O mundo empresarial está cada vez mais competitivo e desafiante colocando o burnout como tópico cada vez comum da vida de trabalho dos tempos modernos. Saber lidar com a pressão e o stress profissional extremo nem sempre é fácil, pelo que o papel dos líderes no auxílio desta gestão é essencial.
Esta tendência deve-se tanto pelo facto de as gerações anteriores terem aprendido que têm de ser sempre excecionais, pois a estabilidade nunca está garantida, como pela cultura que defende que apenas aqueles que trabalham arduamente têm sucesso, ou ainda pelo medo de ser visto como preguiçoso se não estiver sempre ocupado.
Segundo o estudo Strada Health Report 2022, mais de metade dos portugueses afirma já ter sofrido ou ter estado perto de sofrer burnout devido ao estado de elevada tensão emocional e stress, relacionada com condições de trabalho desgastantes.
“Há uma discrepância entre a forma como somos impelidos a trabalhar e os limites da nossa capacidade mental”, declara afirma Elina Andstén, da Reaktor.
“Um ambiente de trabalho saudável é um espaço onde os colaboradores se sentem seguros para gerir o tempo de descanso e onde se normaliza a conversa sobre saúde mental. O stress a longo prazo prejudica o pensamento criativo e a capacidade de resolução de problemas e é da responsabilidade da organização promover e normalizar o descanso”, afirma Elina Andstén, Diretora de Operação de Pessoas e Co-fundadora da Comunidade de Talento na Reaktor.
Neste sentido, a Reaktor, consultora tecnológica finlandesa, apresenta cinco dicas para que as empresas construam uma comunidade de apoio para os seus colaboradores.
Liderar pelo exemplo
“Os colaboradores seguem muitas vezes de forma inconsciente o comportamento da chefia. É importante que o líder faça pausas regulares, minimize (e compense) as horas extraordinárias, e programe (e defenda em voz alta) as férias regulares e o tempo livre. Os exemplos tornam-se regras não escritas e podem levar os colaboradores a sentir-se culpados por descansar, se aparentemente forem os únicos a precisar deste tempo”.
Política que encoraje colaboradores a tirar dias de folga quando estão doentes
“O primeiro sinal de esgotamento e stress a longo prazo é o enfraquecimento do sistema imunitário, que leva a doenças e viroses mais frequentes e o aparecimento de dores no corpo. Estes não são sinais de fraqueza ou preguiça; são sinais biológicos que o corpo manifesta para incitar ao descanso e à recuperação. Neste sentido, é importante normalizar o descanso e a recuperação antes de voltar ao trabalho”.
Reconhecer que colaboradores têm uma vida fora do trabalho – e que pode ser turbulenta
“Uma discussão familiar drena energia, uma noite sem dormir com um recém-nascido em casa tem impacto emocional, e o apoio a um amigo em dificuldades cria distração. Os seres humanos não conseguem facilmente pôr as suas vidas de lado quando estão no trabalho, por isso, é compreensível e expectável que isso tenha impacto no seu desempenho”.
“Neste sentido, é importante proporcionar um ambiente que crie a confiança para que os colaboradores se sintam confortáveis para partilhar estas dificuldades, não com o objetivo ou com a expectativa de que a empresa faça algo a respeito, mas porque pelo menos uma pessoa no trabalho saber o que se passa, diminuiu significativamente a culpa e ansiedade de achar que podem não estar a executar as suas tarefas ao nível que normalmente estariam”.
Reconhecer os sinais de stress a longo prazo
“Mesmo num local de trabalho perfeito e num mundo ideal o esgotamento é por vezes inevitável. A melhor maneira de agir é detetar os sinais antes que estes se intensifiquem e esta não deve ser uma tarefa que caiba a cada indivíduo sozinho identificar, uma vez que, para quem está à beira de um esgotamento, é comum que não se reconheça a situação”.
“Cabe a toda a organização, desde o departamento de Recursos Humanos, passando pelo departamento de liderança e a um colega de equipa, saber identificar os sinais indicadores de stress e exaustão a longo prazo”.
Ajudar os colaboradores a lidar com os seus problemas
“Quem está envolvido nas suas lutas internas por vezes tem dificuldades em avaliar e perceber a circunstância em que se encontra envolvido. Todo o stress, ansiedade e nervosismo começam a parecer normais, o que leva a uma desvalorização dos mesmos. Por esta razão, os colaboradores não devem ter de lidar com a prevenção do esgotamento sozinhos. Esta deve ser uma tarefa coletiva: para navegar um barco, é preciso o esforço de toda a tripulação. É preciso um capitão para navegar na direção certa, mas cada indivíduo deve ser capaz de refletir por si”.