Carlos Feijó: “Tempo da lusofonia apenas como identidade cultural já se esgotou”

Carlos Feijó, ex-ministro de Estado de Angola, defende hoje que “a CPLP está a precisar de uma fase crítica” que lhe permita encontrar a sua identidade. “Eu considero a questão da CPLP acima de tudo uma questão geopolítica, geoestratégica”, afirmou o antigo governante durante o painel “Caminhos para a Lusofonia”, na conferência de aniversário do…
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Carlos Feijó, ex-ministro de Estado de Angola, diz que a CPLP é "acima de tudo uma questão geopolítica, geoestratégica”, mas “não é essa a perspetiva” que tem pautado a estratégia da organização.
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Carlos Feijó, ex-ministro de Estado de Angola, defende hoje que “a CPLP está a precisar de uma fase crítica” que lhe permita encontrar a sua identidade.

“Eu considero a questão da CPLP acima de tudo uma questão geopolítica, geoestratégica”, afirmou o antigo governante durante o painel “Caminhos para a Lusofonia”, na conferência de aniversário do Jornal Económico, acrescentando que, porém, “não é essa a perspetiva” quem tem pautado a estratégia da organização dos nove países.

Na opinião de Feijó, o tempo da lusofonia apenas como identidade cultural já se esgotou.

De acordo com o professor universitário, a questão central da CPLP passa por perceber se é uma organização geoestratégica do ponto de visto sociopolítico e económico, geopolítica ou, como levantou em tom crítico, “encontros e almoços de chefes de Estado uma vez por ano”.

Sobre os principais desafios dos países da lusofonia, Feijó sublinha que “nenhum país africano”, nos últimos dois anos”, “conseguiu autofinanciar-se a partir do mercado de capitais internacional”.

“Alguém acredita que algum país africano se desenvolverá nos próximos 10/15 anos com a arquitetura mundial que temos, sobretudo económica e financeira?”, questionou perante a plateia.

Feijó mencionou, ainda, a “descontinuidade geográfica desta lusofonia, do ponto de vista estratégico”, em que “cada um dos membros sofre hoje influências externas”.

“Bata ver o modo como se vota nas Nações Unidas. Será que esta lusofonia, corporizada na CPLP, tem toda a mesma perspetiva em relação à Ucrânia?”, questionou.

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