No início de 2022, Bryan Adams atuou em Portugal para promover o lançamento do seu mais recente álbum de estúdio “So Happy It Hurts”. A tournée foi dando a volta ao mundo e o cantor canadiano, muito acarinhado pelos portugueses, regressou agora a Portugal para uma “segunda volta” da tour “So Happy It Hurts”, voltando, assim, a um país em que viveu feliz com a família de 1966 a 1970 e que “have a special place in my heart” como várias vezes tem afirmado.
Gondomar (Pavilhão Multiusos), Lisboa (MEO Arena), Braga (Altice Forum Braga) e outra vez Lisboa (MEO Arena) foram os locais dos quatro concertos dados em novembro de 2024, cada um dos quais com um alinhamento pujante com mais de três dezenas de canções, ora mais antigas, ora mais recentes, todas eternas, nas quais Bryan mostrou toda a sua forma, de t-shirt branca vestida e uma energia positiva e contagiante, brindando ainda o público, sempre rendido, com palavras em português.
Bryan Adams voltou a Portugal para, em seis dias, esgotar quatro concertos. Se mais houvesse, mais esgotaria.
Entre concertos, hotéis e aviões, Bryan Adams respondeu por escrito às questões que preparámos e que fez ponto de honra de ser ele próprio a responder. Fê-lo em inglês, motivo para, no final do texto da entrevista em português, disponibilizarmos, igualmente, a versão original das suas respostas, em inglês.
Embora as respostas tenham sido sempre em língua inglesa, o cantor surpreendeu com a frase final da entrevista a ser escrita, também por ele, em português. E não foi para dizer “adeus”!…
Este depoimento, exclusivo à Forbes Portugal, o único meio de comunicação social a quem o artista acedeu a conversar, acontece numa altura em que Bryan Adams atravessa uma nova fase da sua carreira, vestindo também a “pele” de “empresário por conta própria”, com a sua nova produtora BAD Records, ele que tem procurado ser uma voz a favor dos direitos dos autores e músicos.
Sempre com a agenda preenchida (de Lisboa, Bryan Adams seguiu para a Áustria e depois para a Índia), o canadiano acedeu em dar uma entrevista à Forbes Portugal a propósito desta sua nova vinda a Portugal.
A entrevista à Forbes Portugal olhou para “Bryan Adams-cantor”, o seu percurso e os seus próximos projetos, mas também para “Bryan Adams-ser humano”, as suas causas humanitárias e ambientais, o equilíbrio entre a vida pessoal e familiar, o vegetarianismo, a fotografia e, claro, a relação com Portugal “Straight from the heart“.
Bryan Adams, 65 anos, mas “18 til I Die”.
A sua carreira é marcada por uma incrível e constante energia criativa. Desde novos álbuns a projectos fotográficos, e agora a sua editora discográfica, a BAD RECORDS. De onde vem essa força e energia contínua para produzir e inovar ao longo dos anos? Há algum segredo ou ritual que mantenha essa chama viva?
BA: Bem, ultimamente confiei mesmo no meu instinto e libertei-me do sistema que me tem mantido sob contrato desde os 18 anos, e isso por si só é super inspirador. Como resultado disso, comecei a minha própria editora www.badrecords.com e já não tenho um manager. Sou livre.
“Comecei a minha própria editora e já não tenho um manager. Sou livre”.
Uma das coisas que disse recentemente é que é fácil escrever canções, mas é difícil escrever boas canções. É espantoso o número de grandes canções que criou, mas alguma vez teve períodos de bloqueio criativo, em que não conseguiu produzir? Se sim, como é que lidou com esses momentos?
BA: Nunca tive um bloqueio criativo propriamente dito, mas já tive momentos em que precisei de reagrupar os meus pensamentos e criar uma nova equipa quando a que integrava já não estava a funcionar, tal como o que estava a dizer na sua primeira pergunta. Esses momentos podem ser difíceis. Com isto quero dizer que nunca me considerei a pessoa certa para fazer tudo, por isso criei uma equipa que me ajuda a chegar ao próximo lugar. Não se pode fazer tudo sozinho, é preciso ter a equipa certa.
“Não se pode fazer tudo sozinho, é preciso ter a equipa certa”
Com tantos projetos e uma carreira que exige tanto, como equilibra a vida familiar com a vida profissional?
BA: Desde logo, é preciso criar oportunidades para a família em primeiro lugar e acima de tudo, planeando tudo em função disso. É um desafio a partir do momento em que os filhos são engolidos pelo sistema escolar.
Durante a pandemia, enquanto o mundo estava em pausa, ligou-se aos fãs nas redes sociais tocando canções em casa apenas com a sua guitarra. Poderá compilar esse material “unplugged” num álbum?
BA: Acho que não, foram apenas momentos no tempo e provavelmente é melhor deixá-los assim. Nem sei se tenho essas gravações em algum lado, foram sobretudo ao vivo para o Instagram.
É um artista de concertos ao vivo. Nota diferenças na forma como o público reage aos concertos depois da pandemia em comparação com antes da pandemia?
BA: Para ser honesto, parece a mesma coisa, exceto que há menos máscaras no público. Talvez haja mais pessoas a aparecer agora, é o que parece.
Ao longo da carreira, tem estado profundamente envolvido em causas humanitárias e ambientais. A proteção dos oceanos, das baleias e de outros animais, e das florestas são algumas dessas causas. Está otimista quanto à capacidade da humanidade para controlar as alterações climáticas?
BA: hmmm, não estou particularmente otimista em relação à humanidade para lidar com qualquer coisa que tenha a ver com a natureza. Recentemente, o ativista número um mais pró-ativo do mundo na proteção das baleias, Paul Watson, foi preso na Islândia. Ainda está preso no momento em que escrevo este texto e já lá vão mais de 100 dias. Onde estão os líderes mundiais para o ajudar? Ele é canadiano, onde está o Governo canadiano para o tirar de lá? Porquê permitir que um dos seus cidadãos seja encarcerado por estar a proteger uma espécie em vias de extinção? É absurdo. Acredito que há forças muito obscuras a tentar controlar a narrativa que anda por aí. (1)
“Não estou particularmente otimista em relação à humanidade para lidar com qualquer coisa que tenha a ver com a natureza”
“Se te preocupas com este planeta, torna-te vegan”, afirmou. Este é um estilo de vida que adotou e defende. Que benefícios sente que este tipo de dieta lhe traz?
BA: Essa é uma pergunta com duas vertentes, mas a razão pela qual digo isto é porque a indústria da carne tem um impacto significativo no aquecimento global de algumas formas: emissões de gases com efeito de estufa provenientes do estrume e dos fertilizantes, desflorestação para expandir as pastagens para o gado e intensidade de recursos, porque a produção de carne requer recursos terrestres e hídricos tão extensos em comparação com os alimentos à base de plantas. Globalmente, a indústria da carne é responsável por cerca de 11% a 20% das emissões globais de gases com efeito de estufa.
“A indústria da carne tem um impacto significativo no aquecimento global”
É também um defensor dos direitos dos autores e dos músicos, referindo que os autores, os artistas e os compositores são muitas vezes pressionados a ceder os seus direitos à editora para toda a vida. Todas as realidades que a Internet trouxe, com o streaming e plataformas como o Spotify, enfraqueceram ainda mais os criadores na sua luta pelos direitos de autor. No seu caso, há músicas ou álbuns em que, devido às práticas do estúdio, não tenha direitos de autor?
BA: Muitos artistas tiveram esse problema, desde os Beatles até aos artistas atuais. Eu possuo os meus direitos na maior parte do mundo e muitos direitos estão a voltar para mim. Mas tem sido uma guerra absoluta e custa muito contratar advogados que percebam de direitos de autor. Por isso, muitos artistas não podem sequer pensar em recuperar os seus direitos devido aos custos proibitivos envolvidos e à astúcia da forma como a indústria está organizada.
“Muitos artistas não podem sequer pensar em recuperar os seus direitos devido aos custos proibitivos envolvidos e à astúcia da forma como a indústria está organizada”
Recentemente, fundou a tua própria editora BAD RECORDS para gravar material antigo. Foi esta a forma de garantir os direitos dos seus clássicos? Numa conversa com o The Daily Telegraph, lamentou não o ter feito mais cedo.
BA: Sim, gostava de o ter feito há 25 anos! Mas a ideia de criar a editora BAD RECORDS começou em 2013 e fi-lo na altura, mais ou menos por diversão. Mas à medida que as minhas gravações estavam a regressar à minha posse, precisava de encontrar uma casa para elas. As grandes editoras ofereciam acordos de percentagem terríveis, por isso criei a minha editora como deve ser, e é muito emocionante.
“As grandes editoras ofereciam acordos de percentagem terríveis, por isso criei a minha editora”
Sempre esteve envolvido em causas humanitárias e de paz, como o Live Aid para África ou a defesa da queda do Muro de Berlim. Algumas das suas canções têm um forte apelo à paz, com temas como “Don’t Drop That Bomb on Me” e, recentemente, “What If There Were No Sides At All” e “War Machine”, que escreveu para os Kiss. Faria sentido organizar um novo evento global, reunindo artistas de todo o mundo, pela paz?
BA: Falei com o [Bob] Geldof exatamente sobre isso no início da invasão de Gaza e não deu em nada. O problema é que a ideia está repleta de problemas porque o gaslighting [manipulação psicológica, distorção, omissão seletiva de factos, n.d.r.] dos media ocidentais é tão extremo que ninguém sabe em quem acreditar. Por isso, em vez disso, escrevi a canção “What If There Were No Sides At All”, porque escolher um lado é tão terrivelmente divisivo.
Para além da música, a fotografia é outra paixão em que se destaca. A maioria das suas fotografias são retratos de pessoas. Porquê mais retratos do que paisagens?
BA: Sou um fotógrafo de retratos, é a minha especialidade, não que não possa fazer paisagens, mas há qualquer coisa na ligação com as pessoas e, por vezes, só se consegue uma boa fotografia num dia, mas consegui-la é extremamente satisfatório.
Há alguma novidade a caminho que nos possa anunciar, em termos de fotografia?
BA: No que me diz respeito, vou lançar um novo livro no próximo ano chamado #shotbyadams e tenho várias exposições em todo o mundo. Mas quanto à fotografia em si, a IA (Inteligência Artificial] é o meio para o futuro, assim que descobrirem como fazê-la funcionar sem todos os problemas de violação de direitos de autor.
“[Na fotografia] a AI é o meio para o futuro, assim que descobrirem como fazê-la funcionar sem todos os problemas de violação de direitos de autor”
Musicalmente, que novos projetos ou trabalhos podem os fãs esperar para breve?
BA: Tenho alguns, este ano tenho o “Live in Lisbon” e o “Live At The Royal Albert Hall – 2024” e depois, no próximo ano, terei o meu novo álbum “Roll With The Punches”.
“No próximo ano, terei o meu novo álbum ‘Roll With The Punches’”
“Roll with the Punches 2025” é a nova digressão para o Reino Unido e Irlanda. Vai estender-se a outros países? Portugal?
BA: Sim, espero que sim, assim que terminarmos os EUA e o Canadá.
Durante a digressão “Room Service”, fez história ao atuar em Karachi, no Paquistão, tornando-se o primeiro artista ocidental a fazê-lo. Há algum país ou cidade onde ainda não tenha atuado mas gostaria de o fazer?
BA: Oh, sim, adoraria tocar na China e até no Irão, porque conheci muitas pessoas persas em todo o mundo que adoram a música, mas eu sei que não é possível atuar no Irão. Por alguma razão, eles não o permitem.
“Adoraria tocar na China e até no Irão”
“Live in Lisbon” foi lançado a 2 de dezembro de 2005. No próximo ano comemora-se o 20º aniversário do DVD. Ainda se lembra da energia desse concerto?
BA: Lembro-me e é por isso que a BAD RECORDS lançou esse espetáculo em vinil pela primeira vez este ano. Antes disso, ele só estava disponível em DVD.
Está a planear assinalar esse lançamento com um concerto em Portugal no próximo ano?
BA: Estou a planear assinalar esse lançamento com uma sessão de autógrafos na Fnac em Lisboa [no Colombo, sexta-feira, dia 22 de novembro, às 18,30h, n.d.r.] esta semana [na semana em que esteve em Portugal, n.d.r.]!
Há alguma área criativa que ainda gostasse de explorar, ou algum sonho por realizar?
BA: Seria bom fazer um dia uma longa-metragem que englobasse a música, não necessariamente um filme biográfico, mas algo que apresentasse as canções de uma forma artística.
Portugal ocupa um lugar especial no seu coração. Já o disse várias vezes. Há alguma canção que tenha criado inspirada em tudo o que viveu em Portugal?
BA: Eu era muito novo quando vivi em Portugal, mas a razão pela qual gosto tanto de Portugal é porque foi a altura mais feliz para a minha família, no momento em que partimos, tudo se desmoronou. Foi trágico, por isso, em muitos aspetos, esses foram os melhores dias da minha juventude.
“A razão pela qual gosto tanto de Portugal é porque foi a altura mais feliz para a minha família”
Num dos seus concertos em Portugal, mostrou fotografias suas em criança, dos locais que visitou. Está nos seus planos mudar-se para Portugal?
BA: Talvez um dia sim, posso imaginar isso. Já pensei nisso muitas vezes, mas a minha vida tem-me levado a muitos outros sítios no mundo. A vida é longa, vamos ver.
Tem algum projeto específico que gostasse de realizar em Portugal?
BA: Se estiver a sonhar? Uma bela pousada algures.
Que título gostaria que o artigo da Forbes Portugal tivesse, refletindo a sua relação com Portugal?
BA: “Eu poderia ter sido um fadista” haha (2)
(1) Após quase 6 meses preso, o ativista Paul Watson foi, finalmente, libertado a 17/12/2024. A Dinamarca recusou também o pedido de extradição que o Japão exigia para que Watson fosse julgado em solo nipónico. Paul Watson tinha sido preso pela polícia federal da Dinamarca, que tem soberania sobre a Gronelândia, em 21 de julho de 2024, após a reativação de um alerta vermelho da Interpol solicitado pelo Japão, nação que retomou a caça às baleias em 2019. O pedido de extradição baseava-se em incidentes ocorridos há mais de 14 anos.
(2) a entrevista original dada à Forbes Portugal foi escrita em inglês, mas esta frase foi escrita pelo próprio Bryan Adams em português
Original Bryan Adams interview to Forbes Portugal in english
Your career is marked by an incredible and constant creative energy. From new albums to photography projects, and now your record company, BAD RECORDS. Where does this continuous force and energy to produce and innovate over the years come from? Is there any secret or ritual that keeps that spark alive?
BA: Well lately I really trusted my gut and extracted myself from the system that has had me under contract since I was 18, and that in itself is super inspiring. As a result of that, I started my own label www.badrecords.com and I no longer have a manager. I’m free.
One of the things you’ve said recently is that it’s easy to write songs, but hard to write good ones. It’s amazing how many great songs you’ve created, but have you ever had periods of creative block, when you couldn’t produce? If so, how did you handle those moments?
BA: I’ve never had a creative block per se, but I’ve had moments where I needed to regroup my thoughts and create a new team when the one I was in was no longer functioning, much like what I was saying in your first question. These moments can be hard. By this I mean I’ve never thought of myself as the one to do it all, so I create a team that helps me to get to the next place. You can’t do it all yourself, you need the right team.
With so many projects and a career that demands so much, how do you balance your family life with your professional life?
BA: You have to create opportunities for family first and foremost, and plan everything around that. It’s a challenge once your children get swallowed up by the school system.
During the pandemic, while the world was on pause, you connected with fans on social media by playing songs from home with just your guitar. Do you think you might compile that unplugged material into an album?
BA: I don’t think so, those were just moments in time and probably best left like that. I don’t know if I even have those recordings anywhere, they were mostly live to Instagram.
You’re an artist of live performances. Have you noticed differences in how audiences react in concerts after the pandemic compared to before?
BA: it seems the same if I’m honest, except there are less masks in the audience. There may be more people coming out now, it feels that way.
Throughout your career, you have been deeply involved in humanitarian and environmental causes. Protecting the oceans, whales, animals, and forests are some of these causes. Are you optimistic about humanity’s ability to control climate change?
BA: hmmm, I’m not particularly optimistic about humanity to deal with anything to do with nature. Most recently the number one most proactive activist to protect whales in the world, Paul Watson was jailed in Iceland. He’s still in jail as of writing this and it’s been over 100 days. Where are the world leaders to help him? He’s Canadian, where is the Canadian Government to get him out? Why allow one of their citizens to be incarcerated for the protection of an endangered species? It’s absurd. I do believe there are some very dark forces trying to control the narrative out there.
“If you care about this planet, go vegan.” This is a lifestyle you’ve adopted and advocate for. What benefits do you feel this type of diet brings to you?
BA: that’s a two prong question but the reason I said that is because the meat industry significantly impacts global warming in a few ways: Greenhouse gas emissions from manure and fertilizers, deforestation to expand pastureland for livestock and then resource intensity, because meat production requires such extensive land and water resources compared to plant-based foods. Overall, the meat industry is responsible for approximately 11% to 20% of global greenhouse gas emissions.
You’re also an advocate for authors’ and musicians’ rights, noting that authors, artists, and composers are often pressured to sign away their rights to their publisher for life. All the realities that the internet brought, with streaming and platforms like Spotify, have further weakened creators in their struggle for copyright. In your case, are there any songs or albums where, due to studio practices, you don’t hold the rights?
BA: Many artists have had this problem from the Beatles to present day artists. I own my rights in most parts of the world and many rights are returning to me. But it’s been an absolute war and it costs a lot to hire lawyers who understand copyright law. So for a lot of artists they can’t even look at getting things back because of the prohibitive costs involved and the shrewdness of the way the industry is set up.
Recently, you founded your own record company BAD RECORDS to record old material. Was this your way of securing rights to your classics? In a conversation with The Daily Telegraph, you expressed regret for not doing this sooner.
BA: yes I wish I’d done it 25 years ago! But the idea of creating the label Bad Records started in 2013 and I did it back then, more or less for fun. But as my master recordings were returning to me, I needed to find a home for them. The big labels offered terrible percentage deals, so I set my label up properly, and it’s very exciting.
You’ve always been involved in humanitarian and peace causes as Live Aid for Africa or defending the fall of the Berlin Wall. Some of your songs carry a strong appeal for peace, with songs like “Don’t Drop That Bomb on Me” and recently “What If There Were No Sides At All,” and “War Machine,” which you wrote for Kiss. Would it make sense to organize a new global event, bringing together artists from all over the world, for peace?
BA: I spoke to Geldof about this exact thing at the beginning of the Gaza invasion, and it went nowhere. The problem is the idea is fraught with problems because gaslighting of the western media is so extreme, no one knows who to believe. So instead I wrote the song “What If There Were No Sides At All”, because choosing sides is so horribly divisive.
Beyond music, photography is another passion in which you’ve excelled. Most of your photos are portraits of people. Why more portraits than landscapes?
BA: I’m a portrait photographer, that’s my specialty, not that I couldn’t do landscapes, but there is something about connecting with people and sometimes you only get one good photo in the day, but getting it is extremely satisfying.
Is there anything new on the way that you can announce to us, in terms of photography?
BA: For myself, I’m releasing a new book next year called #shotbyadams and I have several exhibitions around the world, but as for photography itself, Ai is the medium for the future once they figure out how to make it work without all the copyright infringement problems.
Musically, what new projects or works can the fans look forward to soon?
BA: I have a few, this year I’ve got “Live in Lisbon” and “Live At The Royal Albert Hall -2024” and then next year I will have my new album “Roll With The Punches”.
“Roll with the Punches 2025” is the new tour for the UK and Ireland. Will it also extend to other countries? Portugal?
BA: yes I expect it will once we finish the USA and Canada.
During the “Room Service” tour, you made history by performing in Karachi, Pakistan, becoming the first Western artist to do so. Is there any country or city where you haven’t performed but would like to?
BA: oh yes, I’d love to play in China and even Iran, because I meet so many Persian people around the world who love the music, but i know it’s not possible to perform in Iran. They don’t allow it for some reason.
“Live in Lisbon” was released on December 2, 2005. Next year marks the 20th anniversary. Do you still remember the energy of that concert?
BA: I do and that is why Bad Records is releasing that show on vinyl for the first time this year. It was only ever available as a dvd before that.
Are you planning to mark that release with a concert in Portugal next year?
BA: I’m planning on marking that release with an instore signing at FNAC in Lisboa next week!
Is there any new creative area you’d still like to explore, or any dream yet to be fulfilled?
BA: it would be nice to make a feature film that encompassed the music one day, not a bio pic necessarily, but something that features the songs in an artistic way.
Portugal holds a special place in your heart. You’ve said it many times. Is there any song you’ve created that was inspired by all you experienced in Portugal?
BA: I was very young when I lived in Portugal, but the reason I love it so much is because it was the happiest time for my family, the moment we left, it fell apart. It was tragic, so in many ways, those were the best days of my youth.
In one of your concerts in Portugal, you showed photos of yourself as a child, of the places you visited. Is moving to Portugal in your plans?
BA: maybe one day yes I could imagine it. I have often thought about it, but my life has carried me to many other places in the world. Life is long, let’s see.
Do you have any specific project you’d like to accomplish in Portugal?
BA: if I’m dreaming? I nice posada somewhere.
What title would you like the article in Forbes Portugal to have, reflecting your relationship with Portugal?
BA: “Eu poderia ter sido um fadista” haha