O mundo está atualmente a enfrentar uma necessária transição energética, procurando cada vez mais fontes alternativas às reservas fósseis. O Brasil não foge a esta necessidade, sendo que a sua produção é já um mix de uma gama diversificada de fontes, que incluem as fontes térmicas, como o gás, o petróleo e o carvão, as fontes nucleares as fontes hidroelétricas e renováveis.
Segundo um research da multinacional de análise de dados de setor GlobalData, o “Brazil Power Market Outlook to 2035, a energia hidrelétrica – que acaba por ser também uma fonte renovável – é responsável pela maior parte da produção anual de energia naquele país. No entanto, a dependência excessiva da energia hidroelétrica tornou o Brasil vulnerável às secas.
As oportunidades no setor de energia do Brasil decorrem da abundância de recursos naturais para a produção energética bem como das políticas do governo, que incentivam seu desenvolvimento.
Para fazer face a esta barreira, o território sul americano tem vindo a desenvolver a sua capacidade de produção de outro tipo de energias renováveis. Em 2024, a energia renovável representava 36,7% da sua produção anual de eletricidade e a multinacional estima que esta quota aumente para 50,7% em 2035. O relatório revela ainda que a produção anual de energia renovável no Brasil deva aumentar a um ritmo anual de 5,9%, até 2035 para atingir então uma capacidade 523,2TWh.
O analista sénior de Energia da GlobalData, Attaurrahman Ojindaram Saibasan, comenta em comunicado que “as oportunidades no setor de energia do Brasil decorrem da abundância de recursos naturais para a produção energética bem como das políticas do governo, que incentivam seu desenvolvimento. Isso é especialmente importante no caso das tecnologias renováveis”. E acrescenta ainda que “o mercado de energia renovável se desenvolveu substancialmente no Brasil nos últimos anos. O sucesso do desenvolvimento das energias renováveis deveu-se principalmente à introdução do sistema de leilões do governo”.
Brasil aposta no rápido desenvolvimento das renováveis
Segundo a análise da companhia, o governo brasileiro está a apostar no rápido desenvolvimento do sector das energias renováveis, especialmente a energia eólica e a energia solar fotovoltaica. Vários projetos de energia eólica e solar fotovoltaica estão atualmente em construção no país. Este facto abriu um vasto leque de oportunidades para os fabricantes de equipamento locais e internacionais.
O mesmo analista acrescenta que se “espera que a liberalização total do mercado de energia elétrica traga uma infinidade de oportunidades, especialmente no segmento de energias renováveis. Atualmente, apenas os grandes consumidores, como fábricas, centros comerciais e grandes empresas, têm autonomia para escolher o seu fornecedor de eletricidade no âmbito do Ambiente de Contratação Livre (ACL).
“Os mercados liberalizados são muito atrativos para os investidores privados, tanto para as empresas de energia locais como as internacionais”, diz o analista sénior da GlobalData.
É esperado que até 2028 todos os consumidores de energia elétrica, incluindo pequenas empresas e residências, tenham a possibilidade de escolher seu fornecedor de energia. Atualmente, o mercado funciona em grande medida numa base de “tamanho único”. No entanto, após 2028, preveem-se desenvolvimentos significativos, nomeadamente no aparecimento de distribuidores de energia verde que oferecem exclusivamente eletricidade 100% renovável. Espera-se ainda que apareça contratos inteligentes com preços dinâmicos que variam em função da hora do dia, das condições meteorológicas e de outros fatores, um comércio de energia entre pares, permitindo que os indivíduos vendam aos seus vizinhos a energia excedente das instalações solares nos telhados. Além disso, o relatório aponta que surgirão modelos de energia como serviço, que eliminam a necessidade de os consumidores possuírem painéis solares ou baterias, permitindo-lhes subscrever serviços de energia.
“Os mercados liberalizados são muito atrativos para os investidores privados, tanto para as empresas de energia locais como as internacionais. Espera-se que isto impulsione o mercado das energias renováveis e aumente a sua quota na produção anual para mais de metade da produção total anual de energia em 2035”, remata Saibasan.