As casas à venda em Portugal estão a encarecer desde o final de 2013, altura em que o país começou a recuperar do choque da crise financeira de 2008.
A análise é do portal imobiliário Idealista que destaca o facto das casas terem continuado a ficar mais caras ao longo dos anos, mesmo durante a pandemia e durante 2022, ano marcado pela guerra na Ucrânia e por várias mudanças no contexto económico, designadamente a subida a pique da inflação (cuja média anual em 2022 de 7,8% foi o valor mais elevado desde 1992 e que no mês de dezembro de 2022 foi de 9,6% ), o contínuo aumento dos preços da construção, a subida das taxas de juro nos créditos habitação, agravando os custos de financiamento bancário e a crise energética que pressionou ainda mais os orçamentos familiares.
O Idealista refere ainda que apesar da procura de casas para comprar dar sinais de arrefecimento, continua a ser superior à oferta existente, tanto por parte das famílias portuguesas, como de clientes estrangeiros.
Neste contexto, comprar casa custava, em termos medianos, 2.475 euros por metro quadrado (euros/m2) no final de dezembro de 2022, segundo o índice de preços do idealista. Este é um valor 6,4% superior ao registado em dezembro de 2021. Por outro lado, as casas ficaram mais caras em 19 capitais de distrito em 2022. E em 14 cidades os preços das habitações à venda subiram mais do que a inflação registada em dezembro de 2022. Ou seja, mais do que 9,6%.
Quais as capitais de distritos onde os preços subiram mais que a inflação?
Entre as 18 capitais de distrito de Portugal continental e as duas capitais das regiões autónomas dos Açores e da Madeira, os preços das casas à venda subiram mais que a inflação de dezembro em 14 cidades.
Foi em Évora onde a subida foi mais expressiva (+37,5%), estando, portanto, 27,9 pontos percentuais (p.p.) acima da inflação. Logo a seguir está Ponta Delgada, onde as casas ficaram 36,4% mais caras entre dezembro de 2021 e o mesmo mês do ano passado. Ou seja, nesta cidade os preços subiram 26,8 p.p. mais do que a taxa de inflação registada no último mês do ano.
Houve ainda mais três capitais de distrito que registaram subidas dos preços das casas superiores a 20% estando, pelo menos, 10 p.p. acima da inflação: Funchal (25,9%), Santarém (21,2%) e Aveiro (20,3%), revelam os dados.
Por outro lado, contam-se cinco cidades em que os preços das casas subiram menos do que a inflação (9,6%) entre estes dois momentos. São eles: Porto (7,4%), Coimbra (7,2%), Guarda (6,6%), Castelo Branco (5,2%) e Lisboa (3,1%). Já Portalegre foi a única capital de distrito onde as casas para comprar ficaram mais baratas no final de 2022 face ao final de 2021.
Entre as capitais de distrito portuguesas, Lisboa (5.147 euros/m2), Porto (3.238 euros/m2) e Funchal (2.656 euros/m2) são as cidades mais caras para adquirir uma habitação. E Portalegre (669 euros/m2), Guarda (799 euros/m2) e Castelo Branco (810 euros/m2) são as cidades mais baratas para comprar casa.
Subida dos preços das casas por capital de distrito
Capitais de distrito | Preço (euros/m2) | Variação anual (%) |
Évora | 2 000 | 37,50% |
Ponta Delgada | 1 667 | 36,40% |
Funchal | 2 656 | 25,90% |
Santarém | 1 029 | 21,20% |
Aveiro | 2 489 | 20,30% |
Faro | 2 602 | 19,10% |
Leiria | 1 327 | 18,20% |
Vila Real | 1 269 | 17,90% |
Setúbal | 2 161 | 17,90% |
Beja | 963 | 16,40% |
Braga | 1 572 | 14,50% |
Viana do Castelo | 1 421 | 12,90% |
Bragança | 865 | 12,60% |
Viseu | 1 302 | 10,40% |
Porto | 3 238 | 7,40% |
Coimbra | 1 732 | 7,20% |
Guarda | 799 | 6,60% |
Castelo Branco | 810 | 5,20% |
Lisboa | 5 147 | 3,10% |
Portalegre | 669 | −1,7% |
Subidas maiores que a inflação em 20 dos 24 maiores municípios
No caso dos maiores municípios do país, a realidade é semelhante. Os preços das casas à venda subiram mais do que a inflação de dezembro (9,6%) em 20 dos 24 concelhos com mais de 100 mil habitantes, revelam os dados do Idealista.
Funchal (25,9%), Matosinhos (21%), Seixal (20,5%) e Maia (19,7%) foram os concelhos com mais de 100 mil habitantes onde as casas para comprar ficaram mais caras entre dezembro de 2021 e dezembro de 2022. Estes aumentos são, pelo menos, 10 pontos percentuais acima da taxa da inflação registada no final do ano. Com uma diferença superior a 8 p.p. da inflação está ainda Oeiras, onde os preços das casas subiram 18,5%, Guimarães (18,2%), Leiria (18,2%) e Setúbal (17,9%).
Houve ainda três municípios onde os preços das casas subiram a um ritmo próximo ao da inflação de dezembro (cuja diferença entre os dois é inferior a 1 p.p.): Vila Nova de Gaia (10,2%), Amadora (10,0%) e Vila Franca de Xira (9,9%).
Observaram-se ainda quatro concelhos com mais de 100 mil habitantes onde, pelo contrário, os preços das casas para comprar subiram a um ritmo inferior ao da inflação de dezembro: Lisboa (3,1%), Loures (4,9%), Coimbra (7,2%) e Porto (7,4%).
É em Lisboa, Cascais e Oeiras onde se encontram as casas mais caras de todas para comprar, com preços superiores a 3.500 euros/m2.
Já os municípios com mais de 100 mil habitantes com casas à venda a preços mais económicos é Santa Maria da Feira (1.216 euros/m2), Vila Nova de Famalicão (1.247 euros/m2) e Barcelos (1.256 euros/m2).
Municípios | Preços (euros/m2) | Variação (%) |
Funchal | 2 656 | 25,90% |
Matosinhos | 2 898 | 21,00% |
Seixal | 2 226 | 20,50% |
Maia | 1 868 | 19,70% |
Oeiras | 3 669 | 18,50% |
Guimarães | 1 403 | 18,20% |
Leiria | 1 327 | 18,20% |
Setúbal | 2 161 | 17,90% |
Almada | 2 526 | 17,50% |
Gondomar | 1 530 | 16,20% |
Sintra | 2 218 | 15,60% |
Vila Nova de Famalicão | 1 247 | 15,10% |
Cascais | 4 432 | 14,80% |
Braga | 1 572 | 14,50% |
Odivelas | 2 563 | 12,20% |
Barcelos | 1 256 | 11,90% |
Santa Maria da Feira | 1 216 | 11,60% |
Vila Nova de Gaia | 2 031 | 10,20% |
Amadora | 2 490 | 10,00% |
Vila Franca de Xira | 2 004 | 9,90% |
Porto | 3 238 | 7,40% |
Coimbra | 1 732 | 7,20% |
Loures | 2 543 | 4,90% |
Lisboa | 5 147 | 3,10% |