Comum do Bairro Alto – Centro Cultural vai acontecer na noite de 31 de outubro e que o espaço abre portas no dia 1 de novembro, às 12 horas.
Durante cinco dias, o lugar será palco de uma festa com uma programação específica, que ainda não está fechada, e a ideia é fazer desta uma iniciativa cíclica que se repita todos os anos, mas, idealmente, em abril ou maio.
“Vamos convocar pessoas para que a programação anual seja toda sempre à volta de uma obra, que pensámos que poderia ser quase sempre um livro”, disse, acrescentando que a obra escolhida para a primeira festa está escolhida e que é um livro abrangente, que abarca vários temas, à imagem da personalidade de José Pinho, mas não quis revelar ainda de que livro se trata.
Fazer coisas em comum
Em torno da ideia de “fazer coisas em comum” que subjaz à criação deste espaço, a sala de cinema ficará no piso superior e a ideia é que as pessoas vejam um filme e depois saiam para “beber um copo, partilhar, conversar, comprar um livro”.
No piso de baixo vai ficar a livraria Ler Devagar – um espaço também para “demorar, folhear um livro, ouvir música” – e o Museu da Preguiça, uma sala composta por três bibliotecas particulares, uma delas de José Pinho, com a sua coleção de literatura erótica.
Neste museu haverá camas, armários de farmácia antigos – de que José Pinho era fiel depositário e onde guardava os seus livros – e qualquer visitante poderá “consultar livros, deitar-se a ler ou dormir uma sesta”.
O bar ficará localizado na cave – onde ficava o antigo armazém da Adega das Cegonhas – e será um espaço de apoio às livrarias, que terá a sua própria livraria de livros usados, e onde decorrerão conversas, discussões e serão programados concertos.
“A ideia é ter um espaço dinâmico”, disse Joana Pinho, acrescentando ainda que terá uma componente social, com parceiras e trabalho desenvolvido com o bairro.
O período de funcionamento do espaço será das 12 horas às 22 horas, horário que se estenderá até às 2 horas às sextas e sábados.
Sobre a data escolhida para a abertura do Centro Cultural, Joana Pinho contou à Lusa como tudo partiu de uma frase dita por José Pinho. “Ele nunca estava quieto e às vezes as pessoas diziam-lhe ‘Zé tens de parar um bocado’ e ele respondia ‘eu só paro seis meses depois de morrer’”.
A diretora das livrarias disse que a intenção de José Pinho era abrir o Centro Cultural no dia 16 de junho, só com o telhado. “Mas ele morreu antes e nós decidimos abrir com mais do que o telhado”.
Nos últimos tempos José Pinho estava dedicado à criação daquele que era um dos seus sonhos mais antigos, um Centro Cultural e Social do Bairro Alto, projeto multidisciplinar para congregar livrarias, galerias, estúdios de cinema e de gravação de audiolivros e podcasts, salas de concertos e de artes performativas.
Lusa