A aprendizagem fora da sala de aula e em pleno contacto com a Natureza é uma metodologia em crescimento nas escolas, a nível mundial, e à qual se reconhecem benefícios para o desenvolvimento físico, psicológico e social das crianças e dos jovens. Com origem na Dinamarca e na Suécia, nos anos 50, a chamada “Educação na Natureza” – que tem práticas e princípios próprios – abrange atualmente milhares de crianças espalhadas por todo o mundo. Em Portugal, os primeiros passos neste sentido começaram a ser dados em 2017, com o surgimento de projetos baseados no modelo pedagógico da Forest School.
Com o objetivo de impulsionar a adoção desta metodologia de ensino em Portugal, surgiu o projeto “A Natureza é a melhor Sala de Aula” (NSA) – uma iniciativa promovida pelo Centro Regional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da Área Metropolitana do Porto (CRE.Porto), uma rede composta por entidades públicas e privadas, coordenada pela Área Metropolitana do Porto e pela Universidade Católica Portuguesa, no Porto. O projeto NSA, que arrancou em 2018/2019 e encontra-se atualmente na sua terceira edição, tem desafiado os docentes de vários contextos educativos a levar os alunos, desde os que frequentam o ensino pré-escolar até ao secundário, para fora das salas de aula e a procurar na Natureza novas formas de ensino/aprendizagem.
Como resultado, na presente edição, 78 docentes de 43 escolas de 17 municípios da AMP implementam a metodologia da “Educação na Natureza”, envolvendo mais de 1500 alunos nas aulas na Natureza. A Escola Básica de Recarei (Paredes), o Instituto Nun’ Alvres (Santo Tirso), a Escola Secundária de Valongo são algumas das Escolas que integram este projeto.
Quais os benefícios da Educação na Natureza?
Na Natureza, encontra-se uma miríade de estímulos, desafios e recursos pedagógicos necessários para educar crianças e jovens de uma forma integral, autónoma, estimulante e positiva. Uma metodologia de ensino harmonizada com a Natureza visa colmatar uma lacuna que é comumente associada às sociedades atuais, em que crianças e jovens passam cada vez menos tempo ao ar livre, o que tem levado a um evidente aumento do sedentarismo infantil. Além dos problemas de saúde física relacionados com um estilo de vida sedentário, uma vida desconectada do mundo natural está relacionada com um maior défice de atenção e maior prevalência de problemas emocionais e comportamentais, como concluiu Richard Louv, autor da teoria “Transtorno do Défice de Natureza”. Já o contacto com espaços verdes em contexto académico tem revelado um impacto positivo na capacidade de aprendizagem, bem como de processos cognitivos (atenção, resiliência e sentido de autoeficácia) e socioemocionais (autorregulação emocional e comportamental, resolução de problemas e cooperação).